Música

As Canções que você dançou para mim

As Canções que você dançou para mim

Quantos casais já não embalaram suas experiências, suas mágoas, amores, tristezas e alegrias com alguma canção do Rei da música brasileira, Roberto Carlos? De fato, Roberto é um grande companheiro das relações amorosas neste país, e por isso a tarefa de transpor para os palcos de dança parte de seu acervo musical e dotá-lo de significado é das mais difíceis, correndo sempre o risco do projeto em questão soar vazio.

Porém, quando as coisas dão certas, o resultado é bem atraente, no seu sentido literal. O impacto que o espetáculo As Canções que você dançou para mim, da Focus Cia. de Dança causou no público da sétima edição do Festival Internacional VIVADANÇA foi sentido de modo bem latente e ao final da apresentação nada mais justo que alguns minutos de aplausos com todos os espectadores de pé no tradicional Teatro Viva Velha.

Mas o resultado já era um tanto esperado, afinal de contas As canções que você dançou pra mim havia sido eleito um dos melhores espetáculos de dança de 2011 pelo tradicional jornal carioca O GLOBO, fazendo a expectativa em torno da apresentação ser bem grande. Assim, quando os quatro casais adentraram no palco para contar suas histórias, suas experiências, suas reflexões – todas embaladas por um grande pot-pourri com 72 canções interpretadas pelo Rei – o público já possuía alguma ideia do que viria. Essa percepção era ainda mais clara quando se via a grande fila de pessoas que esperavam ansiosas pela abertura da porta que dá entrada ao teatro propriamente dito.

Já no palco, os oito bailarinos (Alex Neoral, Carol Pires, Clarice Silva, Cosme Gregory, Lucas Nunes, Marcio Jahú, Marisa Travassos, Mônica Burity) dançaram embalados ao som de Calhambeque, Amada amante, Splish Splash, Fera Ferida, Namoradinha de um amigo meu, Desabafo, Falando sério, Cama e mesa, entre dezenas de outras eternizadas na voz do maior representante da Jovem Guarda. A ordem das coreografias aparentemente não segue nenhuma cronologia pré-definida. Isso certamente proporciona uma liberdade maior de criação e com isso o resultado tende a ser mais impactante do que seria se a produção ficasse presa a alguma ordem.

As Canções que você dançou para mim

Dirigida de um modo bem eficiente por Alex Neoral, o espetáculo visitou as décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990, criando um diálogo das canções com as situações que ela porventura externaliza, seja literalmente, seja num trabalho de interpretação livre. Nos dois casos o que se vê são bailarinos ilustrando belissimamente as letras do Rei, num jogo corporal de tirar o fôlego, como numa sequência em que um casal coreógrafa um beijo por minutos ininterruptos.

Sobre o espetáculo, o diretor já afirmou anteriormente que nasceu como uma homenagem ao Rei Roberto Carlos:

 “Sempre tive o desejo de coreografar canções de Roberto Carlos, o nosso rei da música popular brasileira. Mas confesso que, pela sua popularidade e presença há tanto tempo na vida e memória de tantas pessoas, levar Roberto para a cena se torna algo sério… Suas músicas já inspiraram muitos outros criadores, tanto na dança, como no cinema, teatro, e até em escolas de samba… E foi através de uma brincadeira que consegui enxergar algo novo para essa nova criação. A brincadeira foi na composição da trilha do trabalho: um grande pot-pourri que compõe uma grande história. Músicas que fizeram e farão histórias de tantos Robertos, Carlos, Claudias, Marias, e tantas outras pessoas que ainda se apaixonarão pelas baladas do nosso rei. E para um rei, mais uma homenagem nunca é demais!”.

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