Deus Salve o Rei estreou esta semana na Rede Globo com ares de mega produção, que certamente não irá durar muito tempo
Vamos começar com as referências. “Deus Salve o Rei”, nova novela da Rede Globo, está cheio delas. A começar pelo título, que é uma clara referência ao hino God Save the Queen (ou the King), que os súditos da coroa britânica utilizam. Com o título, os dramaturgos da emissora carioca já queriam dizer que se trata de uma novela que vai flertar com o épico, com a realeza, e com a relação existente entre as classes.
Trazemos para o contexto novelesco e sabemos desde já que teremos uma relação amorosa impossível, certamente entre um nobre e uma plebeia. Ai nós assistimos ao primeiro capítulo e boom… somos apresentados justamente a este tipo de situação. O tiro é certeiro, sobretudo por jogar nas costas de uma atriz jovem, linda e bem talentosa, que é Marina Ruy Barbosa, o papel desta plebeia. Caricata por sinal, mas nada nesta novela vai deixar de ser caricato. É quase impossível não ser.
Game of Thrones?
Título discutido, vamos ao plote principal: guerra de famílias, reinos, tratados de paz, possibilidade de iminente disputa. Ai a referência é clara, e não é somente a Game of Thrones, mas claro que a série da HBO é a mais lembrada, afinal de contas, é a mais popular do mundo atualmente, e certamente entra para a história como uma das mais sensacionais. Como não copiar algo maravilhoso como o universo criado em GoT?
Porém, cá entre nós, se formos realmente tentar comparar (não se deve), vai ficar claro que somente a abertura faz uma homenagem digna à série medieval americana. A abertura é estupenda e mostra que no Brasil não há equipe mais poderosa e competente que a da Rede Globo para fazer algo do tipo. Este mesmo orçamento nas mãos da equipe do SBT teria como resultado uma abertura a lá Chaves (o que seria sensacional também, mas de outro jeito).
Se a abertura é estupenda, a fotografia é maravilhosa, a direção de arte é competente e toda a parte técnica é excelente. Porque isso a Rede Globo sabe fazer muito bem, quando quer, é claro. Porém, vamos ao roteiro, as atuações, e as situações apresentadas e somos rapidamente trazidos ao mundo da novela brasileira, de 300 capítulos, seis dias por semana, que precisa de muita ‘linguiça’ para conseguir dar vida a um projeto como este.
As atuações são, como dissemos, caricatas. E é compreensível, afinal, se já é difícil conseguir acertar na dramaturgia de ‘realidade’, imagina então na dramaturgia que extrapola nosso contexto. Estamos falando de monarquias, guerras entre reinos, idade medieval, e tudo o mais. Claro que os temas são universais, e poderíamos substituir a guerra entre reinos por guerra entre facções, ou o amor impossível de um nobre e uma plebeia com o amor difícil de um rico e uma pobre.
E será nesta aposta que os roteiristas de Deus Salve o Rei vão apostar para fisgar o público.
Nisto e também nas suas duas estrelas máximas: Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa. Serão elas suficientes?