Cada um tem a Gêmea que Merece
Entrando em um viés propositivo, diria que Cada um tem a Gêmea que Merece (2011) é um filme que se esforça muito para que seu espectador deixe a sala de cinema com ao menos um sorriso no rosto. O esforço, por sinal, é sobre-humano, pois vai desde uma versão feminina e pastelão de Adan Sandler, interpretado pelo próprio, até uma participação questionavelmente especial (e recheada com referências cinematográficas) de Al Pacino. As bilheterias brasileiras dirão nas próximas semanas se este esforço foi ou não em vão.
Jack and Jill – título original do projeto – é uma trama focada em Jack Sadelstein (Adam Sandler), um publicitário de sucesso em Los Angeles com uma bela esposa e filhos, que ano após ano teme um evento: a visita de sua irmã gêmea idêntica Jill (também Adam Sandler) no feriado de Ação de Graças. A carência e a atitude passivo-agressiva de Jill enlouquece Jack, transformando sua vida normalmente tranqüila de cabeça para baixo. Até que em determinado momento aparece a figura do Al Pacino (interpretando ele mesmo) para dar contornos ainda mais cômicos para a história.
Completando o trio de personagens principais está Katie Holmes, interpretando a esposa de Jack. Katie, diga-se de passagem, é a única do elenco que se mantém sóbria durante toda a película, o que não é de forma alguma algo elogioso, mas sim um indicativo de que sua participação serviu tão somente para constar nos créditos. O esforço que ela necessitou para desenvolver sua personagem deve ter oscilado entre o mínimo e o inexistente, já que não há peculiaridade alguma nela, é em suma uma personagem sem personalidade, servindo como escada (mal produzida) para seus companheiros de filme.
O roteiro privilegia tudo que existe de mais clicherizado e batido no mundo hollywoodiano: tiradas bobas e sem criatividade alguma, situações que envolvem piadas sobre flatulência (as flatulências propriamente ditas também) e referências diretas de outros filmes. Este ponto tem sido bastante recorrente no cinema atual, projetos que se aproveitam do elenco para brincar com os filmes já feitos por algum deles. Neste caso, a vítima foi Al Pacino. Tentando ser criativo e engraçado (além de tentar dar a entender que eles não se levam muito a sério) Cada um tem a Gêmea que Merece brinca com a carreira da estrela de O Poderoso Chefão, com referências diretas a alguns de seus filmes mais famosos.
Depois de pouco mais de uma hora de história, a trama chega ao fim e fica aquela sensação de tempo perdido, de que o cinema tem produzido muitos bons projetos para alguém se deixar levar por algo deste nível. Porém, deve-se mencionar que filmes como Cada um tem a Gêmea que Merece conseguem agradar um público, e este público é bastante numeroso e por demais plural, e que vai desde adolescentes que adoram as piadas de gosto duvidoso e duplo sentido até jovens e adultos, que só desejam desligar o cérebro por algumas horas e se divertirem.
Cada um tem a Gêmea que Merece(Jack and Jill, 2011). Diretor: Denis Dugan. Elenco: Adam Sandler, Al Pacino, Katie Holmes, Dana Carvey, Natalie Gal, Shaquille O’Neal, Santiago Segura, Elodie Tougne, Rohan Chand, Eugenio Derbez, David Spade.