Coluna da jornalista Úrsula Neves sobre tudo que acontece no universo da cultura pop
Entrevista Miriam Freeland
Miriam Freeland está de volta a Record com um papel de destaque na primeira parte da novela Terra Prometida, da Rede Record. Longe da emissora desde 2011, quando interpretou Maria em Máscaras, a atriz foi convidada para viver Raabe, personagem bíblica que tem papel fundamental na conquista da cidade de Jericó pelo povo hebreu, comandada por Josué (Sidney Sampaio). A novela Terra Prometida tem estreia prevista para o dia 27 de junho.
Enquanto a estreia de Rabbe nas telinhas não acontece, o público pode conferir o trabalho da atriz na peça A Casa de Bonecas. A versão é do premiado diretor argentino Daniel Veronese para o clássico do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, escrito em 1879. Miriam divide o palco com o marido, o ator Roberto Bomtempo, em mais uma montagem produzida pela Cia. Movimento Carioca de Teatro. O espetáculo fica em cartaz de sexta a domingo, sempre às 19 horas, até o dia 12 de junho no Centro Cultural da Justiça Federal, no Centro do Rio de Janeiro.
Em conversa exclusiva com a Coluna Cultura Pop e Etc., Miriam conta detalhes sobre a sua personagem Raabe na novela A Terra Prometida e a experiência de montar uma nova versão para o clássico A Casa de Bonecas.
Confira a entrevista:
Coluna Cultura Pop e Etc.: Miriam, você está de volta a Rede Record com um papel fundamental na novela Terra Prometida. Conte um pouco sobre este retorno.
Miriam Freeland: Estou muito feliz com este papel, é uma grande personagem e foi isso que me mobilizou a voltar a Record. Foi um convite irrecusável. Este é, sem dúvida, um momento muito positivo para a Record e para a dramaturgia brasileira.
Coluna Cultura Pop e Etc.: As gravações já começaram? Conte-nos sobre a sua personagem.
Miriam Freeland: Sim, já estou gravando há quase dois meses. A minha personagem é a Raabe, uma prostituta, moradora de Jericó, que é a primeira cidade que Josué vai invadir. Ela vai dar cobertura a dois espias (espiões) hebreus, o que a torna uma protetora do povo hebreu. E quando esses espias conseguem fugir, prometem que salvarão ela e a sua família quando Jericó for invadida. E é exatamente isso que acontece. Isso é uma passagem bíblica, a minha personagem é bíblica, de uma importância muito grande porque, apesar de não ser hebreia, ela é uma mulher de fé que se converte sozinha ao Deus de Israel. Isso a torna uma personagem muito simbólica e muito forte dentro da história do Antigo Testamento e dentro da novela.
Miriam Freeland – Foto Divulgação Rede Record
Coluna Cultura Pop e Etc.: Qual o seu núcleo familiar na novela?
Miriam Freeland: A Elizângela interpreta a minha mãe e o Walter Breda, o meu pai. Também interpreto muito com o ator Leonardo Franco, que faz o Tibar, um personagem vilão de Jericó, e os dois espias hebreus: os atores Rafael Sardão (que interpretou o personagem Uri, de Os Dez Mandamentos) e Gabriel Gracindo.
Coluna Cultura Pop e Etc.: A sua personagem viver um triângulo amoroso, coreto?
Miriam Freeland: Sim, a Raabe vive um triângulo amoroso entre os personagens do Leonardo Franco e o Rafael Sardão, que também é disputado entre a minha personagem e a Jéssica, personagem da atriz Maytê Piragibe.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Mudando de assunto, como surgiu a ideia de montar esta nova versão do espetáculo A Casa de Bonecas aqui no Brasil?
