Lore, de Cate Shortland
Filme selecionado para a Mostra Panorâmica do Cinema Mundial do Festival do Rio 2012 e ganhador de Premio do Festival de Locarno 2012. Segundo longa da diretora Cate Shortland (produção Reino Unido /Austrália/Alemanha), o drama passado no período pós Segunda Guerra Mundial, Lore consegue nos oferecer uma lente nova sobre os sobreviventes da guerra e o nazismo.
Passado em 1945, final da Segunda Guerra Mundial, quando o Terceiro Reich perde o poder e os aliados ocupam a Alemanha. A família da jovem Lore (Saskia Rosendahl) se desintegra, pois seu pai (Hans-Jochen Wagner), um oficial nazista, é obrigado a fugir com sua esposa (Ursina Lardi), deixando com Lore a incumbência de levar seus quatro irmãos, inclusive um ainda bebê, para Hamburgo, onde mora sua avó.
Nesta aventura sinistra pela Floresta Negra, como Lore assim chama, com muitos infortúnios, dificuldades e privações, Lore terá que enfrentar para defender a si própria e seus irmãos, que estão sob sua proteção. Nesta difícil e triste jornada, Lore conhece Thomas (Kai Malina), um judeu que muito a ajudará a enfrentar seus ¨inimigos¨. Inclusive o próprio Thomas, por ser judeu, torna-se um alvo para Lore, que nutrirá por ele um sentimento dúbio, um misto de asco e gratidão, de descrédito e ter que confiar a qualquer custo.
Lore, uma jovenzinha alemã que se vê obrigada a sair do seu lar, sinônimo de segurança, para conhecer o outro lado de uma história tão cruel. Lore, que foi ensinada a nutrir um sentimento de idolatria e lealdade pelo seu Furher, é obrigada pelas novas circunstâncias a conhecer um outro mundo, invadido pelos horrores da Guerra e pela desumanidade, pela fome e pelo desespero.
Um filme sensível e intenso, triste, mostrando que nesta guerra infame, as vítimas vieram de todos os lados do mundo.
Com roteiro e direção impecável, fotografia ímpar, com poucos diálogos, câmera em vários momentos no rosto dos atores, principalmente da personagem Lore, que tem uma ótima interpretação da jovem atriz Saskia Rosendahl.
A personagem Lore, uma jovem alheia aos acontecimentos da Guerra, que pelos ensinamentos de seus pais aprendeu a odiar os judeus, vai ser testada sobre o que aprendeu, e a discernir o certo do errado por uma nova ótica. É como se Lore com esta terrível vivência, perdesse a sua inocência e enxergasse o mundo real desta época tão terrível e triste.
Filme doloroso e triste, em que o espectador pena junto com os acontecimentos que assiste, em cenários e fotografia ímpar, onde a diretora consegue permear momentos de emoção junto a natureza, nas florestas da Alemanha, com a situação terrível dos sobreviventes da Segunda Guerra Mundial, inclusive os alemães.
O filme nos permite repensar o mal que a Segunda Guerra Mundial causou nas pessoas, nas famílias que tiveram o dissabor de presenciar e vivenciar, ate as últimas consequências, este lado sombrio e brutal da história que tanto nos envergonha.