Cinema

Uma lista com filmes sobre escravidão, racismo e história negra

12 Anos de Escravidão filme

Filmes sobre racismo, escravidão ou história negra são essenciais para se entender um pouco do contexto atual de nosso mundo

Uma das maiores vergonhas da história humana, a escravidão perdurou por séculos em nosso planeta. Limitar direitos fundamentais do ser humano por conta de sua cor, por conta de sua raça, era uma ação legalizada (contava com a ajuda da lei) em muitas nações, e algumas destas só conseguiram desatar este nó de desumanidade há pouco tempo. Países como os Estados Unidos só conseguiram acabar (ou diminuir) práticas racistas legais após lutas intensas e muitas mortes (Martin Luther King foi a maior perda desta batalha).

Na África do Sul tivemos uma das mais cruéis batalhas em prol dos direitos iguais e somente na década de 1990, com o fim do Apartheid (regime de segregação racial) que o país passou a adotar leis igualitárias, que inclusive levaram Nelson Mandela (maior representante desta luta) ao principal posto político da nação africana.

No Brasil, mesmo com a abolição da escravidão datada de 13 de maio de 1888, as práticas racistas ainda persistem no seio da sociedade, mesmo que a nossa legislação oficialmente abomine tais ações.

Leia também

A ética no cinema: lista de filmes que abordam questões éticas e morais
A ética na televisão: lista de séries que abordam questões éticas e morais
E-book – Guia completo de filmes para passar no ENEM e em vestibulares
Os 10 filmes românticos mais assistidos no Brasil

E o cinema – uma arte que consegue refletir magistralmente os principais traumas da sociedade – se apropriou do tema e apresentou ao mundo grandes e relevantes filmes.

Confira esta lista bem especial:

12 Anos de Escravidão – O filme é uma adaptação da autobiografia de 1853 de Solomon Northup, um negro nascido livre no Estado de Nova Iorque que foi sequestrado em Washington no ano de 1841, e vendido como escravo. Ele trabalhou em plantações no estado de Louisiana por 12 anos antes de finalmente ser libertado. Medir a importância que o filme possui atualmente talvez seja uma tarefa difícil ainda, mas não resta dúvida que 12 Anos de Escravidão abriu de vez na sociedade americana (e no resto do mundo) um diálogo sobre um dos temas mais pesados que a história americana tem sido obrigada a abordar. Os casos recentes de execução de negros por policiais brancos são a prova cabal disso.

Django Livre

Django Livre – O modo como a relação entre o negro e o branco fora retratada pelo cinema antes de Quentin Tarantino se aventurar em abordar um tema tão delicado sempre foi a de protecionismo e de exclusiva dependência do primeiro em relação ao segundo na resolução de seus problemas. Filmes como Amistad, Lincoln ou o sofrível The Help, para citar apenas três, são exemplos claros de como Hollywood prefere visitar fatos nos quais os brancos são vistos como, ao mesmo tempo, vilões e salvadores. Observar o primeiro herói negro do período da escravatura emergir em uma vendeta banhada de sangue era o mínimo que podíamos esperar de Tarantino. Sem maniqueísmo, no entanto, Tarantino não pinta os negros apenas como as vítimas do processo de escravidão americano. O personagem de Samuel L. Jackson, Stephen, demonstra de forma perfeita o interesse econômico e a conveniência de alguns (negros e brancos) por trás desse processo.

Selma – Uma Luta pela Igualdade – Um filme político que fala de direitos humanos e do preconceito racial. O ano é 1965, o acontecimento é a passagem das marchas das manifestações pacifistas entre a cidade de Selma, interior do estado do Alabama (Estados Unidos) até Montgomery, sua capital, tendo como líder o pastor Martin Luther King, pelo direito eleitoral de votos da comunidade negra. Martin era um militante que usava a razão acima da emoção, cujos discursos tinham a força de agregar pessoas, um orador nato que lutava pela igualdade racial. O filme mostra a luta racial, o ódio e o preconceito revoltante nos EUA, que na realidade ainda existe até hoje em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Filme corajoso por colocar o dedo nesta ferida que ainda gangrena.

Selma

Conduzindo Miss Daisy – O filme de Bruce Beresford utiliza a amizade entre dois idosos como metáfora para a discussão inter-racial nos Estados Unidos da primeira metade do século passado. Daisy Werthan é uma bem sucedida professora aposentada que, apesar da idade, ainda mantém certo grau de independência ao dispensar a necessidade de um chofer para seus afazeres diários. Após um pequeno acidente ao deixar a garagem de sua casa, Miss Daisy perde a cobertura da seguradora de veículos e passa a contar com a presença de Hoke Colburn para levá-la aos lugares que ela freqüenta. O contrato do motorista é feito com o dedicado filho da senhora, Boolie Werthan, o simpático dono de uma tecelagem local. O contexto histórico do filme colabora para um melhor entendimento das relações entre brancos e negros que o roteiro apresenta. Observa-se durante vários momentos uma demonstração da autoridade dos patrões brancos sobre seus empregados domésticos negros. No entanto, o filme não se apega a isso de modo a antagonizar personagens. Ele prefere utilizar tais relações de modo a ilustrar o período em que se passa a história.