Miriam Freeland: Este espetáculo é um projeto meu e do Roberto Bomtempo, meu marido. Nós assistimos o espetáculo há uns três, quatro anos, na Argentina. Na época compramos os direitos e só agora conseguimos montar. É uma peça que tem uma versão realmente contemporânea, diferenciada do clássico do Ibsen, mas que a essência do espetáculo, que é a questão do feminismo, do papel da mulher, da emancipação feminina, toda essa discussão que está no espetáculo de uma forma muito contundente. Ensaiamos durante seis semanas, foi um processo bem intenso. Os ensaios foram bem bacanas porque estávamos com amigos: eu, Bomtempo, a minha sogra (a atriz Regina Sampaio) e mais os atores Leandro Baumgratz e Anna Paula Sant’Ana. Enfim, foi um processo que foi muito bem idealizado com muito carinho e que todos nós acreditamos muito no projeto.
Coluna Cultura Pop e Etc.: A peça está conseguindo boas críticas. Como está sendo a receptividade do público?
Miriam Freeland: A receptividade do público tem sido extremamente positiva, além das críticas muito boas do espetáculo. Percebemos que, além da peça ter muito humor. Em 80% do espetáculo a plateia está rindo ou gargalhando e nos outros 20% da peça as pessoas ficam consternadas e emocionadas com a força e a potência que o texto do Ibsen e do Veronese têm. Este texto proporciona uma discussão importante do papel da mulher e deste novo feminismo que a nossa geração está debatendo novamente.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Como vocês idealizaram a montagem desta versão mais intimista de A Casa de Bonecas?
Miriam Freeland: A montagem não tem nenhum movimento de luz, é uma luz chapada, um cenário chapado, sem trilha sonora, com figurinos muito simples, praticamente objetos que pegamos em casa para compor o cenário. Isso porque o Daniel Veronese é um dramaturgo que trabalha muito com o encontro do texto com os atores. E na potência que isso pode proporcionar para a plateia. Acho que estamos conseguindo atingir essa proposta pela resposta do público e pelas críticas. E isso tem sido muito gratificante para todo o elenco.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Ibsen questiona no texto as convenções sociais do casamento e do papel da mulher na sociedade, o que provocou um choque no contexto social e comportamental do final do século 19. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Miriam Freeland: Acho muito pertinente falar sobre o feminismo, discutir a questão, levantar novos pensamentos porque realmente percebemos que o espetáculo causa esse impacto. Há muita necessidade de que isso ainda seja discutido. Apesar de estarmos no século 21, ainda somos uma sociedade patriarcal e machista. O mais importante é acreditar que mais debates sobre o tema possa mobilize uma transformação.
Coluna Cultura Pop e Etc.: Você divide o palco com o seu marido, o ator Roberto Bomtempo. Essa intimidade ajuda ou atrapalha dentro do processo de interpretação?
Miriam Freeland: Eu e meu marido estamos juntos há onze anos e sempre trabalhamos juntos. Nós gostamos de trabalhar juntos e a nossa intimidade cênica vai se aprofundando a cada trabalho e a gente se diverte muito. Eu sou mais “caxias”, no sentido mais chata mesmo (risos). Fico mais tensa e o Bomtempo sempre pede para que eu relaxe e curta mais. Mas isso é apenas uma pequena diferença de temperamento. Mas nós gostamos muito de produzir os nossos projetos, de ter uma autonomia de trabalho, de poder escolher os espetáculos que queremos montar e fazer. E o teatro proporciona isso. Nós já produzimos também um filme que fizemos juntos na nossa produtora que é a Movimento Carioca de uma forma familiar, porém “encorpada” para que os projetos sejam realizados de uma maneira bacana.
Jornalista carioca, mãe do Heitor. Gerente de Conteúdo e de Projetos do Digitais do Marketing. Colunista convidada do Blog Eu, Ele e as Crianças. Adora ler, assistir séries pelo Netflix, ir ao cinema e teatro, navegar pela internet e viajar acordada ou dormindo. No Cabine Cultural possui a coluna Cultura Pop e ETC… sobre tudo que acontece no universo da cultura pop.