Literatura

Mostra Salvador Dalí chega ao Instituto Tomie Ohtake prometendo encantar os paulistanos

Salvador Dalí. Associated Press, Paris. Salvador Dalí ilustra El Quijote, 1956. © Salvador Dalí, Fundació Gala-Salvador Dalí, Figueres.

Mostra será inaugurada dia 18 de outubro e tem visitação programada até janeiro de 2015; entrada é gratuita

Uma das mostras mais espetaculares do ano está prestes a desembarcar no Instituto Tomie Ohtake e encantar os paulistas. Estamos falando da mostra que faz uma retrospectiva da obra de um dos maiores gênios dos últimos séculos, o ícone Salvador Dalí (1904-1989). O Instituo, que é o responsável pela mostra, apresenta na versão paulista (a mostra estava no Rio de Janeiro), alguma novidades: além dos trabalhos já apresentados no Rio de Janeiro, compõem a mostra paulista cinco novas obras provenientes da Fundação Gala-Salvador Dalí e outras duas do Museu Reina Sofia, instituições detentoras de 90% dos trabalhos expostos. As obras que foram incluídas substituem alguns dos trabalhos da coleção do Museu Salvador Dalí, da Flórida (EUA).

Novas obras
Dentre essas sete obras do mestre do surrealismo que estarão exclusivamente em cartaz no Instituto Tomie Ohtake está o valioso e pequeno óleo sobre madeira O espectro do sex-appeal (1934). Do tamanho de meia folha de papel, atribui-se à pequena pintura a forma como Dalí plasmou, de modo concreto, o temor pela sexualidade. Desnudo (1924), que pertenceu a Federico García Lorca, Homem com a cabeça cheia de nuvens (1936), de profunda carga simbólica, com referência explícita a René Magritte e O piano surrealista (1937), fruto de sua colaboração com os Irmãos Marx, estão também entre os trabalhos incluídos.

Curadoria
A retrospectiva de Dalí, com curadoria de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação Gala-Dalí, foi organizada para convidar o público a mergulhar por um universo onírico, simbólico e fantasioso. O conjunto de peças é formado por 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes, produzindo assim uma maravilhosa imersão ao mundo peculiar construído pelo artista.

Será possível ver as telas do período de sua formação como pintor – além de Desnudo, já citado, Retrato de meu pai e casa de Es Llaner, de 1920, Retrato de minha irmã, de 1925, e Autorretrato cubista, de 1926. Tais pinturas, além de marcarem o início da pesquisa de Dalí, também dão mostras de sua vasta e instigante produção de retratos, que, em suas diferentes interpretações e abordagens, acompanham a metamorfose de um trabalho marcado pelo questionamento sobre a realidade.

Fase surrealista
Já a fase surrealista, que deu fama mundial ao catalão, será retratada em telas que apresentam seu método paranóico-crítico de representação, com obras muito significativas como O Sentimento de Velocidade, (1931), Monumento imperial à mulher-menina (1929), Figura e drapeado em uma paisagem (1935) e Paisagem pagã média (1937).

Salvador Dalí. Autorretrato cubista, 1923. Museo Reina Sofía, Madrid. © Salvador Dalí, Fundació Gala-Salvador Dalí, Figueres.

Cinema
O público também poderá conferir a contribuição de Dalí para a sétima arte. Os filmes O cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930), codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel, e Quando fala o coração (1945), de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista, serão exibidos dentro do espaço expositivo, apresentando um pouco mais da diversidade e da linguagem adotada pelo artista. Além disso, duas mostras de cinema acontecem em paralelo à exposição: a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, que exibirá os filmes O cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930), em suas versões integrais, e o Museu da Imagem e do Som (MIS) organizará a mostra Surrealismo no Cinema, entre os dias 16 e 21 de dezembro (a programação poderá ser consultada pelo site www.mis-sp.org.br, mais próximo à data da mostra).

Arquivos de Dalí
O acervo apresenta documentos e livros da biblioteca particular de Dalí, provenientes do arquivo do Centro de Estudos Dalinianos, que dialogam com as pinturas proporcionando ao visitante uma viagem biográfica e artística pela carreira do pintor. É o caso dos títulos Imaculada Conceição (1930), de André Breton e Paul Eluard, e Onan (1934), de Georges Hugnet. As raridades tiveram seus frontispícios assinados por Salvador Dalí e retratam as bases do surrealismo na literatura.

O conjunto conta ainda com as ilustrações feitas para os clássicos da literatura mundial, como Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Merecem destaque os desenhos que ilustram o livro Cantos de Maldoror (1869), de Isidore Lucien Ducasse (mais conhecido como Conde de Lautréamont), autor de grande referência entre os jovens surrealistas.

Deu para perceber o quão genial será a mostra que apresenta ao público brasileiro as obras de um dos maiores gênios da arte nos últimos séculos. Absolutamente imperdível, um programa para ir ao menos uma vez ao mês, e levar sempre a família, para adentrar bem acompanhado neste universo surrealista e fascinante de Salvador Dalí.

SERVIÇO Exposição Salvador Dalí Inauguração: dia 18 de outubro de 2014, das 11h às 15h Visitação: 19 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015 De terça a domingo, das 11h às 20h Livre – Entrada gratuita por sistema de senhas: distribuição das 10h às 18h (terça a domingo) na entrada do Instituto Tomie Ohtake; no máximo duas senhas por pessoa, com opção a três horários de visitação, 11h, 14h e 17h, e somente para o dia em que forem retiradas; última entrada, às 18h. Instituto Tomie Ohtake – Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros SP

Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Shares: