Coluna de Helena Prado sobre tudo que o universo pode oferecer; um espaço para contos, crônicas, textos, relatos…
A VIVO, seu jeitinho de trabalhar e uma certa cliente…
Helena era uma escritora novinha que dependia de computador e de celular para trabalhar. Como todos, grande novidade! Dependia mais do que do computador, de seu celular e de uma operadora que funcionasse. E que falasse com quem ela quisesse, incluindo seu patrão, que até cansava de tanto que gostava de falar ou escrever um WhatsApp.
Então, era exatamente assim: no seu celular, a operadora era VIVO. No computadorzão era a Net, e o Wifi idem.
Ela foi cautelosa para escolher sua operadora de celular. Viu que a maioria de seus contatos usavam a VIVO, embora uma de suas amigas tivesse verdadeira ojeriza à operadora. Depois de muito ouvir a amiga e estudar, concluiu que sairia mais em conta usar a VIVO. Tratava-se de economizar e não de gostar.
Helena era uma escritora novinha…
Helena resolveu experimentar, utilizando o sistema pré-pago. Achava mais legal porque controlava melhor seus gastos, mesmo sabendo que um celular pós sairia mais barato.
1 ª decepção: em maio, de repente e do nada, sua linha pré foi bloqueada. Uai!, ela pensou, embora não fosse mineira. Tenho absoluta certeza de que tenho crédito. E tinha qualquer coisa em torno de R$ 134,00. Com o VIVO mudo dias seguidos, sem dar muita bola porque também um TIM, um dia resolveu saber por que seu VIVO não funcionava.
E soube, por portas e travessas, e milhares de telefonemas depois, além de um baita cansaço e tempo perdido, o motivo da mudez de sua linha VIVO: MUITO crédito. O interessante é que a VIVO pedia para pôr mais crédito para desbloquear sua linha (?), que, como já disse, tinha excesso de crédito. Entenderam? Ela não.
Muitos dias depois e muito a contragosto também, já no início de junho, Helena pôs R$15,00 de crédito. Sua linha foi desbloqueada? Nãaaaaaaaaaaaao. Ela reclamou e recebeu o primeiro de uma coleção de protocolos. Isto foi em 8/06/2016. Se a VIVO presenteasse quem tivesse o maior número de protocolos, Helena ganharia. A não ser que o presente fosse um celular VIVO. Neste caso, ela passaria.
Com muita raiva – Helena era brava que só vendo – recebeu, para coroar, um e-mail dizendo: consta pendente no seu CPF a quantia de R$ 434,98 em atraso. Ora, se seu aparelho era pré-pago, como poderia constar 438, 98 pilas em atraso?
Desanimada e de saco cheio de brigar com a VIVO, afinal ela precisava trabalhar para viver e não para a VIVO ganhar mais à custa dela, ela escreveu uma carta para a Folha de São Paulo, contando exatamente o que estava acontecendo.
Vivo, sempre a VIVO!
Somente assim, a VIVO resolveu perceber que tinha uma assinante de nome Helena.
Ela explicou o que estava acontecendo e absolutamente nada foi resolvido. Foi muito legal!!!
Apesar de terem entrado em contato com ela inúmeras vezes, seu telefone continuou mudo, ela não podia entrar na internet, muito menos mandar os WhatsApps que tanto facilitavam sua vida. Tampouco seu telefone voltou a funcionar…
Foi preciso muito desgaste, mais cartas para a Folha, até que desbloqueassem a linha dela. A VIVO, Helena tinha a impressão, acredita que ninguém trabalha neste Brasil varonil.
Em junho, Helena foi à loja VIVO do Shopping Higienópolis, carregando consigo muitas dúvidas e a cópia do e-mail onde se lia que, no CPF dela, constava em aberto uma maldita pendência/penitência de R$ 434,98.
Ele falou tantas maravilhas que Helena concluiu que seu calvário terminaria ali
Depois de pegar uma senha e esperar, apareceu um cara com jeito de “deixa que eu resolvo” chamado Lucas, um vendedorzinho desses de… desses que começam com M e terminam com A, e ao todo têm cinco letras, como todos da VIVO, e convenceu que Helena deveria por A e + B fazer a equação do plano pós-pago. E que seria muito mais barato, etc, etc…. Enfim, ele falou tantas maravilhas que Helena concluiu que seu calvário terminaria ali.
E fez o tal plano: ela passaria a viver no céu, pendurada ao telefone, com o namorado, ou trabalhando e usando seu VIVO com outro VIVO, e que, VIVOS, viveriam felizes para sempre.
Falaria, principalmente, com um grande e querido amigo Fernando P, que, além de amar gatos e cachorros e bichos em geral, também adorava falar ao telefone, horas e horas a fio, e que, como ela, também curtia de montão bater papo pelo WhatsApp.
Como ele era igualmente um “feliz possuidor de um celular VIVO”…. Um orgasmo!
Voltando para o Lucas, o vendedor que começa com M e termina com A, com três letras no meio, Helena disse a ele o seguinte: quero que você faça débito automático no meu cartão de crédito, e que o demonstrativo da minha conta e contrato vão para o meu e-mail. Entendeu? Vou passar no banco para autorizar o débito no meu cartão. Claro, pode ficar tranquila, disse ele pegando o cartão de crédito e o e-mail de Helena. Ela guardou, sua memória era ótima: o contrato foi efeito no dia 07/06/2016.
Tudo certinho.
E o que fazer com este e-mail que recebi onde consta que devo R$438,98, perguntou a Lucas. Ele, com olhar de “lôra burra”, verificou, verificou, olhou pra cima, pra baixo e concluiu: na VIVO móvel a senhora não deve nada. Ela disse ao jovem: não me diga? Como assim? Como não devo nada? E a anta respondeu: não, a senhora, na VIVO móvel, não deve nada. Então ela resmungou: claro que eu não devo nada. Com a cara de mais “lôra burra ainda”, ele ficou sem saber o que dizer. Então ela cutucou: você não vai me dar um comprovante de que não devo nada? Ele nem respondeu. Depois disse, chamando Helena de mentirosa, e se tiver alguma pendência na VIVO fixo? Ouviu: já é um Karma ter um VIVO móvel, por que eu teria também um VIVO fixo? Helena saiu furibunda da loja, deixando o infeliz mudo.
Mas foi caminhando pra casa e, quando chegou, pensou à la Poliana, impressionante como “coisinhas tão pequenininhas” nos tiram do sério, tentando minimizar o ódio que ela sentia da VIVO.
Mas ficou apreensiva quando abriu seu e-mail. Apareceu um contrato da VIVO, absolutamente nonsense, no qual não constava nem seu nome, nem seu CPF, nem seu endereço, nem nada….
Como estava cheia de trabalho, e já não tinha mais tempo para perder com a VIVO, salvou a aberração e deixou quieto. Mas foi ficando muito aflita porque nenhum demonstrativo de pagamento chegava ao seu e-mail. Também ainda era cedo para chegar, achou. Êta, como sou apressadinha, falou alto e sozinha..
A VIVO tinha virado uma cruz na vida dela, que agora era um calvário
E, sossegada, foi trabalhando, trabalhando até que recebeu um telefonema da maldita VIVO. Assim: consta em aberto uma fatura referente ao mês 6/2016, no valor de R$91,09. Helena não entendeu nada, a não ser que a VIVO tinha virado uma cruz na vida dela, que agora era um calvário. Enlouquecida, ela disse para a telefonistinha de M, que termina com A e tem três letras no meio: como posso estar devendo esta quantia, referente ao mês seis, se assinei o contrato no dia 07/06, e ainda tinha R$134,00 de crédito no meu VIVO PRÉ-PAGO, e mandei pôr em débito automático? Vou pagar como, se não tenho boleto ou coisa que o valha para poder resolver essa situação? E mais: não recebi demonstrativo nenhum no meu e-mail, como tratado quando fiz o contrato. E só aí a pobre Helena percebeu que falava com uma máquina de cobrança da VIVO, e na roubada que tinha entrado. O dinheiro que ela tinha no pré-pago, nunca foi devidamente explicado a ela.
Helena foi ao site da VIVO e entrou no [email protected] e descarregou tudo que estava acontecendo na vida dela desde que ela caiu na asneira de aderir a um plano VIVO. Uns 10 dias depois, recebeu um e-mail dizendo: Confirmamos o recebimento de sua reclamação, você terá o retorno em cinco dias. Veio? Nunca, nunca recebeu um telefonema sequer desta que agora ela desejava fosse atingida por um míssil do Estado Islâmico.
Depois de ter mandado outra carta para a Folha de São Paulo e fazer uma queixa para a Anatel, inclusive falando dos malditos 438, 98 reais que ela não devia e ninguém queria lhe dar um comprovante, Helena foi novamente à mesma loja VIVO e seguiu marchando direto até Lucas, que não se lembrava dela, lógico. Mas não passou desapercebido seu jeito, olhar e ódio. Tanto que ela foi atendida rapidinho por outro cara. Um outro vendedorzinho de M gerou uma conta para ela, disse que bastaria que ela pagasse e que em seguida entraria no sistema e seu VIVO voltaria a funcionar integralmente em 15 minutos, no máximo. Ela ainda mostrou o contrato nonsense que recebeu, ele olhou pra aquilo e também não entendeu bulhufas. E sumiu com ele. Puxou então um outro contrato onde constava o nome e o CPF corretos, no entanto, o endereço absolutamente errado, que foi corrigido, enquanto ela pensava que quem deveria morar naquele endereço era o vendedor patético e sua mamãe.
