Literatura

Mostra O Cinema Alemão dos Anos 1980

Helsinki – Napoli All Night Long, de Mika Kaurismäki

Em comemoração a seus 50 anos, o Goethe-Institut/ICBA exibe a mostra O Cinema Alemão dos Anos 1980, com quatro exemplos de produções cinematográficas da Alemanha Oriental e Ocidental da década de 80. Sempre às terças-feiras, 20 horas, no Cine-Teatro do Goethe-Institute/ICBA. A entrada é gratuita.

CINEMA ALEMÃO
O cinema de autor, mal estabelecido nos anos 70, entra em crise já nos anos 80. A regressão do número de produções e de público se deve à reestruturação do universo midiático em função do surgimento de emissoras de TV privadas e do vídeo. Este processo leva a formas de recepção até então inusitadas. Por outro lado, o medo remanescente do terrorismo esquerdista dos anos 70 faz com que filmes autorais recebam cada vez menos subsídio. Nesse mesmo tempo, cresce o número de adaptações de clássicos da literatura, além da internacionalização do cinema alemão por meio de coproduções de grande porte e em língua inglesa. Estas, embora prometam sucesso comercial, acabam não podendo concorrer com o cinema hollywoodiano ainda mais dispendioso. Mesmo assim, o cinema alemão abre mão de sua abordagem elitista e foca então no seu potencial de comercialização em nível internacional. Os cineastas da Alemanha Oriental enfrentam uma situação diferente, porém não menos desafiadora: enquanto o método de censura da produção independente nos anos 70 terminava por chamar mais ainda a atenção do público em potencial, a estratégia dos políticos nos anos 80 em reduzir a divulgação e a recepção de produções incômodas, nega ao cinema de autor o seu público. Essa política cultural leva à migração de cineastas e demais artistas e intelectuais para a Alemanha Ocidental, transformando o lado oriental num lugar ainda mais precário para os que ficam para trás. Arriscar uma olhada nesta década cheia de contrastes e na evolução do cinema alemão é, sem dúvida, muito válido, pois este resulta, apesar das mudanças e dificuldades, em alguns longas-metragens interessantes, que conseguem evocar o padrão intelectual dos anos 70.

A MOSTRA
A mostra acontece nos meses de agosto e setembro (sempre às terças-feiras 20h no Cine-Teatro do ICBA) e apresenta quatro filmes, rodados na Alemanha Oriental (de Lothar Warneke e Helmut Dziuba) e na Alemanha Ocidental (de Alexander Kluge e Mika Kaurismäki).

4 de setembro
Sabine Kleist, 7 Anos
Direção: Helmut Dziuba, colorido, 72 min., 1982
Sabine foge do orfanato no mesmo dia em que sua educadora, Edith, entra em licença-maternidade. Por vários dias e noites ela perambula sozinha pelas ruas de Berlim Oriental, antes de se apresentar a polícia e retornar ao orfanato. Entre o momento da fuga e o retorno, ela tem vários encontros e vivencia muitas aventuras. Durante sua trajetória pela metrópole dividida, esboça-se um processo de amadurecimento: se de início, ela se mostra ainda melindrada e intransigente diante da gravidez de Edith, no final, parece controlar sua raiva em reação ao bebê que está para nascer e que ameaça tomar seu lugar. Ao se dirigir ao grande edifício do orfanato estatal, seu lar substituto, parece bem menos resignada do que inicialmente, embora não necessariamente feliz.

18 de setembro
Poder dos Sentimentos
Direção: Alexander Kluge, p/b e colorido, 115 min., 1983
Uma criança morre na guerra; uma criança é espancada até a morte; funeral de Estado para um político assassinado; despedida; partida de um trem; Giuseppe Verdi, Rigoletto, último ato. Cinco saltos temporais, cinco lugares diferentes – numerosos fragmentos e uma câmera acelerada que transmite uma experiência diferente do momento realmente vivido.

25 de setembro
Helsinki – Napoli All Night Long
Direção: Mika Kaurismäki, colorido, 96 min., 1987
Este filme de 1987, do início da carreira de Mika Kaurismäki, prova que comédias clássicas de gângsters também podem ter uma dimensão intercultural. Embora o filme seja intitulado “Helsinki Napoli”, foi filmado na Berlim ocidental, antes da queda do muro. Alex é um taxista finlandês que vive junto com sua esposa Stella, uma italiana temperamental, e seus três filhos, na parte ocidental de Berlim. Enquanto à noite, Alex dirige seu taxi pela cidade e sua mulher fica de plantão na central de táxi, seu sogro toma conta das crianças. Porém, este finlandês, metido a mafioso sente-se por demais sobrecarregado e tudo o que mais deseja é poder estar tomando uma boa garrafa de vinho no seu boteco favorito. Para conseguir cobrir as despesas da família, Alex e seu amigo Igor complementam seus salários de taxista com pequenas falcatruas: durante a sua ronda noturna, Alex descobre carros deixados em lugares estratégicos e avisa a Igor, que logo se encarrega-se de “depená-los” e Alex, de vender os pneus aos seus colegas taxistas.

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