Crítica

Crítica MasterChef Júnior Brasil: o melhor reality show da tv aberta

MasterChef Júnior Brasil

Produção caprichada, edição dinâmica e tudo bem roteirizado, o MasterChef Júnior dá uma aula aos demais realitys shows da televisão aberta no país

Por Luis Fernando Pereira

Semana passada a Band exibiu o primeiro episódio da primeira edição do MasterChef Júnior, programa que em tese viria tampar o buraco deixado pela versão adulta da mesma franquia, o grande carro chefe da emissora neste ano. A estrutura era basicamente a mesma, a dinâmica parecida e os três jurados, a cereja do bolo do reality, estavam lá também.

Acontece que a versão Júnior do programa conseguiu ser ainda melhor que o original. Os participantes, crianças prodígios, adoráveis, solidárias e nem um pouco egoístas, são o diferencial desta edição. É incrível vê-los trabalhando, ou melhor, divertindo-se, na cozinha. Mais atentos, com mais foco e infinitamente mais solidários que suas versões adultas. Num certo momento Paola Carossela pergunta para os dois amigos de júri o que é que se perde quando viramos adultos. Perde-se a coragem, responde Ana Paula Padrão, que continua apresentando, e bem, o programa.

A atenção e o cuidado da produção também merecem destaque. Tudo muito bem cuidado, dando para perceber o carinho e a atenção de todos com o programa. As crianças, ao menos numa primeira olhada, estão muito seguros, e não somente fisicamente, vide os casos de ataques aos participantes mirins feitos em uma determinada rede social.

O programa, mesmo com suas quase três horas de duração, passou rápido e não dava vontade de sair para fazer nada. As histórias por trás dos candidatos são muito lindas. No fim das contas, qualquer reality show se resume a contar boas histórias. O que o The Voice Brasil não faz, o MasterChef Júnior faz de sobra. Veja Ivana, nascida em Atlanta, EUA, filha de mãe colombiana e pai brasileiro, fala três idiomas, português, inglês e espanhol. Uma menina normal, brincalhona, mas extremamente séria e concentrada quando está na cozinha.

A edição realmente fez um ótimo trabalho. Vê-los comentando as suas ações nas provas, a junção do que eles falavam em depoimentos e o que acontecia na cozinha saiu mais que perfeita. Tudo muito dinâmico, leve, engraçado, mas com toda a seriedade do reality.

MasterChef Júnior Brasil

A presença dos pais, que acaba sendo mais um cuidado da produção do programa, acabou saindo exagerado e contra produtivo. Acredito que o papel deles é supervisionar questões como segurança, e talvez nem isso, já que imagino que existam equipes responsáveis por isso. Assim, caberia aos pais somente prestigiá-los, dos bastidores, e sem voz ativa, afinal, o que de melhor o reality possui são as crianças. Quanto menos adultos, melhor.

Foi uma pena já no primeiro episódio vermos tantos irem embora. Cá entre nós, não seria nada mal se víssemos todos eles em todas as semanas por lá, cozinhando, interagindo, brincando e nos surpreendendo com seus pratos elaborados e aparentemente deliciosos.

A ideia de um programa de competição acaba não sendo tão atraente numa primeira análise; afinal, é saudável fazê-los perceber tão cedo que o mundo é uma competição contínua? Que o vencedor ganha sempre algo mais (no caso, viagens a Disney com acompanhantes)?

Mas no caso do MasterChef Júnior foi incrível vê-los se importando com os colegas, torcendo por eles, ajudando-os. Se o futuro do país for resultado de uma geração de crianças assim, então devemos ter muita esperança no futuro, pois eles possuem todas as qualidades de grandes cidadãos.

Os Chef jurados e a apresentadora Ana Paula Padrão continuam ótimos. A presença deles enriquece demais o reality, e a identidade do programa está nas mãos destes quatro. Porém na versão Júnior, definitivamente quem manda são as crianças.

Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site

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