Ave, Cesar!
“Deixo o crítico de lado e permito o fã assumir neste fechamento: Joel e Ethan Coen são gênios. Ponto”
Por João Paulo Barreto
Existe uma capacidade dos irmãos Coen de criar seus filmes em um universo próprio deles. Há uma identificação por parte do público mais atento quando uma obra possui a assinatura dos dois diretores. E isso não significa que seus filmes sejam reconhecíveis por conta de uma estética especifica, de uma fotografia inconfundível (apesar de trabalharem há tempos com Roger Deakins e este possuir, sim, um tipo de posicionamento de câmera especifico) ou de um tipo único de história a ser contada.
Não, é um pouco mais do que isso. A marca dos Coen está no apuro que seus filmes possuem independente do teor de suas tramas. Em suas produções, o espectador encontrará um nível de qualidade técnica e narrativa independente da seriedade ou não na abordagem de sua história. Assim, os dois conseguem criar obras que, apesar de díspares, carregam semelhante esmero nas construções, seja para denotar um mundo brutal e repleto de monstruosidades com Onde os Fracos não têm Vez, seja em seu trabalho seguinte, a paródia dos filmes de espionagem Queime Depois de Ler.
Em Ave, César!, os dois acertam novamente, mas, dessa vez, o êxito está tanto na capacidade de não se levar a sério quanto na possibilidade de abordar a história na Hollywood dos anos 1950 de modo quase documental.