Crítica

Crítica: Temperatura Máxima (1/9) exibe Caça-Fantamas. Vale a pena?

Caça-Fantasmas 2016

“Melissa McCarthy, parceira habitual dos projetos de Paul Feig, também traz bons momentos com sua Abby Yates”

A sessão Temperatura Máxima deste domingo, dia primeiro de setembro, vai exibir um dos filmes mais comentados destes últimos anos em termos de remake. Caça-Fantasmas, agora numa versão feminina, estreou nos cinemas com um objetivo dos mais difíceis: fazer os fãs do clássico esquecerem tudo que antes viram e entrarem de coração aberto nos cinemas para ver esta nova versão. Valeu a pena?

O filme começa logo após a nova Escolinha do Professor Raimundo.

Crítica Caça-Fantamas

Sentir-se nostálgico em certos momentos de Caça-Fantamas, versão século XXI das aventuras estreladas por Bill Murray, Dan Aykroyd, Harold Ramis e Ernie Hudson nos anos 1980, foi inevitável. As aparições surpresa dos quatro integrantes da equipe original, de fato, causou certos risos de saudade (sim, conseguiram arrumar uma sutil maneira de colocar o falecido Ramis entre as aparições do filme – e não como um fantasma, friso).

No entanto, deve-se tomar cuidado para não confundir tal sentimento com um atestado de qualidade do filme dirigido por Paul Feig. Aqui, muito do carisma de Peter Venkman, Raymond Stantz, Egon Spengler e Winston Zeddmore, os caçadores originais, não se encontra nas suas versões femininas.

Claro, seria pedir demais que a ironia do Venkman de Bill Murray pudesse ser trazida à tona em alguma das fracas comediantes que compõem a nova equipe. Porém, apesar de errar ao tentar inserir uma versão “cientista tresloucada” na postura às vezes irritante de Kate McKinnon, que não funciona com seu mode “tô nem aí” e nos seus trejeitos oriundos do Saturday Night Live, ou na atrapalhada Erin Gilbert de Kristen Wiig, podemos encontrar pelo menos uma personagem realmente engraçada na presença de Leslie Jones que, oriunda do mesmo SNL, consegue se sair melhor com sua Patty Tolan.

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Melissa McCarthy, parceira habitual dos projetos de Paul Feig, também traz bons momentos com sua Abby Yates, uma vez que, ao menos dessa vez, o diretor foge do esperado clichê e inova ao não usar sua presença física da atriz como meio de piada, como o fez em Missão Madrinha de Casamento e em A Espiã que Sabia de Menos, seus trabalhos anteriores com ela.

Repleto de aparições e referências aos originais, como as falas do recepcionista bobalhão Kevin, vivido por um Chris Hemsworth claramente se divertindo muito no papel, lembrando a fala clássica de Dan Aykroyd ao perguntar “Escute, você ta sentindo esse cheiro?” ou quando Annie Potts, que viveu a recepcionista sem paciência do grupo, reaparece com a mesma intolerância e fala padrão (“O que você quer??”),  a nova versão ganha pontos ao investir justamente nesse saudosismo, mas se vê enfraquecida por não caminhar com as próprias pernas e não conseguir construir o mesmo carisma que a história original possuía.

Assim, resta a essa nova versão se basear no espetáculo visual para conseguir captar a atenção do espectador. E, neste aspecto, o filme se sai muito bem. Principalmente, claro, nas aparições fantasmagóricas, como a de um pássaro jurássico durante um show de metal (com uma hilária presença do Ozzy) ou em seu desfecho, quando Nova York, obviamente, é invadida por diversos fantasmas arruaceiros.

Na presença de uma nova versão do monstro de marshmallow, dessa vez na forma de um balão inflável, mais uma eficiente referência às obras anteriores. Outro ponto é o ótimo trabalho na criação do fantasma do logotipo em sua incrivelmente real aparição. A sua “textura” de pano realmente impressiona o espectador.

Tais atributos visuais, uma pena, apenas ratificam a fragilidade do roteiro e a falta de carisma dos personagens desse novo Caça-Fantasmas, uma vez que, ao precisar nos lembrar tanto que houve dois filmes anteriores e que ambos foram bem eficientes no humor ácido de seus protagonistas, o novo longa acaba servindo apenas como, apesar dos ocasionais risos aqui e ali, uma fraca homenagem.

Mais sorte no próximo exemplar.

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