Literatura

Educação: a Biblioteca Pública dos Barris é uma vergonha!

Biblioteca Publica do Estado da Bahia

“Há tempos a biblioteca vem sendo administrada por um grupo de funcionários públicos totalmente incompetentes, arrogantes e aparentemente sem nenhum vínculo com o trato com livros e pessoas.”

Por Elenilson Nascimento

No último dia 09/03, assisti uma entrevista com a senhora Ivana “alguma coisa”, diretora da Biblioteca Pública dos Barris, na TVE (Irdeb), listando o quanto a biblioteca pública de Salvador é fundamental para a vida dos soteropolitanos. Contudo, para garantir o seu cargo ou não, as falas da tal senhora não condiz com a realidade.

Infelizmente, o atual estado de putrefação que se encontra a Biblioteca Pública dos Barris, outrora ninho da cultura de Salvador, é bem conhecido pelos seus poucos frequentadores. Um espaço que nada tem de atração para quem busca conhecimento (seja para estudar para concursos públicos ou simplesmente para descobertas de autores), um espaço onde funcionários parecem ter sido jogados ali para adestrar porcos, um espaço sem critérios de importância, deveria ser revisto as suas prioridades.

Há tempos a biblioteca vem sendo administrada por um grupo de funcionários públicos totalmente incompetentes, arrogantes e aparentemente sem nenhum vínculo com o trato com livros e pessoas. O ambiente carece de tudo, desde jornais e revistas para leituras nos respectivos setores, livros para suprir a carência no acervo, Wi-Fi na única sala de estudos em todo aquele imenso complexo, papéis higiênicos nos banheiros e até, acreditem, pessoas mais qualificadas ou simplesmente que saibam abrir as bocas sem ofender os outros.

A situação é tão alarmante que nem mesmo os funcionários sabem informar quais obras ainda permanecem no acervo, visto que o controle feito pelo CPD parece ter sido feito por alunos do ensino fundamental. Você pode até encontrar um título pelo sistema da biblioteca, mas chegando no setor de empréstimos raramente encontra a obra – mesmo que você tenha pego aquele título anteriormente. E, o pior, muitas pessoas que trabalham na biblioteca não sabem a diferença de um Nelson Rodrigues para um Fábio de Mello. Lastimável!

Existe uma sala de estudos onde os usuários são obrigados a rezar para conseguir uma mesa ou uma tomada de energia para ligar computadores. Atualmente as pessoas dividem uma única tomada para ligar 4 ou cinco notebooks aos mesmo tempo, o que pode acarretar um curto circuito e/ou alguém ainda perder o equipamento. Mas os funcionários não tomam nenhuma atitude quanto a isso! E se alguém for reclamar é melhor tomar cuidado para não ser ofendido, esfaqueado ou levar um tapa na cara…

Eu, como autor independente, já doei alguns exemplares dos meus livros e de outros autores para o acervo da biblioteca, e o que aconteceu? Todos os livros desapareceram! E a justificativa dada pela direção: os livros provavelmente foram enviados para outras bibliotecas, mas os funcionários não sabem exemplificar para onde ou quando!

Como eu utilizava o espaço (*não vou usá-lo mais, pois é humilhante frequentar esta biblioteca) para tentar terminar um TCC de um mestrado de lugar algum, e rezando para que a internet funcionasse, no último dia 15/02, adentrei a uma sala que eles só agora estipularam ser para leitores de revistas, onde fui informado que não mais poderia ficar no espaço, mesmo que a sala de estudo estivesse pior do que a fila do SUS. Pedi para falar com a responsável que – pela primeira vez nesta encarnação, me atendeu de forma bastante educada “para os padrões de educação de funcionários públicos do Estado” – ouvindo os meus argumentos e me deixando ficar no local. Como funcionários naquele lugar trabalham por turnos, a segunda funcionária ao me ver no local, totalmente descompensada, tentou me expulsar a base dos gritos, o que fez que outros usuários tomassem partido.

Funcionários da Biblioteca Pública dos Barris normalmente não atendem bem os usuários, não gostam de informar nada, detestam levantar-se de suas poltronas seculares e sempre respondem com grosserias. Se alguém quiser alguma informação deve procurar algum funcionário do Reda, caso contrário vai continuar sem informação. Ninguém quer sair de casa para ser mal tratado por um bando de deslumbrados e incompetentes que estão ali ocupando espaço, ao invés de prestar um bom serviço, mesmo que o Estado não esteja cumprindo com o seu papel.

Em suma, alguém tem que tomar alguma providência para não perdermos mais um espaço que deveria valorizar as pessoas e exaltar a inteligência. Mas as “antas domesticadas” preferem que a Biblioteca Pública dos Barris continue sendo um imenso elefante branco, um local sem nenhum atrativo, que trata usuários como se estivesse tratando com porcos. Segue o meu protesto e que algo seja reverberado, afinal, tentar viver de literatura num país como o Brasil é um preço alto demais para quem não quer viver às margens da ignorância desta província. Ou não tem o poder de uma bunda de uma Claudia Leitte para conseguir patrocínio.

P.S. Para comprovarem a veracidade da minha denúncia é só aparecerem na biblioteca qualquer dia na semana pela tarde e ouvir alguns usuários na sala de estudos, já que o resto da biblioteca é um cemitério. Quanto a mim, jamais voltaria a um lugar onde você é destratado por antas domésticas travestidas de funcionários públicos. Frequentar a Biblioteca dos Barris é uma humilhação, contudo, mas humilhante seria continuar calado.

#LiteraturaClandestina #TVE #Educação

Elenilson Nascimento – dentre outras coisas – é escritor, colaborador do Cabine Cultural e possui a página Literatura Clandestina

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