Música

Ouvindo nana

nana. Foto: agnes cajaiba

“nana é uma nuvem carregada de chuva, sons, filmes, livros, matryoshkas, fotografias, moleskines, frutas tropicais, abajours, luminárias, pisca-piscas de natal, fotos 3×4, pianos, risadas, borboletas, pérolas, histórias, amores, doces, formigas, interruptores, conchinhas de praia, cenouras, trompas, gatos listrados, filmes tchecos, cactos e elefantes”.

Logo após a leitura desta curiosa e anticlichê biografia, a sugestão é que cada um de vocês entrem no site da Musicoteca e façam o download  (legal) do primeiro EP da cantora, intitulado Expressionismo Alemão. Com aaudição feita, é possível entender muito do que está descrito no seu perfil, pois suas canções de algum modo refletem estas palavras. E essa é uma percepção que talvez não seja nem passível de explicação, pois ela reside numa perspectiva muito mais emotiva que racional. É, em suma, um sentimento. Dos mais bonitos, por sinal.

A faixa-título do álbum, Expressionismo alemão, é de uma beleza que salta os olhos, primeiro por se tratar de uma referência direta a um dos movimentos artísticos mais interessantes do século passado, que ganha ainda mais força quando se trata do cinema propriamente dito, e depois pela própria estrutura da canção, uma mistura que nos traz lembranças da bossa nova, mas com elementos mais contemporâneos, e uma voz das mais agradáveis para se ouvir, que casa muito bem com a letra e melodia apresentadas.

“Na chuva não esquece o guarda-chuva, que esse pode ser um filme de terror, ou pior: um drama no Cazaquistão”. Belíssimo!

Próxima faixa, O Céu de Estocolmo. Mais uma doce canção, multi-instrumentalizada (um dos pontos fortes do EP) e que reafirma o caráter globalizado da música de nana. É fácil achar referências, mesmo que você não saiba exatamente quais são realmente utilizadas por ela. Vem à cabeça muito de música francesa, européia como um todo. A voz permanece suave, não há aqui a necessidade de gritos estridentes, é sempre num tom agradável e prazeiroso. Para um garoto, diria que a experiência de escutá-la é bem parecida com a de um sussurro no ouvido dado pela Marilyn Monroe. Bem isso.

“hmm, vem morar no meu quarto, sob o céu de Estocolmo, faz dois anos que eu corro, pra poder te dizer: é você, você.”

Benjamim, mais uma faixa do EP, já funciona como uma balada, muito bem elaborada, diga-se de passagem, com letra que se destaca numa multidão, por apresentar uma beleza quase poética. “Erro passa o meu vestido, a seda cede ao jeito de jasmim, do seu apartamento guarda um beijo cinza para mim, ai, benjamim, benjamim”.

I can’t fall in Love, faixa que fecha o EP (no site da cantora dá para escutar uma a mais), é a única aqui cantada em outra língua. Nada mais natural para uma garota que passou parte de sua vida fazendo intercâmbio.

“Even if you send me a letter with our names in a cutie heart, I wouldn’t fall in love and if you send me a lot of flowers with hershey’s, I wouldn’t mind the chocolates, but I’m so alergic of flowers I could fall to the ground fall to the ground”.

Mesmo em inglês, o processo de composição continua belo, suave, agradável, com um trabalho de piano na canção que ajuda muito na atmosfera passada na música. Bem da verdade, não somente o trabalho de piano que agrega qualidade; todo o processo de instrumentalização das canções são dignos de elogios, e esses elogios devem ser direcionados não somente à cantora, mas também ao seu parceiro de trabalho, João Vinicius.

Para finalizar, volto agora ao início do texto, e reafirmo com as mesmas palavras usadas anteriormente: se você por uma tamanha infelicidade ainda não a conhece… a partir de agora não tem mais desculpas.

Escute-a, divirta-se, vá ao show. É isso. Até semana que vem!

nana:
nana – voz, piano, teclado, escaleta, programação, joão vinicius – violão, guitarra, teclado, escaleta, programação.

SERVIÇO:
Conexão Vivo apresenta nana Segunda-feira (12 de março) Sala do Coro do Teatro Castro Alves 20 horas

R$ 8 (inteira)

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