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“É assim que nos envolvemos com estes personagens imperfeitos interpretados de forma tão magistral”
A década de 1990 foi marcada por crises avassaladoras pelo mundo inteiro. Em âmbitos político, econômico e social, foi um período que trouxe a queda de paradigmas para a instauração de hegemonias que duram até hoje.
Não foi muito diferente no mundo dos negócios, principalmente no âmbito cultural. As novas tecnologias se tornavam cada vez mais populares e massificadas a cada ano que se passava, e mídias tradicionais perdiam lugar para as novas formas de se consumir arte.
Assim foi para o mundo dos quadrinhos. Após uma década de sucesso, tanto DC quanto Marvel viram seu mercado quase sumir no meio da década de 1990. A primeira conseguiu resistir à crise graças à sua união com a Warner Brothers. Já a Marvel não gozava da mesma sorte.
A Marvel quase foi à falência em 1996, e foi forçada a vender direitos cinematográficos das suas mais diversas obras para vários estúdios. Tudo em um esforço para manter a empresa viva em um cenário mais que adverso.
Nove anos depois, a Warner Brothers e sua rival, DC Comics, lançam Batman Begins. O sucesso de crítica e bilheteria ajudaria a continuar o bom momento das adaptações de heróis de quadrinhos aos cinemas. E ganharia versões das mais diversas formas, como bonecos de ação e jogos que podem ser encontrados nos consoles e no cassino Betfair.
Tal sucesso iria bem além dos escritórios da Warner e da DC. A Marvel estava bem atenta ao mercado que começava a surgir desde os sucessos de franquias que um dia foram suas, como Homens de Preto, Blade e Homem-Aranha, em suas adaptações para as telas. Uma vez que a DC achou sua mina de ouro com Batman, era mais do que hora para a Marvel entrar na jogada.
E assim, três anos depois chegamos à Homem de Ferro. Um dos poucos heróis da Marvel cuja licença não foi vendida para algum estúdio hollywoodiano durante sua crise na década anterior, e com um apelo bem menor do que os heróis que já haviam sido trazidos para o cinema. Era uma aposta de altíssimo risco, considerando que a produção era do estúdio próprio da Marvel e com distribuição da Paramount, ainda sem contar com a gigante Disney por trás da marca.
Tal aposta foi um estrondoso sucesso. O filme que já contava com o polimento que depois marcaria o resto do Universo Marvel sobre um herói bem distante do arquétipo de homem quase perfeito, como era o caso dos filmes do Batman dirigidos por Christopher Nolan, arrecadou mais de meio bilhão de dólares no mundo inteiro contra um orçamento de 140 milhões.
Garage Batman – Marvel
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Não à toa, no ano seguinte a Marvel seria comprada pela Disney. Agora com o apoio de uma das maiores empresas do mundo do entretenimento, os budgets e o polimento dos filmes ficariam ainda maiores para darem retornos tão grandes quanto em audiência e bilheterias. Mesmo depois do risco enfrentado com o lançamento de Homem de Ferro, mais “apostas” seriam realizadas — todas elas com resposta expressiva em seu sucesso.
Mas não há como não ver a influência da representação de Batman em sua forma na visão de Nolan na geração de Homem de Ferro poucos anos depois. Seus atores, Christian Bale e Robert Downey Jr. (respectivamente) são conhecidos pelo estilo de atuação em método onde os mesmos incorporam seus personagens dentro e fora dos estúdios de gravação para passar o máximo de fidelidade à obra nas produções onde eles estejam envolvidos.
É assim que nos envolvemos com estes personagens imperfeitos interpretados de forma tão magistral. Com eles no comando da tela, as obras se montam ao redor dos heróis com histórias e artes de qualidade que não eram comuns para obras de cultura pop.
E tudo isso volta à Nolan. O cineasta que fez sua fama com a exploração de temas filosóficos em suas películas trazendo isso à tona em um herói de quadrinhos. Era algo que poderia ter tudo para dar errado, e por sorte fomos provados ao contrário.