5 livros para ler na quarentena
Literatura: 5 livros para ter sempre na cabeceira da cama nessa quarentena + 1 bomba!
Por Elenilson Nascimento
Nossas bibliotecas são os lugares onde guardamos nossos maiores tesouros. Elas falam muito sobre seus donos: reúnem nossos livros favoritos e aqueles que compramos, herdamos ou ganhamos de presente de pessoas queridas. Mas a gente sabe também que leitor nenhum é igual, tem gente que gosta de biografia e gente que prefere ler uma história inventada. Pensando nisso, indico minhas cinco últimas leituras recentesde ficção, não-ficção, autoajuda e infantojuvenil, além de uma bomba que você deve com toda certeza evitar. Tem livro pra todo tipo de leitor e, independente de qual é o seu, com certeza você conhece ou já ouviu falar de muitas indicações que estão aqui – mas se não conhece pode ficar tranquilo, vai ficar por dentro de tudo agora! E se um espacinho da sua biblioteca fosse reservado a uma nova surpresa por mês? Construa a sua biblioteca!
1 – “A Felicidade das Pequenas Coisas”, de Anselm Grün, é um livro bem leve, com algumas citações ora propensas ao religioso (mas aqui relato que não explora uma religião em específico, mas passagens bíblicas que nos revelam a importância da alegria) ora de cunho mais pessoal, mais filosófico. É como se o autor estivesse nos dando a sua fórmula para enxergar a vida com mais leveza e alegria. Grün é um autor que aborda com toda clareza, sutileza e didática, que lhe são característicos, a forma como a felicidade deve ser encarada como uma realização pessoal. Na sua obra, voltada para o público geral, o monge aborda como a espiritualidade pode andar aliada ao sucesso. Dedicar-se com afinco ao seu trabalho, sem esquecer-se das demais prioridades da vida, entender sua profissão como um dom divino, aprender, através da Palavra e das Regras beneditinas, como encarar as adversidades do mercado de trabalho, são alguns dos desafios que serão propostos e solucionados por Grün em sua fala.
2 – Já faz nove anos que Amy Winehouse se tornou membro do “Clube dos 27”, formado por artistas que morreram aos 27 anos. Mas no pouco tempo em que esteve entre nós, a cantora inglesa conseguiu se transformar em ícone e é lembrada até hoje por seus admiradores como um dos maiores nomes do showbiz nas últimas décadas. Com um repertório repleto de hits memoráveis, Amy viveu para os palcos e também morreu por causa da pressão que sofria para sempre ser destaque neles. Já havia lido outra biografia de Amy que nem de longe era tão emocionante quanto esta. Um ano após a morte da cantora, em julho de 2011, o pai de Amy, Mitch Winehouse, resolveu lançar esse livro contando sua história com a filha. “Amy, Minha Filha” é um livro emocionante, sem ser piegas. Mitch começa contando desde a infância de Amy até sua morte. O que impressiona no livro é que ele é um relato de sobrevivência ao mundo de drogas, sexo e álcool. Algumas biografias são relatos de mães – como a da Britney Spears – que apelam para um protecionismo que beira o ridículo. Mas isso não ocorre com o pai de Amy, ele não a defende, ele não defende a si mesmo, ele conta todo o sofrimento que passou com ela por causa da dependência, das crises de abstinência e do relacionamento dela com o destrutivo Blake Civil, o que faz qualquer um (seja fã ou não) ficar preso do conteúdo.
“Amy, Minha Filha” é uma biografia diferente, afinal de contas foi escrita por Mitch Winehouse, pai de Amy.
3 – Como ando isolado na quarentena e continuo curioso sobre o estudo a respeito do Espiritismo, acho importante citar um livro sobre o seu fundador. Acredito que a história da pessoa que defende um ideal diz muito a respeito da sua obra. A partir do relato da sua vida, tenho, portanto, a percepção do seu legado. Em “Kardec: A Biografia“, de Marcel de Souto Maior, o autor trata de uma parte específica da vida de Hippolyte Léon Denizard Rivail, o conhecido Allan Kardec. O livro relata o período que vai do início das investigações do então cético professor sobre as “mesas girantes”, fenômenos atribuídos à comunicação com os espíritos na Europa do século XIX, até a morte do biografado.
