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Festival 5 Minutos 2011 – Programa 3

5 Minutos

Mostra competitiva do Festival Nacional 5 Minutos. Comentários sobre o Programa 3 – 13 vídeos.

1. Tic Tac, de Sylvio do Amaral Rocha (2010, São Paulo – SP).
O curta encanta por vários motivos: excelente fotografia, temática relevante e simplicidade narrativa. Conta a história de um oriental que saiu de sua cidade natal para morar em São Paulo. Quando pequeno aprendeu a desmontar o relógio do pai e se encantou pelo funcionamento das engrenagens. Em São Paulo juntou duas paixões: pela cidade que o recebera tão bem e pela profissão. Curto, singelo, tocante…

2. Louco por Uma Mulher, de Renatinho Semanovschi (2011, Jaguaripe – BA).
O curta começa com um homem num engarrafamento preocupado com o tempo e visivelmente desesperado para encontrar alguém. O sinal vermelho, a velocidade do carro, tudo parece atrapalhar. Corre para o aeroporto e pensa que ela já se foi. Por acaso olha para o lado e percebe que ela ainda está lá, sentada, como se estivesse à espera dele. Depois de se abraçarem o alívio em seus semblantes logo se mostra. O trabalho é bem clichê e nada de novo se sobressai, mas o curta não é de todo ruim.

3. Engravatados, de Marcelo Pedroso (2011, Recife – PE).
Protesto político sintetizado num curta de quatro minutos. O projeto tenta mostrar que o auxílio paletó é inconstitucional. Um paletó e um giz em uma praça pública com a seguinte inscrição: deixe aqui sua opinião sobre o auxílio paletó. As pessoas passam e escrevem suas opiniões: injusto, safadeza, saúde é mais importante, pouca vergonha, falta de respeito, etc. Ao final alguém pendura o paletó escrito na Assembléia Legislativa. Todas as frases são expostas findando o vídeo. O curta mostra uma indignação quase comum, por esse motivo já é válido.

4. Isabel, de Felipe Hellmeister (2010, São Paulo – SP).
Um cego numa biblioteca chama por alguém de nome Isabel, uma desconhecida segura seu braço e quando percebe que ele está desorientado e perdido assume a identidade chamada. Vão para a casa e agem como um casal, depois de fazerem amor ele se mata, só ao final ela descobre que Isabel era a irmã dele. Razoável.

5. Cine Jandaia, de Alex Maia (2011, Salvador – BA).
Dos nove cinemas existentes em Salvador, o Cine Teatro Jandaia era um dos mais importantes. Construído inicialmente em 1911 e reinaugurado no início da década de 30, o Palácio das Maravilhas se perde no tempo. O curta objetiva registrar esse abandono, com imagens memoráveis dos tempos em que o espaço com capacidade para 2.200 pessoas, com mais de 200 janelas, era glorioso, o vídeo faz mesmo lamentar. Na época, por exemplo, a profissão de baleiro (iam trabalhar uniformizados e elegantes), era importante e respeitada. As imagens desse abandono e decadência são mesmo lamentáveis. O prédio em ruínas traz junto com o curta o desejo de resgatar uma história esquecida por séculos. Bom trabalho!

6. Minú, de Florian Boccia (2011, Salvador – BA).
Plasticamente lindo, o curta traz com graça e humor uma questão bem relevante. São palitos de fósforos que fazem papel de gente, como se o objetivo final do fósforo (queimar) fosse exatamente o mesmo de nós ao morrer. Mesmo sendo de família rica Minú é um rejeitado (ele não passa no controle de qualidade). Miguel, o amigo cosmopolita de Minú, quer ser lembrado por algo significativo. Minú, mesmo sabendo de suas deficiências, tenta encontrar um sentido para a vida. Toda a narrativa gira em torno dessa busca por vencer seus medos. O curta é engraçado, divertido e inovador.

7. Lolovitch, o Azul de Brasília, de Adriana de Andrade (2010, Brasília – DF).
O curta é uma grande homenagem aos artistas de rua. Com imagens de belíssimos quadros pintados não tem como ser ruim. Lolovitch pinta quadros e vende nos bares à noite. Ao invés de assinar o nome dele, assina com uma linha azul, por isso ficou conhecido como o “Azul de Brasília”. Espalha sua arte a preço baixo, mas com alegria e simplicidade, o que faz do curta um belo trabalho.

8. Socorro, Meu Deus, de Leon Sampaio (2011, Feira de Santana – BA).
O curta é uma espécie de clipe que tem como ponto de crítica os programas sensacionalistas, sobretudo os que passam na hora do almoço. Também fala da fixação de algumas famílias por esse glamour da violência. O curta pode ser interessante para quem é baiano, pois fala de Programas como “Na mira” e Se liga Bocão”, mas quem é de fora se sente um pouco descontextualizado. A proposta pode ser boa para discutir sobre essa temática, entretanto, não valeria uma premiação exatamente por ser bem regionalizado.

9. The Answer My Frei, de Diego Lisboa (2011, Salvador – BA).
O Curta contra a trajetória de jejum do Frei Dom Luis de Cappio na cidade de Sobradinho quando lutou contra a transposição do Rio São Francisco. Nas várias cenas mostradas (movimentos sociais, missa, cenas do padre em oração) a causa parece tocar. As lições ficam: “os sábios olham para onde o dedo está apontando, os tolos olham para o dedo.” Documentário que vale boas reflexões.

10. Bafo Quente, de Maurício Maia (2010, Niterói – RJ).
Rápido, claro e direto. A mensagem passada em um minuto de curta é a seguinte: SOS o mundo pede socorro. Animação que fala do aquecimento global e que consegue transmitir seu objetivo em pouquíssimo tempo de vídeo.

11. Tempo Impresso, de Marcos Henrique Lopes (2010, Recife – PE).
Memórias da filha de um italiano que vem de navio para o Brasil na 2ª guerra mundial. O pai trabalhava com cinema mudo e ela, Dona Didi, o acompanhava desde os primeiros anos de vida. O curta dá origem a um filme mais longo chamado “Janela molhada”, talvez por isso deixe um pouco em suspenso. A temática é interessante, apenar da narrativa ser um pouco lenta. Para quem é apaixonado por cinema, a vontade é, no mínimo, assistir o desenrolar dessa história que ficou um pouco incompleta em pouco tempo de vídeo.

12. Nightwalk, de Rick Van Pelt (2011, Cruz das Almas – BA).
O curta é tão abstrato que deixa dúvida sobre o entendimento da narrativa, ou seja, sua compreensão é bem subjetiva, ficando um pouco difícil falar sobre o que ele discorre. O que se pode dizer é que vale um elogio pela escolha da câmera fechada.

13. O Filme que Eu Fiz para Não Esquecer, de Renato Chagas Gaiarsa (2011, São Paulo – SP).
O nome do Curta já é bem sugestivo. São memórias de vários momentos vividos por um casal e mostradas em vídeo com o intuito de fazer lembrar dos bons momentos. De tom suave ganha elogio também pela boa fotografia.

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