Crítica

Tela Quente exibe obra-prima Que Horas ela Volta? nesta segunda. Leia crítica

Filme brasileiro Que Horas ela Volta? ficou de fora da disputa pelo Oscar / Crédito: Divulgação

Filme foi merecidamente o candidato brasileiro na corrida pelo Oscar em 2016; filme traz Regina Casé em brilhante atuação

Um filmaço. Esta pequena, mas importante palavra pode descrever tranquilamente o filme Que Horas ela Volta? Da diretora Anna Muylaerte. O filme, que encanou brasileiros e estrangeiros, chamou a atenção para um importante tema da nossa sociedade atual: a relação cada vez mais complexa entre patrões e empregadas domésticas.

Na trama Regina Casé é Val, empregada doméstica que se mudou para São Paulo, mas convive com a culpa por ter deixado a filha Jéssica (Camila Márdila) no interior de Pernambuco, enquanto trabalha e sustenta os estudos da menina no Nordeste. ‘Que horas ela volta?’ terá exibição mais que especial nesta segunda-feira, dia 11 de janeiro, na sessão Tela Quente, na Rede Globo. O filme começa depois de Ligações Perigosas.

Imperdível!

Crítica
Que horas ela volta? é atual, tem o frescor das transformações dos últimos anos e, como poucos filmes com temática social, tem a dosagem certa de provocação e humor. As tensões entre patrões e empregados são bem orquestradas e a atuação de Regina traz um toque de leveza e comicidade à trama. Tendo conquistado visibilidade internacional, o filme já ganhou o prêmio de melhor filme pelo júri popular no Festival de Berlim, e rendeu às atrizes Regina Casé e Camila Márdila prêmios de melhor atriz em filme estrangeiro no Festival de Sundance. O rebuliço do filme no exterior pode ser explicado pela universalidade do tema e os conflitos inerentes à ele. “É um filme que trata de relações de poder, e isto está em todo lugar…Todo mundo está em algum lugar dentro desta hierarquia de poder. Eu acredito que ele seja popular”, completa a diretora Anna Muylaert na coletiva de imprensa em São Paulo.

É um cutucão na classe média alimentada pela cultura da segregação, que não é intencional mas que possui raízes históricas. Ao trazer Val e Jéssica como condutoras da trama, Muylaert nos faz sair de nosso lugar de conforto e nos convida a observar a realidade sob o olhar do outro, um olhar invisibilizado. É uma denúncia dos preconceitos e comportamentos que foram naturalizados ao longo do tempo. Jéssica se vê no direito de ocupar os mesmos espaços dos patrões e tomar do mesmo sorvete de Fabinho. Diferente de Val, que adota uma postura servil e indulgente, ela não aceita a separação imposta pela arquitetura da casa e os comportamentos impostos pelos patrões da mãe . Sua determinação e olhar crítico são vistos como petulância e imoralidade, visto que ela rompe com a ordem estabelecida e causa um choque de valores.

Leia a crítica na íntegra

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