Black Mirror
Depois de uma lista extensa de filmes que abordam questões éticas e morais, chegou a vez de fazermos uma lista de séries que abordam questões éticas
Lista de séries que abordam questões éticas.
Introdução: termos como ética e moral são bastante discutidos em aulas de filosofia, não há dúvidas disto, porém as ideias em si são tão amplamente experimentadas em nossa vida que até teríamos dificuldade em listar todos os momentos e situações onde esses termos estariam presentes. Um deles, o cinema, já foi discutido aqui em uma lista bem rica de filmes sobre o tema (veja no link abaixo). Agora chegou a vez da televisão, braço direito do cinema, e que, mesmo sendo menos comum ver os temas a todo o instante, eles estão lá, certamente.
Veja também: lista de filmes sobre ética e moral
E para quem acha que veremos a ideia de ética ou de moral somente em séries dramáticas ou de suspense, estão enganados: as comédias atuais trazem muitos elementos que podemos debater e refletir estas questões, e este vêm sendo um dos principais legados da televisão nos dias atuais.
A lista aqui vem recheada de séries mais contemporâneas, ou ao menos das duas últimas décadas. Não que as séries antigas não trabalhavam com temáticas como estas, porém para uma maior compreensão, e até mesmo consumo, nós decidimos pegar as produções mais recentes.
E vamos começar inclusive com uma atualíssima. E comédia.
The Good Place
“The Good Place é uma série de comédia original da Netflix protagonizada por Kristen Bell que já está em sua segunda temporada. Sua personagem, Eleanor Shellstrop, morre e é imediatamente enviada para “O Lugar Bom”, um local que é praticamente um paraíso destinado às pessoas que fizeram o bem em suas vidas na Terra. Aqueles que não o fizeram são enviados para “O Lugar Ruim”. Ocorre que, Eleanor não pertence àquele lugar e fora encaminhada por um equívoco “administrativo” do dono do local, Michael (Ted Danson) e de quem ela tenta esconder a verdade. Evitando ser expulsa, Eleanor tenta fazer boas ações para se manter, enquanto a verdadeira Eleanor está no Lugar Ruim”.
The Good Place
Termos como lugar bom, lugar mal, já dão a entender que a série trabalha com questões morais bem claras. Afinal de contas, o que é bondade? O que precisamos fazer para garantir um lugar no céu, caso ele exista? A bondade está somente nas práticas ou é necessário que a motivação interna também seja boa? Perguntas que estão no cerne desta série imperdível.
Dexter
Dexter já acabou, e deixou grande parte dos fãs decepcionados com as últimas temporadas. Mas iremos falar aqui da essência da série, do que fez Dexter se transformar em uma das mais marcantes séries da história recente da televisão. Bem, ele, Dexter, é um serial killer que possui uma lista de princípios bem definida: só mata quem merece ser morto.
E ai vem a questão ética e moral: quem merece morrer?
Estupradores? Assassinos? Pedófilos? E cabe a quem fazer tal julgamento? Dexter é o próprio juiz de um sistema dominado por ele e que não tem a presença do Estado e nem da sociedade. Somente por conta disto a série é rica em trazer elementos para discutirmos a ética da conveniência, a moral social, e a falta de ética e moral em uma sociedade.
The Walking Dead
“A maneira implacável como se impõe a morte, sem cerimônia, nem ralenti…Para além da própria natureza da trama, o assustador é a presença física dos mortos, sem o filtro ou o consolo do sobrenatural. Mais do que isso: aqui não há metáfora possível, nem a possibilidade de transcendência. Apenas carne e matéria a se retroalimentarem perpetuamente”.
The Walking Dead 5
A premissa de The Walking Dead, a série mais popular nos Estados Unidos já há anos, nos leva facilmente para uma discussão sobre ética e moral. Afinal de contas, em um contexto onde não há o Estado, não há a sociedade organizada, não há o poder público, vale tudo para sobreviver? A série nos leva para o apocalipse zumbi e nele não há muitas regras acima da regra básica, a da sobrevivência.
Posso matar para não morrer? E o que esta decisão vai acarretar em minha vida? Me sentiria melhor sabendo que eu matei alguém para me manter vivo?
Game of Thrones
Game of Thrones é o maior fenômeno televisivo do mundo atualmente e o seu fio condutor é um termo absurdamente ligado à ética: é a não ética, a não moral.
Entendendo: a série trabalha com a ideia mais contemporânea de ética (ao menos a vista no cinema e na tv). Se antes já sabíamos quem era o mocinho e quem era o vilão, e que o bem sempre vencia, agora, com Game Of Thrones, vivemos o mal estar de não entendermos isso.
