Crítica

Crítica Logan: a sobrevivência de um homem

Logan

Trata-se de um homem que apenas busca seu refúgio. No entanto, não será tão fácil ou pacifico deixar aquele mundo para trás.

Em seu maior mérito, Logan traz o fato de não se tratar de um longa padrão de super-herói. Aqui, nada de atos de bravura vazios, poses ou canções idílicas para embalar atitudes. Não. A questão em Logan é a sobrevivência de um homem que busca sua própria paz de espírito. Distante de qualquer invulnerabilidade que o seu fator de cura poderia trazer, algo que torna sua trajetória final muito mais de acordo com os traços de humanidade que ele ainda possui do que com o gene mutante que lhe deu longevidade. Humanidade essa que ele busca abraçar, mas que a selvageria contida em sua natureza não tarda a suplantar.

É um trabalho sobre perda. Sobre dor. Sobre arrependimentos. Sobre a reflexão que a maturidade e as limitações da velhice trazem. No futurista ano de 2029, época tecnológica que a produção soube retratar com sutileza ao inserir elementos representativos como máquinas em colheitas e carretas que se locomovem sozinhas, o velho Logan se lamenta sobre as lápides dos antigos X-Men enquanto busca uma forma de cuidar do seu remanescente mentor, um agora nonagenário Charles Xavier, cuja mente poderosa se vê diante de limitações degenerativas que afetam, também, aqueles ao seu redor.

Trata-se do primeiro filme a fazer justiça à profundidade do personagem oriundo dos quadrinhos da Marvel Comics. Tanto em sua selvageria quanto em sua dor interna. O Logan interpretado em tom de despedida por Hugh Jackman já não se locomove com facilidade, algo que o seu mancar e as costas curvadas confirmam. As marcas em seu corpo denotam uma cicatrização não tão eficiente quanto era na juventude e o retrair das garras não é mais fugaz.

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