A Livraria
Dirigido e roteirizado por Isabel Coixet. Beseado em The Bookshop por Penelope Fitzgerald. Elenco: Emily Mortimer, Patricia Clarkson, Bill Nighy, Honor Kneafsey, James Lance, Harvey Bennett, Michael Fitzgerald, Jorge Suquet, Hunter Tremayne, Frances Barber, Gary Piquer, Lucy Tillett, Lana O’Kell, Nigel O’Neill, Toby Gibson, Charlotte Vega, Mary O’Driscoll, Karen Ardiff, Rachel Gadd, Richard Felix, Barry Barnes, Nick Devlin
Por Gabriella Tomasi
Adaptado do romance de Penolope Fitzgerald, A Livraria chega aos cinemas para contar a história de Florence Green (Mortimer), uma viúva que se muda para um pequeno vilarejo na Inglaterra para abrir uma livraria – a única na cidade até então, cujos habitantes fazem questão de afirmarem o quanto não possuem o hábito da leitura. Mesmo contra a vontade de importantes figuras políticas que desejam transformar o mesmo imóvel adquirido pela protagonista em um centro de artes, Florence abraça seu projeto com ajuda de pequenos aliados.
A Livraria possui um design de produção muito competente que retrata bem à sua época, além de contextualizar uma população impactada e abalada pela realidade que trouxe a guerra tendo como consequencia o decadente desinteresse nas artes em geral, sobretudo a literatura. O estilo pomposo da sociedade sobressai com suas cores vivas em oposição às cores mais pálidas da fotografia para os moradores mais humildes. Interessante também observar o preconceito e o descaso com Florence nos minutos iniciais, quando em uma festa, a protagonista vestida em um “bordô profundo” (simbolizando a paixão que possui pelo seu projeto) é desafiada e diminuída por um comentário de um dos convidados, afirmando que a cor vermelha é a cor usada por empregadas domésticas em dia de folga.
O grande problema em sua narrativa é a constante necessidade de narração em off para preencher lacunas que deveriam ser trabalhadas imagéticamente. É como se Coixet almejasse misturar ou complementar a narrativa literária com a cinematográfica, mas é um recurso que não dá certo, e, ao invés disso, dá a impressão de uma decupagem truncada e pouco orgânica… Continua a leitura