Tempo de Matar – A história deste filme é um tanto complexa e merece atenção: após o estupro e assassinato de uma garota negra, os culpados (todos brancos) estão prestes a ser julgados, mas o pai da vítima não se controla e decide matá-los. O advogado encarregado de defendê-lo (um branco) encontra-se numa posição complicada, pois não tem a autorização de mencionar a violência contra a filha do réu – já que este havia se tornado um caso de assassinato tão somente. E desta forma somos apresentados ao universo vivido até hoje em algumas cidades do sul dos Estados Unidos. Esta região foi a que mais se beneficiou da escravidão e foi a que lutou até o fim pela manutenção das leis que colocavam negros em situação de humilhação e opressão. O filme demonstra como a justiça não é neutra, e tende a privilegiar os brancos. História revoltante, que toca numa ferida que existe até hoje na sociedade americana (e brasileira): a do privilégio do branco perante o negro. Como observação, um fato que o cinema americano precisou corrigir ao longo do tempo: colocar brancos como vilões, mas também como heróis, já que por muitas vezes (e este é um destes casos) é o branco o responsável pela ‘salvação’ do negro.

Quanto Vale ou É Por Quilo? – Filme brilhante do cineasta brasileiro Sérgio Bianchi, que traça um paralelo entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria por ONGs, que formam uma beneficência de fachada em proveito próprio. Entrelaça a história de um capitão do mato perseguindo uma escrava fugida, no século XVII e a implantação de uma escola de informática com recursos superfaturados. É uma livre adaptação do conto Pai contra mãe de Machado de Assis, publicado no volume Relíquias de Casa Velha em 1906, entremeado com pequenas crônicas de Nireu Cavalcanti sobre a escravidão extraídas dos Autos do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. O que Sérgio Bianchi consegue fazer com seu filme é expor de modo bem claro as contradições e as mazelas de um país que vive em permanente crise de valores. Revela as mazelas e contradições de um país em permanente crise de valores. O filme desenha um painel de duas épocas aparentemente distintas, mas no fundo, semelhantes na manutenção de uma perversa dinâmica sócio-econômica, embalada pela corrupção impune, pela violência e pela apartação social. Mostra que o Brasil foi, é e continuará sendo um país com problemas raciais e sociais sérios, e que ao longo das décadas nenhuma ação efetiva conseguiu exterminar esta estrutura maléfica e cruel.

O Mordomo da Casa Branca – O filme, um drama inspirado na história real de um mordomo que serviu por anos vários presidentes da Casa Branca, foi inspirado nas entrevistas deste afro-americano que trabalhou junto aos presidentes norte-americanos, e a partir daí, fundiu varias tramas, e com isso desenvolveu várias histórias. Um verdadeiro resumo da história política norte-americana no século XX, tendo como pano de fundo o racismo norte-americano. Cecil Gaines vai trabalhar em um hotel de luxo, onde muitos políticos se hospedavam. Casa-se com Glória, tem dois filhos, sempre lhes passando os ensinamentos que considera importante para conviver com o racismo e a subserviência dos negros. Seus filho mais velho Louis não aceita a passividade do pai diante do racismo tão forte nesta época nos EUA. Passa então a fazer parte do grupo intitulado Panteras Negras, que eram preparados para enfrentar os brancos, sem violência. Um ótimo filme, que se aproveita de uma dramática história real para contar a história do racismo nos Estados Unidos.

Invictus

Invictus – Foi no dia 11 de Fevereiro de 1990 que um dos maiores nomes da luta contra o Apartheid foi libertado. Nelson Mandela deixou a prisão de Victor Verster, depois de 27 anos e, quis o destino, que quatro anos depois ele fosse eleito para ser o primeiro presidente negro da África do Sul. A história, entretanto, ainda não tinha desfecho satisfatório, pois os desafios e as feridas ainda abertas deixavam Mandela em uma situação preocupante. O país ainda era dividido, brancos e negros ainda viviam um clima de constante tensão e de diferenças pontuais, por não acreditarem nas mesmas ideias e ideais. Foi neste momento que Mandela, numa atitude estratégica, ousada e gloriosa, utilizou o Campeonato Mundial de Rugby, esporte mais popular do país, para unir brancos e negros. A equipe sul-africana não tinha o apoio dos negros, pois o time acabava representando a supremacia branca daquele país. Mandela e o capitão da equipe juntos pregaram a união de um país através do esporte, e o resultado foi virtuoso: a nação, aos poucos, foi se unindo em prol da equipe e de uma nova nação que ali nascia, sem tantas diferenças e com crenças em comum. Muitos dizem que foi neste momento que nasceu uma nova África do Sul, liderada por Mandela, e sem medo de enfrentar seus problemas.

Outros filmes relevantes que ajudam a contar a história do racismo no mundo

A Outra História Americana A Cor Púrpura Crash – No Limite Escritores da Liberdade Faça a Coisa Certa Fruitvale Station – A Última Parada Mississipi em Chamas O Nascimento de uma Nação Preciosa

Um Grito de Liberdade

Curta nossas redes sociais

Facebook
Instagram
Twitter
Youtube

Shares: