XL – Foto de Jairso Bispo
O projeto vencedor da quarta edição do Prêmio VIVADANÇA propõe uma versão contemporânea do clássico balé Giselle, para discutir questões de gênero e sexualidade do mundo atual. XL – Uma releitura queer do ballet Giselle é um solo criado e interpretado pelo jovem coreógrafo e bailarino Eberth Vinícius, que estreia em 17 de abril e cumpre temporada nos dias 18, 19, 24, 25 e 26 de abril, sempre às 19h, no Teatro do Goethe-Institut (ICBA), com ingressos a R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
XL
XL – Uma releitura queer do ballet Giselle concorreu com outros 17 projetos inscritos e avaliados pela comissão julgadora composta por Cristina Castro (diretora e curadora do festival), Luiz Antônio Jr. (diretor de produção do festival), Leandro Oliveira (coreógrafo e dançarino) e Joceval Santana (jornalista e critico de dança). Criado em 2010, o Prêmio VIVADANÇA já possibilitou a produção de três espetáculos de dança inéditos no cenário baiano: Odete, Traga Meus Mortos, de Edu O.; Fricção, de Isaura Tupiniquim; e m’bolumbümba: entre o corpo e o berimbau, de Lia Günther Sfoggia e Guilherme Bertissolo.
XL – Foto de Alessandra Nohvais
DO INSULTO À ACEITAÇÃO
O que é ser homem e o que é ser mulher no século 21? O que é permitido a um corpo masculino e/ou feminino? Quem autoriza ou desautoriza os aspectos distintivos entre os gêneros? Para refletir sobre essas e outras questões, o espetáculo desloca os personagens românticos da versão original para posições ocupadas por homens e mulheres nas sociedades contemporâneas, marcadas, como aponta Eberth Vinícius, pela diluição das fronteiras entre os sexos.
Desta forma, a camponesa Giselle – que na versão original morre ao descobrir que o seu grande amor era um príncipe disfarçado de camponês e depois retorna para salvá-lo de uma maldição –, dá lugar a uma heroína nem homem, nem mulher. No lugar do bosque encantado, onde Giselle passeia e dança, surge o banheiro público, ícone do submundo sexual urbano e da diferenciação entre gêneros. A coreografia tem como eixo central a teoria queer, que surgiu no final dos anos 80 nos Estados Unidos, reunindo um conjunto de pensamentos sobre gênero e sexualidade, com o objetivo de positivar o insulto (queer significa ridículo, estranho) e entendê-lo como uma prática de vida que se coloca contra as normas socialmente aceitas.
XL – Foto de Jorge Oliveira
CURRÍCULO
Coreógrafo e bailarino baiano, Eberth Vinícius iniciou seus estudos em dança em 1996, na Academia de Ballet da Bahia e no Ballet Rosana Abubakir. Em 2000, ingressou Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e, entre 2003 e 2007, fez o curso de dança da UFBA. No ano seguinte, Eberth seguiu para a Europa, onde dançou na Grécia e Turquia, e atuou como professor de balé em Viena, além de dançar com a companhia de dança contemporânea do primeiro bailarino da ópera de Viena, Borys Nebila. Retornando a Salvador em 2009, ele passou a dar aulas de balé e acaba de ingressar por concurso no corpo docente da Escola de Dança da Funceb.
“O meu trabalho será o XL, uma releitura queer do balé Giselle, no qual interpreto a personagem título e abordo através da dança, questões sobre gênero e sexualidade. Tudo sob a ótica do escracho, do estranho e exótico, positivando o que seria um insulto, através de uma abordagem performativa. Estou feliz e ansioso ao mesmo tempo, porque é o meu primeiro trabalho autoral solo, de dança contemporânea, porque venho de um histórico de bailarino clássico e moderno, então são muitas expectativas em torno do trabalho. Convidei para trabalhar comigo na direção Marcelo Souza Brito, na iluminação Márcio Nonato e na trilha sonora Felipe Florentino sob a ideia de Adriana Prates.” Eberth Vinícius, em entrevista ao Cabine Cultural.
SERVIÇO
XL – Uma releitura queer do ballet Giselle (Prêmio VIVADANÇA) Eberth Vinícius (BA) Teatro do Goethe-Institut (ICBA) 17, 18, 19, 24, 25 e 26 de abril, às 19h
R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia)