Um Canto A Clara
UM CANTO A CLARA
O projeto aborda todo o caminho da artista Clara Nunes que ficou consagrada ao abraçar o samba como o gênero musical. O registro-show reconhece a necessidade de documentar a trajetória dessa emblemática intérprete sob novos arranjos na doce voz de Emili Pinheiro, afinal a ausência de material sobre ela é um dos aspectos mais criticados por seus fãs. Mulher à frente de seu tempo, determinada, corajosa, de personalidade forte, Clara Nunes carregava um ímã no olhar. Transmitia verdade. Sua voz emocionava. Máquina de fazer dinheiro, dava Ibope e fez a mídia e a indústria do disco renderem-se a ela. Clara Nunes revolucionou a indústria fonográfica, tornando-se a primeira mulher a romper as barreiras impostas pelas gravadoras e uma das maiores vendedoras de discos de todos os tempos. Clara, veio do povo e tem em sua história a simplicidade, traz dentro de si a força do talento, porque dedicou-se completamente à música de sua terra e ao canto de seu povo que ela tanto amou, por isto pode ser chamada por nós de Cantora das Três Raças.
ENTREVISTA
Confira agora este ótimo bate papo com o proponente e produtor do projeto, Leandro Santolli.
Fernando Pereira – Queria saber como o projeto ‘Um Canto a Clara’ foi concebido. E como será sua execução… Será somente um show (em Alagoinhas), alguns ou uma turnê inteira?
Leandro Santolli – ‘Um Canto a Clara’ começou a ser pensado em novembro de 2012, quando decidimos produzir um show em homenagem a alguma grande cantora, o nome de Clara surgiu muito naturalmente, até pela empatia que já tínhamos com o repertório, e com a figura de Clara Nunes para o cenário musical feminino. A partir daí começamos uma imersão no universo da cantora, leitura de biografia, assistimos documentários, vídeos de apresentações, até artigos científicos que referenciavam Clara usamos como elemento de pesquisa para a concepção e direção artística do show. Estrearemos no Centro de Cultura de Alagoinhas, mas a proposta é de circulação por diversas cidades. Já estamos com negociação em andamento para as cidades de Santo Amaro, Feira de Santana, Rio Real, Camaçari, Coité e Aracajú.
FP – Há chances de Salvador receber este projeto?
LS – Com certeza. Muito provavelmente o show chegue a Salvador no mês de maio, e o mais bacana é que nossa pretensão é levar o show na íntegra, desde as intervenções artísticas que acontecem no foyer do teatro, até os convidados dentro do show. Apesar de um show sem grandes recursos, ele é detalhadamente pensado!
Emili Pinheiro
FP – O ano de 2013 marca os 30 anos de morte de Clara Nunes. Questionar a relevância dela para a música brasileira é desnecessário, mas queria saber qual o legado que ela deixou, sobretudo para as novas gerações de cantoras aqui no Brasil.
LS – Clara diretamente abriu as portas para as cantoras no Brasil, isto é inegável. Clara mostrou a força que o povo tem sem grandes esforços ou aparatos cênicos e etc. Clara foi a voz do povo, esta é a sua história. A história da música de um país feita pela união das três raças que o constituíram. E, tendo sido feita pelo povo, só o próprio povo tem o direito de julgar e consagrar a música popular, porque somente ele sabe os que melhor interpretam seus sentimentos. Os grandes mestres saíram sempre do povo. Os grandes intérpretes foram, antes de ser grandes, anônimas criaturas do povo. Por isso, Clara Nunes tem o quilate de uma grande intérprete e referência para toda e qualquer cantora neste país. Porque, quando canta, se une ao povo num sentimento comum. Em qualquer vídeo de Clara era nítido ver o povo sentindo sua energia e cantando com ela. Clara exaltava o povo simples nas suas origens. Por isso e porque também veio do povo e tem a mesma simplicidade, porque traz dentro de si a força do talento, porque dedicou-se completamente à música de sua terra e ao canto de seu povo que ela tanto ama, pode ser chamada por nós de Cantora das Três raças, acredito que este seja o maior legado que ela nos deixou.
FP – E a Emili Pinheiro, que tipo de conexão se faz entre as duas cantoras?
LS – Não vou dizer a vocês os clichês que saem da boca das pessoas quando descobrem uma nova cantora e nem vou dizer que é a maior promessa de todos os tempos, até porque acho que Emili quer ser mesmo é realidade e não promessa. Mas vou dizer que pela primeira vez ouvi alguém cantar o repertório de Clara Nunes sem querer ser Clara Nunes, sem querer imitar Clara Nunes, sem querer ser um arremedo de Clara Nunes, sem querer fazer oba-oba em cima do nome de Clara Nunes ou tudo isso junto. Emili tem sim, o mesmo cuidado artístico e profissional que Clara pelo bom gosto revelado na escolha de seu repertório, pela dignidade de cantar do seu jeito e do seu jeito conseguir passar a mesma energia boa que emanava de Clara, pelo respeito musical a obra existente e pela coragem de mexer no que muitos poderiam considerar imexível, apropriando-se da obra sem deformá-la…
FP – Por fim, o que o público pode esperar deste show?
LS – Estamos trabalhando para apresentar um show que agrade musicalmente e visualmente. Uma proposta popular como Clara era, mas sempre apostando na identidade de Emili, nos apropriamos da história musical de Clara, mas não fazemos uma cópia e nada que soe como ‘cover’. Emili traz esse peso consigo de fortalecer sua identidade artística, até mesmo para evitar comparações com outras cantoras que já a homenagearam.
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