Em relação aos R$ 438,98 que recebeu por e-mail, depois que queixou-se à Anatel e ao jornal Folha de São Paulo, um sujeito da VIVO entrou em contato com Helena, querendo que ela o enviasse para o e-mail dele. Ela disse: desde que antes você me envie um e-mail, onde conste que não devo nada para a VIVO. E assim foi feito.
Já é um Karma ter um VIVO móvel, por que eu teria também um VIVO fixo?
Helena foi a uma lotérica dentro do Shopping, pagou a conta, esperou um tempo regulamentar e tentou dar um telefonema. Como conseguiu, saiu do shopping e foi embora. Quando chegou em casa foi que percebeu que só o telefone funcionava. Nem internet nem mais nada que dependesse dela funcionavam.
Outra via crúcis, que ficará sem ser detalhada, porque ninguém mais merece ler tamanho desrespeito ao cliente.
Tentando simplificar, embora seja uma missão impossível, e dar fim a este conto do vigário, sem receber demonstrativo de ligações e boleto de pagamento da conta do 8/2016, Helena teve de ser hospitalizada no dia 21 de setembro último.
No dia seguinte, começou a receber ligações da maldita VIVO dizendo que não constava o pagamento…… Por sorte, uma grande amiga fez a gentileza de ir à loja da VIVO, geraram uma conta, que foi paga no dia 23/09. Isto foi numa sexta-feira. Da segunda subsequente até a quinta, a maldita VIVO telefonou diversas vezes ao dia, começando lá pelas 9h, se tanto, para saber se a conta estava paga. Helena berrava com a máquina: foi paga, sim. No dia 23 de setembro.
Já em casa, havia dois dias, sua linha telefônica foi cortada. Até o número de reclamações estava impedido. Helena pediu para sua amiga que ligasse de seu VIVO, para o *8486, a fim de reclamar. Lá informaram a ela que a linha de Helena estava ativa e que deveria ser um problema técnico. E que era para Helena ligar do celular com problema, ou seja, do “mudo”, para 1058 opção 2 e ver o que estava acontecendo.
Com ódio mortal, Helena ligou de seu fixo e, quando perguntaram se ela falava do telefone com problema, ela urrava *O¨$%$#@#XJHN& R*¨(ON(M** {_N}&)%E *CO X$C.
É, foi um problema na rede e, infelizmente, seu número, e ela #$!@!#$&&)*)*_*_*(_56857%$@$@#.
Seu telefone voltou a funcionar na hora, a internet idem e todos os demais itens que dependem da internet também.
O demonstrativo do mês 9/2016 finalmente chegou à casa de Helena e já foi posto em débito automático. Depois de cinco meses, a VIVO conseguiu entender, a duras penas, que Helena precisava de um demonstrativo e de um boleto para pagar. Ô gente burra !!! Porque entendeu quase tudo, mas deixa pra lá…
Helena cancelará seu contrato, óbvio. Só está esperando sarar.
Ela ficou paradona no advogado da VIVO
Não interessa pra Helena a quantia, mas ela gostaria muito de saber como a VIVO tem a cara de pau de cobrar multas e juros por atraso, depois de tê-la feito de palhaça por tanto tempo.
Mais: a VIVO, em algum tempo, pensou em restituir à assinante os dias em que ela teve seu telefone bloqueado por absoluta incompetência desta operadora indecente e desorganizada?
Com tudo isto publicado, a VIVO processou Helena. A VIVO só não previu que Helena, além de ter toda a documentação que comprovava o que ela havia dito, ela também tinha uma advogada bárbara, que ganhou a ação para a sua cliente, e ainda arrancou da VIVO uma bela de uma indenização.
Apesar de tudo isso, e de todo o desgaste que Helena passou, ela ficou paradona no advogado da VIVO, que, lindo e muito simpático, deu a ela seu celular…VIVO. E até chegaram a conversar um pouquinho, e a combinar de se verem qualquer hora.
Passado um tempo, Helena e o advogado da VIVO começaram a namorar. E mais um pouquinho pra frente, ela o arrancou de lá, e o levou para um escritório de um amigo muito legal, que lhe ofereceu muito mais do que a VIVO pagava a ele, que, diga-se, era uma merreca.
Você, advogado da VIVO, tenha certeza de que, apesar da herança maldita que o governo daquela senhora que estoca vento deixou para os brasileiros dignos e sérios, pode ter certeza de que, se for competente, arranjará outro trabalho numa empresa mais séria e que lhe pague mais. Quem diz isso é Helena. Se eu fosse você…. experimentava.
Aos 17 anos publicava minhas crônicas no extinto jornal Diário Popular. Foi assim e enquanto eu era redatora do extinto Banco Auxiliar, um porre! Depois me dediquei às filhas. Tenho duas, Paola e Isabella. Fiz comunicação social. Mas acho mesmo que sou autodidata. Meu nome é Helena e escreverei aqui aos domingos.