Superstar (Divulgação)
Segunda temporada da aposta da Rede Globo para as noites de domingo começa bem, mas a dinâmica ainda pode melhorar
Por Luis Fernando Pereira
E ontem foi ao ar a esperada segunda temporada do reality musical Superstar, que diferente do The Voice Brasil, é mais focado em bandas e grupos musicais. A apresentadora, a bela Fernanda Lima, se manteve na função de comandar o programa, ao lado de Andre Marques. Porém, é no corpo de jurados (padrinhos) que se encontra a grande mudança para esta temporada: todos os três popstars da temporada passada (Fábio Junior, Ivete Sangalo e Dinho Ouro Preto) foram embora, dando lugar aos não menos famosos Thiaguinho, Sandy e Paulo Ricardo.
Sabendo que o trabalho de Fernanda Lima se manteve sólido, resta-nos analisar o quão benéfico (ou não) foi a mudança de todo o grupo de padrinhos do programa. Será que realmente valeu a pena? A resposta no geral ainda é indefinida, mas já dá para analisar individualmente as mudanças.
Thiaguinho
Bem, se pensarmos que Thiaguinho ocupa o espaço deixado por Fábio Junior, então devemos dizer tranquilamente que o programa está melhor. Fábio passou por uma experiência que não deve ter sido bem agradável para ele, já que nada funcionou em sua participação na primeira temporada. Sem conseguir argumentar, cometendo gafes absurdas, buscando graça onde não havia, o artista acabou sendo o elo mais fraco da equipe de jurados da edição de 2014 do Superstar.
Thiaguinho, ao menos na estreia, já mostra mais desenvoltura e uma sensibilidade maior para avaliar os grupos. Ainda não dá para saber se seus feedbacks serão muito úteis para as bandas, já que neste episódio o que mais tivemos foram afirmações do tipo: adorei, amei, gostei da sua voz, tem personalidade… A parte mais destacada de sua participação talvez tenha sido logo com o primeiro grupo, que tentou trazer o grunge de volta, mas foi rejeitado pelo público. Ali Thiaguinho disse que faltou o algo mais. Estava certo, mas faltou ao menos tentar dizer o que seria esse algo mais. Ainda assim, Thiaguinho se mostra uma escolha infinitamente superior à de Fábio Junior.
Sandy
O caso de Sandy é bem mais complicado, pois ela substitui ninguém menos que Ivete Sangalo, o grande nome da música pop brasileira atual. Ivete, por mais que não tenha deixado sua marca na edição passada, foi o maior destaque entre os três antigos jurados. Ela, explosiva, engraçada, espontânea e inteligente, conseguia, quando queria, chamar todos os holofotes para seu rosto. Certamente foi a grande perda do programa, pois ainda não se sabe se realmente era planejado a sua saída.
Sandy então a substituiu e todas as questões colocadas antes desta edição começar vieram a tona: Sandy não consegue sair daquela imagem de simpática ao extremo, daquela pessoa que não sabe dizer não para ninguém… enfim, aquele ser que todos querem ter ao seu redor, mas que para um programa como Superstar não é o mais adequado.
Superstar (Foto Isabella Pinheiro Gshow)
Sua participação foi marcada por elogios vagos, sorrisos e tentativas de soar já fã das bandas, como no caso da banda Eletronaipe (o melhor grupo que se apresentou neste domingo). Não que isso seja um crime, mas ela ainda falta oferecer argumentos mais adultos e dignos de uma estrela de sua grandeza. Neste caso, o programa perdeu com a saída de Ivete, mas nada que uma mudança de postura de Sandy não modifique esta opinião.
Paulo Ricardo
Trocar Dinho Ouro Preto por Paulo Ricardo foi, literalmente, trocar seis por meia dúzia. Os dois pertencem a mesma escola musical e a mesma escola filosófica, possuindo a mesma desenvoltura, e a mesma bagagem musical. Paulo se mostrou o mais competente dos três, e era bem bacana ouvir o vocalista do RPM falar sobre as bandas, mostrar conhecimento (acho que somente ele sabia que Tianastácia já era – é – uma banda razoavelmente famosa). Mostrou-se atento, deu feedbacks interessantes e não se complicou em nenhum momento. Neste sentido, a troca foi válida, mas a diferença entre Paulo e Dinho não é tão grande (nem existe, pra ser sincero).
Dinâmica
De resto, a edição do programa se mostra já melhorada; sem muitas firulas, é basicamente apresentar a banda e já começar a apresentação. O palco, bem futurista, poderia ser mais humanizado, sem a necessidade de tanto uso de elementos de computação gráfica. A plateia… bem, espero que melhore com o tempo, pois parecia que haviam chamado os funcionário da Rede Globo para sentar lá: ânimo zero, cansaço mil.
Fernanda Lima merece um texto só dela, mas já podemos adiantar que a gaúcha continua sendo a cereja do bolo do programa. Ela não brilha tanto se compararmos com seu trabalho em Amor & Sexo, programa que podemos considerar um filho da apresentadora.
André Marque serve de apoio para Fernanda, e até que não prejudica. Sua participação não é tão necessária assim, mas não há motivos para críticas maiores. Já Rafa Brites é a imagem da simpatia em pessoa. Bonita e bem descolada, ela só precisa melhorar o seu trabalho com as redes sociais; bem da verdade, ela precisa dar algum sentido para esta parte do programa existir, pois sua participação só serve para dar aquele tempo de ir à geladeira tomar uma água.
Superstar recomeça com nova atmosfera. Não diria que começa do zero, mas sem dúvida alguma o clima de novidade se sobressaiu na noite deste último domingo. E quanto às bandas, você deve estar perguntando. Bem, as bandas também merecem um texto especial, só para elas. Que fica para a próxima.
Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site