Crítica

Crítica The Voice Brasil 4ª temporada: primeiros episódios e um caso quase perdido

Leo Chaves

Quarta temporada vem até aqui mostrando os mesmos erros de anos atrás, e nem a adição de Michel Teló resolveu os problemas

Por Luis Fernando Pereira

Assim que o terceiro programa da atual temporada do The Voice Brasil acabou, nos veio a constatação mais que evidente: o principal reality musical brasileiro aparenta ser bem produzido, mas na verdade nada mais é que uma bagunça sem tamanho, sem lógica alguma e com um planejamento digno de uma emissora amadora. Produção, edição, montagem e jurados… nada funciona bem.

Só que logo depois vem o arrependimento de só pensar no que não presta no programa, e ai buscamos ver o lado positivo, onde temos novamente os candidatos, que são talentosos, muitos deles profissionais com experiência, para falar a verdade, mas isso nunca foi contra as regras do programa.

Candidatos bons, jurados ruins, produção péssima. Quando colocamos tudo isto no liquidificador, o resultado é uma temporada morna, que não diverte quem gosta do reality, mas até empolga quem gosta somente de ouvir boa música.

Segundo episódio
O segundo episódio começou corrigindo um erro do primeiro, que foi mostrar a primeira candidata sem contextualizar a sua história. Mesmo sendo ainda um dos maiores problemas do reality, que não sabe contar a história de seus candidatos, foi melhor que da primeira vez. A candidata, a mineira Thaís Moreira, cantou Masterpiece e virou as quatro cadeiras. Logo depois Lulu Santos se levanta e os quatro jurados começam a dançar vergonhosamente. Deveriam proibir esta prática, pois acaba tirando o foco do que realmente importa, que é a apresentação do candidato. Fora que é constrangedor demais.

Outro constrangimento contínuo são as intervenções de Carlinhos Brown, sempre vergonhosas. E para terminar a série de constrangimentos, vê-los jogar capoeira é o cúmulo da vergonha alheia na temporada. Talvez só perca para os argumentos que os jurados usam para ganhar os candidatos.

Pronto. Terminada a seção ‘Garota Enxaqueca’, voltemos a falar dos pontos positivos do programa.

A candidata Tabatha Fher fez uma versão bem linda de Marina, clássico da música brasileira. Quando o programa tem como único foco a apresentação musical, ele ganha bastante em qualidade. Tabatha escolheu entrar para o time de Claudia Leitte, decisão mais que acertada.

A candidata Franciele Karen faz parte daquele grupo bem interessante de ser visto: os que já foram reprovados em edições passadas. No caso dela, Michel Teló, que não estava na bancada na época, virou a cadeira e foi escolhida por ela. O ponto negativo, para variar, foi a total falta de memória dos candidatos, que nem sequer lembraram que ela havia participado de uma edição anterior. Claudia Leitte tentou minimizar, mas cá entre nós, ela também não se lembrava da candidata.

O episódio oscilou entre boas e mornas apresentações, e fica o destaque para Carlinhos Brown, que deu oportunidade para dois cantores no último segundo, e a reação deles ao saber que foram escolhidos foi bonita demais.

Adna Souza

Outro destaque foi o soteropolitano Del Feliz, que, mesmo já tendo tocado com os maiores nomes da música brasileira, e gravado dezenas de álbuns, estava lá, competindo pelo titulo de The Voice. Muito se discute se isso é interessante, para o programa e para o cantor. O fato é que está na gênese do The Voice, então não há nada de ilegal ou errado.

Terceiro episódio
A terceira noite começou bem melhor que as edições anteriores, mostrando que a tendência do programa é ficar um pouco melhor daqui para frente. Dani Suzuki teve algum destaque, e se saiu bem, deveria colocá-la por mais vezes.

Os destaques foram os candidatos Leo Chaves, de Taubaté e também o mini Justin Bieber (Cassiano, de 20 anos), esse não virou cadeira alguma. É interessante perceber o feedback dos jurados neste momento (e em todo o programa). Eles só falam da entonação, a palavra mais dita entre eles para dizer se o candidato é bom ou não tão bom.

Outra boa candidata foi Camilla Leonel, que cantou uma versão bem bacana de Pensando em você, de Moska. Com boa orientação, ela pode ir longe, pois é bela, talentosa e carismática.

Tivemos também o momento mais marcante até aqui, que foi a apresentação de Adna Souza, que nos últimos segundos acabou virando as quatro cadeiras e teve em Claudia Leitte a reação mais curiosa do programa. Ela achou que era um homem. Muitos acharam, bem da verdade. Adna escolheu Michel Teló, que deve ter ficado com as melhores vozes destes últimos programas, mesmo que a gente saiba que no The Voice Brasil isso não significa absolutamente nada, até porque eles não estão nem ai.

O The Voice volta nesta quinta-feira, 22 de outubro, para mais um programa de Audições às cegas, e ficamos na esperança que as coisas melhorem.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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