Crítica

Crítica iZombie: série de zumbis pode ser uma boa surpresa na temporada

iZombie

Série estreou nesta semana e trouxe um pouco menos de seriedade às produções que trazem os zumbis como premissas principais; resultado foi bom

Por Luis Fernando Pereira

Esta semana estreou lá nos Estados Unidos mais uma série sobre zumbis. iZombie, criada por um dos produtores mais interessantes da atualidade, Rob Thomas (Veronica Mars), trouxe, ao menos em seu episódio piloto, certo frescor as produções do gênero. Ela não chega a ser tão dramática quanto The Walking Dead, nem tão trash quanto Z Nation (série da SyFy) e é justamente este meio termo que pode fazer de iZombie uma boa surpresa nesta temporada.

iZombie conta a história de Olivia Moore (Liv), interpretada pela atriz Rose McIver, uma jovem estudante de medicina, noiva e que tem sua vida toda planejada, até que em uma única noite ela vê seu mundo virar de ponta cabeça: Liv, após ir numa festa, se transforma em um zumbi que se alimenta de cérebros. Meses depois nós já vemos o seu processo de adaptação, com ela trabalhando no escritório de um famoso legista, Dr. Ravi, e secretamente se alimentando de cérebros frescos em seu trabalho. Até o dia que seu chefe descobre e fica entusiasmado por experiências que quer fazer com ela.

A virada na história acontece pelo fato de Liv, ao se alimentar dos cérebros dos recém falecidos, acaba recebendo parte de suas memórias, e este fato faz Liv se tornar uma peça importante para o detetive de homicídios, Clive Babineaux, pois ela poderá ajudá-lo a descobrir, por exemplo, quem assassinou determinada pessoa.

É justamente esta parte da história que fará iZombie ser uma trama um pouco diferente das demais. Ela está mais próxima de um procedural, com os chamados casos da semana, diferenciando das outras, que trabalham com uma única trama, voltadas para a ideia de sobrevivência. Isto faz de iZombie uma série sem aquele ar de urgência, e por isso ela pode se dar ao luxo de trazer elementos de comédia sem soar estranho.

O fato dela ser produzida pela rede americana CW (canal pequeno e jovem, um tanto conservador) também fará da trama algo mais palatável que The Walking Dead, por exemplo, e será mais difícil vermos zumbis com cabeças dilaceradas, mostrando suas entranhas para todos verem. iZombie aparenta ser uma versão mais comportada de séries de zumbis, mas sabendo quem é o seu criador, podemos até esperar surpresas neste sentido.

Outro ponto importante aqui é que desde o primeiro momento vemos a série pelo ponto de vista de um zumbi, a bela Liv. Algo bem parecido aconteceu no filme Meu Namorado é um Zumbi (Warm Bodies) e o resultado foi bem interessante. A intenção, desde os primeiros segundos, foi fazer o espectador criar uma empatia com ela, e sem esta empatia, a série certamente fracassará.

Neste sentido, o trabalho da atriz Rose McIver chama atenção. Ela apresenta traços cômicos, mas também consegue passar certa dramaticidade, sobretudo ao narrar o fato de que ela perdeu tudo (a vida, o noivo, a perspectiva). Fazer esta junção de comédia e drama será um grande desafio para a atriz, e o sucesso da história vai depender muito disto acontecer.

O roteiro, apesar de ter sido bem redondo em seu piloto, precisa ser bem explorado, pois teremos duas histórias paralelas acontecendo em iZombie: os casos da semana, caso seja este realmente o formato da série, e a trama principal, envolvendo os estudos para saber o que aconteceu com Liz, se é reversível e se existe outro zumbis (provavelmente existirá) na história.

iZombie estreou como uma boa surpresa. Esperava-se algo mais tosco e menos coerente, mas o trabalho de Rob Thomas e dos outros produtores (e roteiristas) se mostrou bastante interessante. A série, que terá 13 episódios em sua primeira temporada, começou bem, mas ainda é cedo para cravar com segurança que ela é uma das surpresas da temporada. Mas podemos garantir que potencial ela possui.

Veja o trailer

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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