* Coluna da jornalista Camila Botto sobre tudo que acontece no mundo televisivo
Entrevista exclusiva com Fátima Bernardes
*Do Rio de Janeiro
Fátima Bernardes já está à frente do Encontro há três anos e, nesse período, comandou mais de 800 programas. Na maioria das vezes líder de audiência no horário, com média de 7 pontos na Grande São Paulo, a atração está na sua melhor fase, assim como a apresentadora, de 52 anos.
Em coletiva de imprensa no Projac, no Rio de Janeiro, a apresentadora faz um balanço do programa, diz não sentir falta do jornalismo diário, conta novidades do Encontro e confessa estar em sua melhor fase.
Te sinto cada dia mais à vontade. Você acha que isso veio com o tempo?
Tenho certeza que vem com o tempo, né? Eu acho que se a gente pegar o meu primeiro jornal e pegar o dia que eu sai do Jornal Nacional eles são completamente diferentes. É visível que houve uma evolução felizmente para mim que vivo disso. No programa a mesma coisa, do primeiro para hoje é uma evolução. São três anos no ar. É um tipo de trabalho que você nunca chega a um lugar. Hoje estou mais tranquila, principalmente quanto a administração do tempo. Porque quando você faz um telejornal você tem um teleprompter que calcula o tempo da sua leitura, você tem os tempos exatos do VT então sabe que vai caber. Quando você faz um programa ao vivo com entrevistados eu não tenho como controlar se a pessoa vai ficar nervosa, vai gaguejar…então essa administração do tempo faz com que as coisas hoje sejam mais naturais, pois já domino isso.
Quando você é substituída bate um ciúme?
Isso acontece nas férias e é um período para descansar. Acho ótimo quando tem uma repercussão boa. Não sou uma pessoa ciumenta em relação ao que eu faço. Eu trabalharei na criação do programa, ele foi preparado para que eu fizesse, mas é impossível você ser onipresente. Você tem que descansar então sou muito tranquila em relação a isso. Acho que o jornalismo te dá esse aprendizado, pois sempre fui substituída nos telejornais…se não, não tirava férias. Eu agradeço aos substitutos demais.
Obviamente sua ida para o entretenimento foi muito bem pensada, mas queria saber se bate uma saudade do jornalismo de vez em quando?
Não bate porque eu me preparei muito, eu queria muito, foi muito tempo estudando isso em mim, primeiro. Eu acho que eu tive todas as oportunidades no jornalismo, acho que fiz tudo que um jornalista de televisão poderia fazer. Eu poderia continuar fazendo e seria mais de algo que já experimentei, mas sou muito inquieta. Estar 14 anos à frente do mesmo telejornal, por mais que eu tenha feito muitas coisas diferentes nesse período, eu comecei a pensar se continuaria feliz. Não tenho saudade mesmo. Vejo todos os dias, converso com o William sobre o jornal…Não vou deixar de ser jornalista. No programa a gente é obrigado a lidar com a notícia, mas o noticiário do dia a dia não me faz falta.
Sua mudança para o entretenimento abriu portas para que outros jornalistas seguissem o mesmo caminho…
Acho que nem é justo falar de mim. Acho que o Pedro Bial e o Zeca Camargo fizeram isso antes, mas acabaram voltando para o jornalismo. Eu acho que nós que fazemos jornalismo acabamos sendo muito treinados fazendo o ao vivo diariamente. A gente exercita isso muito porque você faz na rua e depois no estúdio. Torna-se uma coisa natural para alguns e outros querem continuar na carreira jornalística até o fim da sua vida profissional, mas em mim surgiu muito a vontade de ir para o entretenimento. Mas essa porta já estava aberta. Não fui a filha mais velha, fui a filha do meio.
Fátima Bernardes
Você teve oportunidade de mudar sua carreira numa idade que outras mulheres não teriam…que conselho você daria?
Eu estava com 48 anos quando fiz a transição e eu acho que quando a gente tem vontade, a gente deve tentar. Acho que é muito melhor se arrepender do que fez. Mas pelo amor de Deus, óbvio que estou dizendo isso para uma pessoa que tenha a possibilidade. Não posso dizer isso para uma pessoa que tem quatro filhos para sustentar… A loucura que eu cometi foi muito calculada. Não troquei de empresa, não joguei fora o que eu tinha acumulado, eu aproveitei o que eu já tinha. O conselho que eu daria é para que elas começassem a fazer alguma coisa que se não fosse possível uma troca de profissão, mas que desse um grau de prazer. O hobby pode continuar como hobby e te realimentar de tal forma para você aguentar o trabalho mais burocrático.
Você tem uma relação muito forte com o esporte, inclusive se tornou a musa da Copa de 2002. Queria saber um pouco da tua expectativa para as Olimpíadas e se o Encontro vai mergulhar nesse universo?
Como fizemos na Copa de 2014. A ideia é que a gente aproxime o esporte da vida das pessoas. Estamos pensando em uma série de coisas que não foquem o esporte em si embora eu acho que muitas provas vão cair dentro do programa como foi no mundial de esportes aquáticos recentemente. A nossa ideia é que a gente fale com pessoas que pratiquem determinados esportes, que falem da importância do esporte…mas não a cobertura do factual propriamente dito. Claro que se alguém ganhar uma medalha vou morrer de vontade que no dia seguinte esteja ali, vamos tentar!
Você está na melhor fase?
Eu sempre prefiro acreditar que é. Acho que é melhor do que você ficar vivendo no passado. Eu estou gostando muito do que estou fazendo principalmente pelo desafio que é diariamente. Eu acho que estou numa fase muito legal, mas eu queria muito que amanhã fosse melhor.
Leia a entrevista na íntegra aqui
*A colunista viajou a convite da Rede Globo
Camila Botto é repórter do Correio, editora do site Feminino e Além, autora do livro Segredos Confessáveis e colunista do Cabine Cultural