O Homem Ao Lado, de M. Cohn e G. Duprat
Mês de abril o projeto Cinema no Palacete volta com tudo e o tema da vez é CINEMA E ARQUITETURA. Confira agora a programação completa desta edição e logo depois uma entrevista com seu idealizador, Raimundo Chagas. Nela, conversamos um pouco sobre esta edição do evento e sobre os filmes selecionados. Bate papo muito bacana.
O Projeto Cinema no Palacete acontece no Palacete das Artes, no Bairro da Graça, em Salvador. Os filmes serão apresentados sempre às 17 horas e a entrada é gratuíta.
Dia 03 de abril: Metrópolis, de Fritz Lang. Alemanha, 1926
Dia 05 de abril: Vontade Indômita, de King Vidor. EUA, 1948
Dia 10 de abril: Lar, Meu Tormento, de H. C. Potter. EUA, 1948
Dia 12 de abril: A Barriga Do Arquiteto, de Peter Greenaway. Inglaterra, 1987
Dia 17 de abril: Meu Tio, de Jacques Tati. França, 1958
Dia 19 de abril: A Arquitetura Da Destruição, de Peter Cohen. Suécia, 1992
Dia 24 de abril: O Homem Ao Lado, de M. Cohn e G. Duprat. Argentina, 2009
Dia 26 de abril: O Nono Mandamento, de Richard Quine. EUA, 1960
Dia 30 de abril: Playtime, de Jacques Tati. França, 1967
Entrevista
Fernando Pereira – Queria começar falando um pouco desta edição de abril do projeto Cinema no Palacete, focado no tema Cinema e Arquitetura. Como surgiu este tema na elaboração da programação?
Raimundo Chagas – Desde que visitei a Cinemateca Portuguesa em Lisboa no ano de 2003 e vi uma publicação de luxo sobre uma grande mostra com este tema, fiquei fascinado porque estudei arquitetura e urbanismo e deixei tudo isso após a conclusão, para me dedicar ao cinema educativo e a televisão. Aquele cruzamento tinha tudo a ver comigo. Resolvi fazer um mestrado sobre o assunto e desde então tenho muito material. Com a minha vinda para o Palacete das Artes, resolvi incluir uma programação com este tema.
Metrópolis, de Fritz Lang
FP – Falando um pouco da seleção dos filmes, qual foi o critério? Teremos nesta edição desde um documentário sueco, passando pelo cinema expressionista alemão, o cinema francês, chegando ao drama americano…
RC – A princípio, resolvi colocar os filmes mais evidentes onde a arquitetura assume um papel de destaque ou mesmo o arquiteto sendo o mocinho da fita e procurei também seguir uma linha cronológica com filmes de todos os tempos e gêneros distintos, incluindo um documentário.
FP – Filmes como Vontade Indômita e A Barriga do Arquiteto possuem arquitetos como personagens centrais. Já em Metrópolis, por exemplo, a arquitetura é usada como objeto para reflexão do espectador. No geral, você acha que o cinema soube se apropriar bem deste tema ao longo da história?
RC – A arquitetura está presente em quase todos os filmes, a não ser naqueles em que a estória se passa na natureza selvagem, ou no fundo do mar. Então de alguma forma a arquitetura demonstra ou diz muito a respeito do lugar ou dos personagens do filme. Quando o diretor de arte ou o cenógrafo escolhe a casa ou o apartamento de algum personagem, ele deve pensar muito a respeito da classe social, época, gostos, personalidade do indivíduo, etc… Quanto a isso, por exemplo, até os anos 1940, a arquitetura modernista estava associada a personagens artistas, boêmios, gangsteres, nunca a pessoas “normais”…
FP – Arquitetura da Destruição é um poderoso documentário que traz mais uma vez o nazismo como temática central de um filme. De que forma ele se insere no tema desta edição do projeto?
RC – No documentário em questão, fala-se muito e são mostrados os grandes projetos arquitetônicos de efeitos cenográficos do 3º Reich feitos pelo arquiteto de Hitler, Albert Speer. O próprio título do documentário já faz alusão à arquitetura.
Arquitetura Da Destruição, de Peter Cohen
FP – Dois dos filmes da programação são de Jacques Tati. Em Playtime, por exemplo, ele constrói uma crítica interessante sobre a Paris moderna, trazendo a arquitetura para auxiliá-lo na reflexão. Você considera-o como o cineasta que melhor trouxe o tema ao cinema?
RC – Os filmes de Tati, sobretudo MEU TIO e PLAYTIME, fazem uma crítica bem humorada da modernidade através da arquitetura modernista e das intervenções urbanísticas em Paris, mas que se aplica a muitos casos. Viraram filmes obrigatórios em mostras deste tipo. Já são clássicos. Pena que na época do seu lançamento, PLAYTIME foi um fracasso e todo o dinheiro que Tati investiu na construção dos grandes cenários do filme – a chamada Tativille – não teve o retorno esperado e o levou a falência. Tempos depois o filme foi aclamado pela crítica e virou um sucesso. Falar de PLAYTIME já daria um grande artigo. Assim como MEU TIO virou um livro escrito por uma cearense, que analisa minuciosamente os detalhes do filme e do diretor.
FP – Por fim, queria que você convidasse o público ao evento e falasse o que eles podem esperar desta edição do projeto Cinema no Palacete.
RC – Embora já feito juntamente com uma colega de mestrado, uma mostra muito mais ampla na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFBA, será uma oportunidade para estudantes de arte, de arquitetura e cinema, poder ver estes filmes de uma forma diferente e para alguns, filmes que nunca tiveram acesso antes. Por exemplo, VONTADE INDÔMITA não existe em DVD no Brasil. A cópia que será exibida tem legendas eletrônicas feitas para esta exibição, portanto uma oportunidade ímpar. Programação Imperdível e com entrada gratuita. Querem mais?????? Presentão!