Música

Crítica The Voice Brasil: nova temporada chega e Claudia Leitte comanda

Técnicos do The Voice

Nova temporada do reality musical começa e a cantora baiana se destaca, seja pelos erros, seja pelos acertos

Na última quinta-feira a Rede Globo exibiu o primeiro episódio da mais nova temporada do reality musical The Voice Brasil; sem grandes alterações, afinal de contas, a temporada anterior foi um sucesso de público e consequentemente de publicidade. As mudanças foram pontuais: a entrada da atriz Fernanda Souza como repórter (na verdade ela é uma espécie de faz tudo) e algumas mudanças na regra, mas que, conhecendo bem o diretor do programa (Boninho), pode mudar novamente a qualquer momento.

Com uma estrutura semelhante a da temporada passada, resta-nos então analisar o tripé que sustenta o programa global, composto pelo apresentador Tiago Leifert, os técnicos (Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Lulu Santos e Daniel) e os cantores.

Leifert
Tiago, tal como o apresentador do The Voice americano, Carson Daly, tem uma função de mero mediador, com pitacos aqui e ali, mas nada que chame muito a atenção. Fica ainda o sentimento de que lhe falta um pouco mais de carisma para lidar com um programa recheado de momentos emocionantes, mas não chega a ser um problema. Seria interessante vê-lo um dia se desgarrando mais da veia jornalística e abraçando a ideia de ser mais cúmplice dos cantores, de ser alguém que realmente se importa com o que vai acontecer com cada um deles.

Coaches
Chegamos então aos famosos técnicos, e é exatamente aqui que reside o calcanhar de Aquiles do programa. Quando a versão brasileira foi anunciada, e a Rede Globo divulgou a lista de técnicos (coaches), todos, sem exceção, inundaram as redes sociais com profundas críticas, principalmente com a escolha da cantora Claudia Leitte, provavelmente por ela pertencer ao gênero musical mais inconsistente ali representado (o axé music).

Técnicos do The Voice Brasil

Pois bem, três temporadas depois e podemos afirmar tranquilamente que a baiana é a única da bancada de técnicos que de fato estudou a ideia por trás do programa. Sua participação é a única que consegue entreter o público e que de fato vale a pena comentar. E se antes ela era destaque somente pelos erros e gafes, na maioria relacionadas a figurinos e outras bobagens, agora – ao menos se tomarmos o episódio de estreia como parâmetro – ela se destaca também por oferecer os melhores argumentos e feedbacks aos cantores.

Claudia Leitte é belíssima, isso é inegável. É a única artista que de fato representa a música – e a cultura – pop; ela fala muitas bobagens, isso é correto, por vezes se exibe em excesso, sempre dá o que falar com seus figurinos, é provavelmente a mais popular entre os coaches nas redes sociais e, além de todos este fatores, oferece também os melhores argumentos e feedbacks aos cantores, sendo inclusive a atual campeã do reality. Com constatações como estas fica fácil definir quem vem carregando o programa nas costas até então.

Lulu Santos, Carlinhos Brown e Daniel, mesmo possuindo carreiras mais consistentes que a da baiana, não conseguem transpor para as telas os talentos que fazem deles grandes nomes de nossa música. E isso acontece pelo simples fato de ainda não entenderem que o The Voice Brasil é um show de entretenimento e que a participação dos técnicos é tão ou mais importante que a dos cantores. Todas as versões do reality (Estados Unidos, Reino Unido, Austrália…) são produzidas com esta ideia em mente. Porém, na versão brasileira ainda há muitos resquícios de um simples show de calouros, onde os jurados ficam sentados e o programa fica dependente dos cantores. Claudia Leitte vem sendo até aqui a única que entende o funcionamento desta engrenagem que sustenta o programa de entretenimento global.

Cantores
O primeiro episódio da terceira temporada foi bem promissor em termos de audições. Algumas apresentações empolgaram bastante, como a de Gabriel Silva (numa vibe power rock pop) cantando Hoochie Coochie Man, de Muddy Waters e a de Nise Palhares, que incendiou o palco com uma versão poderosa de Pagu, da Rita Lee. É perceptível também que canções internacionais serão figurinhas cada vez mais constantes no programa. Tivemos no episódio da última quinta-feira muitas apresentações gringas, incluindo ai a fofa versão de The Scientist (Coldplay) pela cantora Priscila Benner. Versão bem parecida foi cantada na quinta temporada do The Voice americano pela cantora Holly Henry (chegou a viralizar no Youtube) mas vamos relevar por enquanto. Tivemos também uma interessante versão de Adele (Set Fire to the Rain) que não virou cadeira alguma. Injusto, pois apesar dos reality já estarem saturados de canções da cantora, a apresentação de Teffy merecia mais sorte.

Elenco completo do The Voice Brasil

Também tivemos canções de Michael Jackson e Amy Winehouse, mas quem roubou a cena entre os cantores, se transformando já em uma das principais protagonistas da temporada, foi a Drag Queen Deena Love. Sua história (o The Voice vive de histórias) e sobretudo sua apresentação, cantando Calling You, de Jeveta Steele, foram bem emocionantes e inclusive fizeram os técnicos chorarem. Mesmo com potencial técnico passível de melhoras, Deena Love fez de sua voz uma poderosa arma para emocionar o público. Suas chances de chegar longe no reality são grandes, e, mesmo com o programa ainda começando, já podemos vê-la cantando na final.

O The Voice retornou. Com audiência menor que a da estreia passada (21 contra 24 pontos) mas com tremenda repercussão nas redes sociais. A temporada é bastante promissora, principalmente pela qualidade dos cantores, mas não podemos negar que houve uma evolução na edição, na apresentação e em toda a estrutura que cerca o programa. Os técnicos, mesmo com seus altos e baixos, estão bem mais entrosados que nas temporadas passadas e isso traz ainda mais esperança para os espectadores.

Agora só nos resta acompanhar os próximos episódios e ver se de fato as coisas melhoraram.

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