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“Simut é o porta-voz de uma sociedade em crise”, diz Renato Livera, de Os Dez Mandamentos

Coluna da jornalista Úrsula Neves sobre tudo que acontece no universo da cultura pop

Entrevista exclusiva com Renato Livera

O atrapalhado sacerdote Simut, interpretado por Renato Livera, é responsável pelas cenas cômicas da novela Os Dez Mandamentos, da Rede Record. Simut, que já está convencido do poder do Deus dos hebreus, nos próximos capítulos decide abandonar o palácio e seguir com Moisés para Canaã.

O ator Renato Livera conseguiu um tempo livre em meio ao ritmo intenso das gravações da novela para dar uma entrevista para a Coluna Cultura Pop e Etc. Ele contou como foi a preparação do seu personagem e sobre a grande repercussão que seu personagem está tendo nas redes sociais e nas ruas. O ator revelou ainda como seria o seu final feliz ideal para Simut.

Coluna Cultura Pop e Etc.: Renato, como você descreveria o Simut?

Renato Livera: O Simut entrou na verdade na segunda fase e ficou mais velho nesta terceira fase. Trata-se de um personagem com muita verdade, ingênuo, amoroso e, acima de tudo, que traz consigo uma sabedoria genuína, pura, o que ajuda a aumentar o seu carisma. Antes ele era assistente e agora na terceira fase se torna de fato um sacerdote. No meio de tanta tragédia ele é a licença poética, uma espécie de porta-voz de uma sociedade em crise, em mutação, que questiona a verdade e salienta as injustiças do Egito. Acho que por isso as pessoas depositam nele a esperança de que as coisas podem melhorar ou ao menos ter um pouco mais de graça!

“O final perfeito para Simut seria arrumar um belo par para dividir a sua vida” (Foto: Divulgação Rede Record)

Coluna Cultura Pop e Etc.: Como foi a preparação para o seu personagem? Você participou de algum laboratório na Record?

Renato Livera: Tivemos um breve encontro coletivo para nos conhecermos no Rec9. Tentei aproveitar ao máximo tudo que aprendi no teatro e tudo que estudei ao longo da carreira. Simut tem uma ação física mais dilatada, o que me dá liberdade para certos movimentos. Eu já fiz dança, circo, e muito esporte, isso tudo me deu um bom vocabulário para utilizar no personagem! Essa foi minha preparação, que resgatei de toda minha trajetória.

Coluna Cultura Pop e Etc.: Como é o ritmo das gravações da novela? E o clima durante as gravações?

Renato Livera: O ritmo é intenso agora, ao contrário de quando começou. Antes tínhamos muita frente. Estamos recebendo capítulos e roteiros bem em cima agora, o que é natural numa produção que, mesmo sendo uma história conhecida, tem que dialogar com as adaptações, extensões de capítulos e os rumos de novos personagens. Apesar da velocidade das gravações todos estão unidos e dando o máximo! A equipe artística e a técnica estão em ótima sintonia e temos muito prazer em gravar. Isso também é o que causa o sucesso do projeto.

Simut (Renato Livera) em cena com a sua amada Karoma (Roberta Santiago) / Foto: Divulgação Rede Record

Coluna Cultura Pop e Etc.: A novela está quase na reta final e a nossa coluna já descobriu que o Simut vai abandonar o palácio para seguir com o povo hebreu para Canaã. Qual seria o seu final perfeito para o Simut?

Renato Livera: Acho que nessa altura do campeonato o final perfeito para Simut seria arrumar um belo par para dividir a sua vida que é muito solitária. Afinal, ele não terá mais o mestre Paser (Giuseppe Oristânio) ao seu lado e nem Karoma (Roberta Santiago) para exercitar a sua paixão. Ele merece ter uma mulher bacana ao lado. Vamos torcer!!!

Coluna Cultura Pop e Etc.: Como é a repercussão do seu personagem? Qual a sua explicação para o sucesso que o seu personagem está fazendo na novela?

Renato Livera: Muitas pessoas me reconhecem nas ruas e em vários lugares onde transito. Muita gente vê a novela e se manifesta nas redes sociais, onde tenho um grande número de admiradores. Existem vários perfis criados pelos fãs e isso é consequência de um trabalho feito com muita dedicação. Fui me familiarizando aos poucos com o personagem e hoje o conheço muito bem. Sei como ele sofre e como ele vibra de felicidade, isso é sentido também por quem assiste.  Acho que esse reconhecimento se deve ao fato de que o Simut não tem maldade. É um personagem que escuta, ajuda, se preocupa com o outro. Estamos carentes disso no mundo. É normal que as pessoas se identifiquem com símbolos como este.

Renato Livera / Crédito: Sergio Baia / Divulgação Assessoria

Coluna Cultura Pop e Etc.: Você é de Goiânia. Como foi a fase inicial de adaptação no Rio de Janeiro?

Renato Livera: Todo início é difícil. Eu conheci o Rio de Janeiro um ano antes de vir definitivamente para cá. Não conhecia ninguém, então foi tudo do zero. Apesar de eu já fazer teatro em Goiânia tinha que me adaptar ao ritmo da cidade. Confesso que não tive medo, encarei com muita coragem e com muita vontade de aprender. Acho que sempre fiz isso, afinal na nossa profissão precisamos nos reciclar e renovar a cada momento, estamos sempre em movimento, isso me ajudou a encarar a mudança. Tenho facilidade de adaptação e logo fiz muitas amizades lindas, mas jamais deixei meu tempo goiano de ser. Tenho grande carinho com a minha origem e apesar de já me adaptar ao modo carioca estou sempre em contato com a minha raiz, é o que me dá leveza dentro da cidade que às vezes sufoca.

Coluna Cultura Pop e Etc.: Você já tem outros projetos engatilhados para depois da novela? Está escalado para a novela Terra Prometida?

Renato Livera: Tenho um projeto para o teatro no ano que vem. Trata-se de um monólogo, o meu primeiro. Chama-se Holoco, inspirado no livro Holcausto Brasileiro, de Daniela Arbex, que fala sobre direitos humanos. Quero muito falar sobre isso há anos. É a oportunidade que tenho para trabalhar com uma temática que acho fundamental nos dias de hoje onde a injustiça reina. Já na TV estou em negociação com a Record para um próximo trabalho, mas ainda não há nada fechado. Estou focado nas últimas gravações de Os Dez Mandamentos e o que vier após isso será muito bem recebido. Quero sempre conciliar os trabalhos no teatro, na televisão e no cinema, se não for um será outro.

Jornalista carioca, mãe do Heitor. Gestora de Comunidade & Gerente de Projetos do Digitais do Marketing. Repórter do site Cabine Cultural. Adora ler, assistir séries pelo Netflix, ir ao cinema e teatro, navegar pela internet e viajar acordada ou dormindo.

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