Jurados do Superstar
Tirando Paulo Ricardo, agradável surpresa da temporada, todo o resto do elenco, incluindo as bandas, precisa de melhorias rápidas
Por Luis Fernando Pereira
Quando a nova temporada do programa Superstar, da Rede Globo, estreou, ficamos com a impressão de que era um novo começo, e por conta disto tínhamos que relevar muitas situações, pois seria duro demais criticar uma espécie de piloto como se ele fosse realmente um programa que estivesse já em sua segunda temporada. Entretanto, na segunda semana já podíamos ver claramente para onde o reality show musical pretende ir, e tanto o caminho quanto o destino são passíveis de muitas críticas.
Os jurados, para começar. Quando se fez a troca completa do trio de jurados, pensávamos que a produção estava propondo uma reformulação na dinâmica, pois o trio passado (Ivete, Fábio Jr e Dinho Ouro Preto) tinha deixado bastante a desejar. Mas dois programas passados e podemos já concluir que permanece a mesma ideia: argumentos vazios, bobos, artificiais e ninguém, exceto Paulo Ricardo, fala nada que realmente preste.
Sandy é um doce de pessoa, uma exímia cantora, boa compositora, certamente entende do mercado musical e possui experiência para dar e vender. Então, com todos estes atributos, porque sua participação é tão fútil? Por conta de seu perfil, algo fácil de identificar. Ela dificilmente dará uma opinião produtiva ou uma crítica construtiva, pois sua personalidade a todo instante a impede. É o medo de ferir os sentimentos do outro, característica nada saudável em um programa de competição como o Superstar. Chega a ser irritante ver a cantora a todo o momento dizer: gostei, amei, adorei, demais… é superficial e não agrega em nada ao programa.
Thiaguinho segue a mesma dinâmica. Imagina alguém chegar para você, falar que sua banda é ótima, sua música é boa, a vibe foi massa, mas não apertou o botão e não te quis na equipe. Thiaguinho até aqui vem sendo a contradição em pessoa, tentando, sem sucesso, não ser tão raso nas opiniões.
Dos três jurados, somente Paulo Ricardo merece de fato algum destaque, e por conta de fatos compreensíveis: é o mais velho de todos eles, é o que viveu mais intensamente as loucuras da indústria musical brasileira nas últimas décadas e é o que consegue trabalhar melhor os feedbacks dados aos competidores.
Vê-lo dizer para uma banda que ela é boa, mas a letra é horrível foi uma experiência bem agradável, não pelo fato de ser uma ofensa (porque não foi, inclusive ele quis e virou o padrinho da banda), mas por ter ali momentos de honestidade, sinceridade e conhecimento, já que a letra realmente estava bagunçada demais.
Superstar (Divulgação)
Saindo do trio de jurados e continuando com os problemas, temos a repórter Rafa Brites, bela e simpática, mas sem função alguma no programa até aqui. Imaginemos que ela não possa ir ao programa no domingo. O que aconteceria com o Superstar? Absolutamente nada, pois o que ela faz Fernanda Lima, a apresentadora, poderia fazer tranquilamente, sem a necessidade de cortar para outra câmera e para outra parte do estúdio. Para fazer algum sentido, a produção tem que fazer um trabalho de guerrilha, e levar a todo instante o espectador para dentro do programa, deixá-lo se sentir membro do reality.
André Marques, por mais bacana que seja, é outro que serve mais de escada para Fernanda Lima, em uma função que pode ser exercida tranquilamente pela própria.
Já a grande estrela, Fernanda Lima, acaba não se destacando pelo simples fato do programa ter pessoas em excesso. Superstar seria muito mais ágil, dinâmico e agradável se somente tivesse a apresentadora e os três jurados.
Estes deslizes continuam com a produção e as escolhas das bandas. É realmente estranho ver bandas como Tianastácia ou Supercombo entre as bandas selecionadas. São grupos já consolidados, que eu particularmente sou fã, nunca imaginei vê-las competindo com grupos que realmente desejam se transformar em superstars.
Apesar de já imaginar onde o programa irá chegar, ficarei aqui esperando por melhoras nos próximos episódios, pois não é tão difícil corrigir alguns dos erros que o programa vem cometendo. A Globo tem uma equipe de produção competente, deveria somente pesquisar os casos de sucesso em realitys do gênero. Se fizesse isso, as chances do Superstar ser uma boa pedida para as noites de domingo seriam enormes. Por enquanto tem sido melhor assistir as pegadinhas de terror do gênio Silvio Santos.
Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site