Cinema

Entrevista exclusiva: Política, cinema e novela: Humberto Carrão bate um papo com o Cabine Cultural

Humberto Carrão – Foto Milena Palladino Divulgação

O ator Humberto Carrão, 25, esteve em Salvador na noite do último sábado, 12/11, para compor o quarto dia do XII Panorama Internacional Coisa de Cinema, festival que reúne 142 produções de 16 países em competitivas de diversas categorias.

Carrão veio divulgar o seu 2º filme como diretor e roteirista, “Regeneração”, um curta de 17 minutos que aborda a gentrificação e o racismo no Rio de Janeiro. Após a exibição, Carrão debateu o filme com o público, jornalistas e críticos de cinema.

O Cabine Cultural esteve lá e bateu um papo exclusivo com o ator que, além do filme, está no ar em “A Lei do Amor”, a novela das 21 hrs da Globo. Confira:

– Cabine Cultural: Conta para os nossos leitores sobre esse teu trabalho como diretor e roteirista e a tua inserção no cinema para além da carreira de ator.

– Humberto Carrão: Esse é o meu segundo filme. Anterior a Regeneração eu fiz o Á Festa. À Guerra, que estreou no ano passado, rodou por vários festivais e ganhou alguns prêmios. Eu me formei em cinema em 2012, então não é algo que tá aparecendo agora, já é um desejo antigo e que eu pretendo seguir trabalhando.

– CC: É a sua primeira vez no Panorama Coisa de Cinema? Qual a tua relação com o festival?

– HC: Sim, minha primeira vez no festival, mas eu já tinha ouvido falar muito dele. Tenho uma relação forte com a Bahia, com Salvador, então é especial fazer um festival dessa magnitude aqui e que também se expande para outras cidades. Estive ontem em Cachoeira exibindo esse curta e foi uma experiência incrível. Além disso, o curta foi produzido com a ajuda de um grande amigo baiano, Danilo Ferreira, então tem muito da Bahia nessa produção.

– CC: Você está na novela das 21 hrs da Globo, A Lei do Amor. Como está sendo para ti fazer esse personagem e contracenar com tanta gente de peso, ao exemplo da Vera Holtz e do Tarcísio Meira?

Divulgação/Globo

– HC: Tá sendo massa, essa novela está me proporcionando um reencontro com grandes amigos, pessoas com eu já trabalhei e me dou bem. Também rola esse encontro com grandes artistas, como a Vera, o Tarcísio e o Danilo. Tô trabalhando muito, fazer novela é sempre um trabalho muito desesperador, bem corrido, mas tem sido muito prazeroso.

– CC: Você participou ativamente da campanha de Marcelo Freixo (PSOL) para a prefeitura do Rio. A sua atuação no Festival de Cannes, com o filme Aquarius, foi também uma forte posição política. Você se considera um cidadão de esquerda ou acha que essas denominações, esquerda e direita, estão ultrapassadas?

– HC: Sim, sou uma pessoa de esquerda. Acho que ser de esquerda tem a ver com lutar e pressionar por um mundo menos desigual, mais justo socialmente e economicamente. Sou libertário, luto a favor das liberdades. Estamos vivendo no Brasil um momento de perda de muitas dessas liberdades e é preciso que façamos algo. Eu não acho que os termos esquerda e direita estejam ultrapassados, ainda são válidos. O que eu acho é que é preciso repensar alguns parâmetros da esquerda, ver os erros e corrigi-los para que se possa chegar efetivamente ao poder e promover verdadeiramente as mudanças desejadas.

– CC: Você acha que é importante o artista, o homem público, se posicionar politicamente perante seu público?

– HC: Sim, com certeza. Mas não só o artista, vale também para o professor, para o médico, para qualquer cidadão. Se posicionar é bem importante.

– CC: Qual a sua posição sobre as ocupações de escolas e universidades em protesto contra a PEC 55?

– HC: Eu apoio completamente. Acho que são os nossos heróis atuais. Estamos vivendo um momento histórico e é preciso dar cada vez mais visibilidade para essas pessoas que estão resistindo e lutando por um Brasil menos retrogrado.

– CC: Algum projeto futuro que você pode nos adiantar?

HC: Eu tô escrevendo e desenvolvendo o argumento que pretendo trabalhar no ano que vem, mas ainda não sei se será um curta, um longa, um documentário ou algo do tipo. Vamos esperar para ver.

 Pedro Del Mar, baiano, 25 anos, repórter e colunista. Um curioso nato que procura enxergar o mundo sem as velhas e arranhadas lentes do estabilshment. Acredita que para todo padrão comportamental há interessantes exceções que podem render boas histórias.

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