4 – “Escravidão: Do Primeiro Leilão de Cativos em Portugal até a Morte de Zumbi dos Palmares” (Globo Livros), de Laurentino Gomes – Livro que abarca um período que vai de 1444, data do primeiro registro sobre portugueses comercializando escravos africanos, até a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares, em setembro de 1695. O autor, pesquisador nato, visitou pessoalmente diversas cidades e ilhas africanas para a produção dessa obra, o que envolve muito tempo (e dinheiro). Segundo fontes, muita gente o criticou, dizendo que ele se rendeu ao politicamente correto, o que eu discordo totalmente; pelo seu texto, podemos ver que ele andou perto desse abismo, mas como disse o velhote do filme “Wall Street”, teve caráter suficiente para não pular no abismo, procurando ser simplesmente correto. E obra descreve alguns motivos pelos quais a escravidão lança sombra até hoje sobre os brasileiros, principalmente sobre os de pele escura. A marca do trabalho deste autor é uma aposta em bons personagens para prender o leitor. E dentre as figuras históricas que povoam a obra, o autor se fascinou especialmente por Zumbi dos Palmares. “Não só pelo que ele foi, mas porque há pouquíssimas informações sobre o Zumbi real. Talvez tenham existidos diversos Zumbis ao longo da história e esse que morreu em setembro de 1695 seria o último. O personagem mítico, imaginar…” Alguns revisionismos são citados e até servem de alívio cômico — por exemplo, a alegação do ativista gay baiano Luís Mott que Zumbi teria o apelido de “Sueca”, por ser efeminado.
5 – Antes de mais nada, queria ressaltar que as obras audiovisuais baseadas nos livros de Stephen King são sempre alvos de grandes expectativas e às vezes geram uma antipatia antecipada. Pior é que quase sempre essas previsões nefastas são acertadas. Filmes como “A Torre Negra” (2017) e a série “O Nevoeiro” (2017) são exemplos recentes disso. Com isso, o que poderíamos esperar na adaptação que ficou centrada na infância dos protagonistas de “IT: A Coisa”? O livro é gigante. Com mais de 1.100 páginas e dividido em 5 partes, a 1º parte é uma grande introdução e ambientação de todo cenário do livro e da história que virá a seguir. Somos apresentados a George, um garotinho de 6 anos, que em um dia de chuva, sai para brincar com seu barquinho de jornal feito por seu irmão mais velho, Bill, pelas ruas da cidade de Derry, no Maine (Sim, King gosta de ambientar seus livros no Estado!). O que acontece é algo tão assustador que o próprio garotinho acredita ter saído de seus pesadelos: um palhaço está na galeria de esgoto subterrânea e resgatou seu barquinho, levado pela correnteza – mas o palhaço, na verdade, mata George de um jeito que mistura terror puro com gore, arrancando o braço do pequeno. Isso tudo se dá em 1957. Este livro é um dos romances mais conhecidos do autor, ganhando uma minissérie no início dos anos 90 e ganhou o status cult no decorrer do tempo.
“IT: A Coisa” é uma leitura mais do que indicada e que certamente valeu a pena cada página.
6 – A BOMBA – Depois de o autor e youtuber Eduardo Bueno, com “Brasil, Terra a Vista”, “A Coroa, A Cruz e A Espada”, “Náufragos, Traficantes e Degredados” (*todos que eu ainda não li), e de Laurentino Gomes, com seus livros sobre a História do Brasil, que chegou às listas dos mais vendidos, fato que não é muito comum em nosso raso mercado editorial, entupido de livros de padres, autoajuda, youtubers e afins, agora, a Editora LeYa lançou uma série chamada de “politicamente incorreta” escrita por celebridades. O “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, do jornalista Leandro Narloch, ex-repórter da revista Veja e ex-editor das revistas Aventuras na História e Superinteressante, não se dedica a um único assunto nem a um período específico. Seu principal objetivo, como explica na Introdução, é apresentar ao público “uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos”; e o faz apontando para outra perspectiva historiográfica – a que postula que não se pode pesquisar e, sobretudo, escrever a história tendo por base opiniões a priori sobre o objeto investigado, pois essa conduta apenas torce/distorce os dados para fazê-los se encaixarem em uma concepção de mundo predeterminada, com vistas tão só a corroborar a linha teórico-metodológica ao qual o pesquisador está filiado. Um livro que passou a ser considerado por muitos, inclusive professores, um desserviço.
+ Leia as resenhas completas aqui: https://www.instagram.com/elenilson_escritor/
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