Jessabelle
Filme estreou nos cinemas do país com a missão de representar o gênero mais problemático dos últimos anos
Por Luis Fernando Pereira
Tem sido uma tarefa bem difícil encontrar nestes últimos anos bons representantes do gênero terror nos cinemas brasileiros. As tentativas são inúmeras, com títulos como Poltergeist, Livrai-nos do Mal, Mama tentando oferecer alguma novidade, mas apresentando mais do mesmo (o caso de Poltergeist é literalmente mais do mesmo) e outros que são melhores, como o ótimo Invocação do Mal e a franquia Sobrenatural, que está prestes a chegar a seu terceiro filme.
Jessabelle, do cineasta Kevin Greutert (de Jogos Mortais – O final), acaba por se colocar em um meio termo desta disputa: nem chega a ser uma decepção, mas tampouco empolga como produção de terror.
Na história, conhecemos Jessie (Sarah Snook), que após sofrer um acidente automobilístico é forçada a retornar para a casa do pai, onde tenta lidar com suas pernas imobilizadas. Ela ainda terá de enfrentar a fúria de um espírito, chamado Jessabelle, que pode ter relação com as circunstâncias misteriosas de seu nascimento.
O início do filme (bem como a sua premissa) é bem interessante e a expectativa criada é grande: temos o acidente de Jessie, a volta para casa, o clima bem sombrio criado por uma fotografia mais escura e por uma tradicional trilha sonora e jogo de câmera que faz o espectador saber a todo o momento que está diante de uma história de terror.
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As primeiras sequências de suspense são eficientes, principalmente nas cenas onde Jessie está presa à sua cama. A sua relação com pai ajuda na ambientação do terror, pois ele é claramente aqueles tipos esquisitos que todo filme de terror/suspense possui. Ou seja, os primeiros minutos de Jessabelle apresentam todo um kit básico de como fazer um filme eficiente de terror.
O grande problema da história é o seu desenvolvimento, que bagunça um roteiro que poderia ter sido bem mais simples e dinâmico. São muitos elementos para se desenvolver: a relação dela com o ex-namorado, a relação dela com a mãe, o pai, e ainda a parte que serve de reviravolta para a história, trazendo ainda mais personagens para o filme.
No fim das contas Jessabelle soa mais como um filme de suspense e mistério, com uma rede intricada de situações familiares, envolvendo traições.
Jessabelle
Sarah Snook não impressiona como protagonista, mas também não atrapalha em nada; sua beleza acaba compensando a falta de empolgação de sua atuação. Ela, que fica em cena por quase todo o filme, acaba praticando bastante o overacting, exagerando nas caras e bocas, além de suas falas, carregadas de efeito dramático.
O roteiro, recheado de detalhes, acaba exagerando por tornar confuso algo que poderia ser muito mais simples e eficiente. Toda a busca de Jessie, lá no meio da história, por explicações para o que ela via nas fitas cassetes, soou desnecessária e este tempo poderia ter sido usado para prolongar sequências de suspense e de terror que a trama criou.
Uma delas, quando Jessie está tomando banho em uma banheira, é de longe a mais assustadora e interessante do filme. Se o roteiro tivesse dado mais atenção a sequências como esta e diminuísse o tempo de investigação da protagonista, o resultado de Jessabelle seria infinitamente mais prazeroso.
No fim das contas, e depois das reviravoltas e do desfecho, Jessabelle se mostra como um mediano filme de terror, com algumas cenas assustadoras, e muitas outras exageradas e desnecessárias para a história. Não chega a decepcionar, mas tampouco nos faz pular de medo.