Música

Caetano Veloso e a turnê Abraçaço

Caetano Veloso

Sobre Abdução e Abraçaço – Parte I

O Circo Voador não é um circo e tampouco voador, mas visto assim plantado próximo aos arcos da Lapa me pareceu mais um Disco Voador, pois além da sua arquitetura contrastar com os traços dos casarões históricos ao redor tem um formato que lembra uma nave espacial, dessas que o imaginário humano representa no cinema. Tive essa impressão desde a primeira vez que vi a famosa casa de shows carioca em uma luminosa e quente manhã há alguns anos e ratifiquei isso na noite de Domingo, 24 de Março de 2013, quando suas luzes artificiais contribuíam significativamente para envolvê-la em um clima digamos intergaláctico. Na fila para entrada ou a caminho da abdução pensava nisso e noutras coisas relacionadas também a expectativa sobre o que o comandante da nave Caetano Veloso preparara dessa vez.

Que viagem seria essa?

Para que espaços iria nos transportar?

Caetano Veloso

Lá dentro enquanto esperávamos o início do espetáculo ouvíamos um esquenta da melhor qualidade com o DJ Janot pilotando a mesa que disparava petardos de MPB que iam de Nelson Cavaquinho a Pedro Luis e a Parede. O repertório misturava no mesmo caldeirão diferentes vertentes do cancioneiro nacional, com a precisão e sensibilidade de um tarimbado pesquisador musical. Foi sem dúvida a melhor maneira de preparar os espíritos para o evento principal, pois tomou o burburinho da agitação  normal das pessoas e sintonizou-o com os acordes da percepção musical,  sem perder a descontração e sem esvaziar a celebração. Até que o som cessou, as luzes se apagaram, uma narração anunciou, o publicou vibrou e tive a impressão de que a nave estava prestes a decolar.

Josival Nunes é escritor, cineasta e colaborador do Cabine Cultural

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