Crítica

Crítica “O Candidato Honesto 2”: a bagunça continua

Filme protagonizado por Leandro Hassum, O Candidato Honesto 2 chega aos cinemas com menos poder que o primeiro

A premissa de “O Candidato Honesto 2”, bem como de seu primeiro filme, é das mais interessantes. Também pudera, em um país recheado de escândalos de corrupção, onde a honestidade não é levada a sério, e em contrapartida temos um povo que é apresentado ao mundo como aquele que ri de tudo, de si mesmo… Em um cenário desses um filme como este estrelado por Leandro Hassum já chega ‘chegando’.

O filme, que está em cartaz na rede Orient Cinemas, até busca preencher esta lacuna que o povo tem de ver mesmo que em tom de comédia uma realidade vergonhosa que é esta de nossa política.

Porém de boas intenções aquele lugar está cheio e por isso devemos informar: o novo filme de Leandro Hassum flerta a to. do o momento com o deprimente, sobretudo quando procura o riso desesperado do espectador, usando termos chulos e quase que uma escatologia cinematográfica.

E assim, para não dizer que é uma birra com este tipo de filme, devemos destacar que o primeiro filme é até bem interessante, com tiradas inteligentes e um Leandro Hassum infinitamente mais empolgado. Refletir sobre essa tendência dele em cada vez mais se distanciar de trabalhos bem sucedidos vale a pena, mas não chegaremos a relacionar com o fato dele ter perdido dezenas de kg nestes últimos anos. Porém, se é nossa escolha não relacionar, o próprio filme o faz, em mais uma tentativa de fazer o público rir, nem que seja deles mesmos.

Mas vamos então a história de “O Candidato Honesto 2” – Após cumprir quatro dos quatrocentos anos de cadeia, João Ernesto (Leandro Hassum) é convencido a se candidatar à presidência novamente. Adorado pelo povo por ser um político que assumiu seus erros, ele vence as eleições, mas não tem vida fácil em Brasília acompanhado excessivamente de perto pelo sinistro vice Ivan Pires (Cassio Pandolfh).

É proposital a relação que a história faz entre os nomes dos personagens com a nossa política. No filme há um vampiro, aquele político que ficar nos bastidores, mas que no fundo manda em tudo. Seu nome na trama é Ivan Pires (que falando rápido soa vampiro), mas na política ele é o nosso atual presidente Michel Temer.

O filme tem a Dilma, e suas reflexões sobre o nada com nada. Estes momentos, mesmo também sendo daquele grupo do riso fácil, até empolga um pouco. E como elemento dramático o filme joga a relação de Ernesto com Amanda, interpretada pela linda Rosanne Mulholland. A sua relação com a política, com Ernesto, e o desfecho de tudo isso, entretanto são decepcionantes. As duas cenas finais, com participação dela, chegam a ser patéticas, e a escolha do roteiro, mesmo sendo menos clichê do que o imaginado inicialmente, se mostra vazia.

Todo o roteiro, que em tese é até interessante, se perde em um mar de piadas bobas, cenas patéticas, situações que flertam com o jocoso, e um mau gosto em quase todas as escolhas narrativas possíveis.

Fazendo um exercício de memória, foram poucos os momentos de riso, e todos eles por conta de coisas que de tão absurdas soou engraçado.

“O Candidato Honesto 2” é tão decepcionante quanto a nossa política. Mesmo com boas intenções, e um contexto que favorece este tipo de filme nas salas de cinemas, o filme nem chega próximo de seu primeiro, muito mais encorpado e com um Leandro Hassum empolgado.

Tentar entender os motivos de seu humor ter decaído tanto não no faz necessário. O fato é que seu protagonismo na história não se mostra eficiente, e se deixasse a Dilma e suas reflexões por mais tempo de tela o público iria gostar mais.

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