Os mocinhos já morreram e os vilões continuam na série. Com este quadro, perguntamos novamente: o que é bondade e o que ela define? O mesmo com relação a maldade. Game of Thrones num primeiro momento trucida esses termos, sobretudo ao tratar de poder e política, duas vertentes onde a ética é trabalhada de modo diferente se comparado com a nossa vida pessoal.
Narcos
Narcos traz para a televisão a vida de um dos maiores traficantes de drogas da história, o colombiano Pablo Escobar, vivido na série por Wagner Moura. Escobar, sem escrúpulo algum, construiu um dos maiores impérios de drogas, e de dinheiro, das décadas de 1980 e 1990, até que em um momento ele foi preso e depois foi morto. Com este quadro, vem a pergunta: o crime compensa?
Narcos Season 3
É muito fácil aqui entender que termos como ética e moral são inexistentes na vida de Pablo Escobar, pois ele, por exemplo, matava seus inimigos políticos, e não havia nenhum tipo de remorso. Matavam-se crianças, jovens, idosos, todos que de alguma forma fosse um empecilho pra Escobar.
E a explicação, ao menos uma delas, era a de que Pablo nascera pobre e esta era a única chance de ascender socialmente, o que explica a entrada de muitos no ramo das drogas. E daí surge outra questão: tudo vale pelo dinheiro?
Bruna Surfistinha
Bruna Surfistinha trabalha com um tema que fôra tabu por muitas décadas, mas que vem ganhando espaço cada vez mais digno na sociedade: a prostituição. Ou melhor, a pergunta: quem detém a posse do meu corpo? Seria eu somente, a sociedade ou a religião?
Sim, porque o que víamos até um passado recente era a apropriação por parte da religião do corpo da mulher, que deveria viver sob as regras religiosas, seja de qual igreja fosse. Ela não pode abortar, ela não pode vender seu corpo, ela não pode uma série de coisas sob a ótica religiosa ou social.
Bruna Surfistinha mostra que o corpo é algo sagrado, mas somente para ela, que detém a posse do seu. E ela faz o que bem entender dele, contanto, óbvio, que não afete a liberdade ou o direito de outro. Bruna trouxe para a televisão uma importante mensagem, que é a de que o mundo está mudando e termos morais mais conservadores estão cada vez sendo mais debatidos e refletidos. Só assim o mundo evolui.
House of Cards
House of Cards é uma espécie de Game of Thrones atual. A série trabalha com dois conceitos que já usamos aqui, sendo que o primeiro é justamente o que liga a GOT: a existência de uma não ética, de uma não moral.
Ou melhor, vemos em House of Cards uma moral da conveniência, onde tal ato é ético se valer a pena que seja, caso contrário, acha-se uma brecha para desqualificar e usar em prol de alguém ou algo.
House Of Cards
O outro conceito é justamente o que os fãs da série tanto amam: ver o ‘vilão’ conquistando o mundo. É como enxergamos a nossa política atualmente, onde os políticos que acreditamos serem éticos (caso existam) estão longe de conseguir o poder, e aqueles que estão no poder estão lá porque são os mais inescrupulosos. Onde está a ética e ela vale de algo num contexto como o nosso?
Black Mirror
De todas as séries aqui provavelmente Black Mirror é a que trabalha mais intensamente questões como moral e ética. Em cada episódio há elementos suficientes para uma longa conversa sobre o tema. Para começar, uma das ferramentas que mais podemos associar atualmente, e será no futuro também, é a tecnologia. E trabalhar um futuro recheado de tecnologia é tarefa para Black Mirror.
A nossa vaidade, a busca por fama, por popularidade, por riquezas, por poder, todos estes desejos humanos vem fazendo a humanidade se perder e ai os conceitos de moral e de éticas são quase que esvaziados. Black Mirror é sensacional por conta disto, de mostrar uma possível tendência da humanidade, pois hoje já somos assim, hoje a vaidade é um elemento dos mais intricados na nossa mente e na nossa alma. E todos sabemos que vaidade e moral são termos que não se harmonizam tão fácil.
Lost
O caso de Lost é bem parecido com o de The Walking Dead: como construir um código moral e ético em um contexto onde não há Estado, não há sociedade organizada, onde estamos lá para garantir a sobrevivência. Séries como Lost nos trazem uma ótima reflexão: a ética só existe porque há uma ferramenta que puna quem não agir de acordo com ela?
Se vivêssemos num lugar livre (completamente), onde nenhuma de nossas ações seria passível de punição, será que seríamos bons?
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