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Câmera Record desta quinta exibe entrevista com assassino de ativista

Entrevista exclusiva no Câmera Record

Câmera Record desta quinta, dia 22 de março, exibe entrevista exclusiva com assassino da ativista Dorothy Stang: “Ela tirou a Bíblia da bolsa e disse: ‘a minha defesa é esta’. Nessa hora eu me senti ameaçado. Então, eu atirei nela”

Dorothy Stang foi uma das ativistas sociais mais marcantes de nosso tempo. E como toda ativista, ela incomodava muito os que não gostavam de suas bandeiras de luta. Por isso a sua morte, ocorrida em 2005, era algo que muitos até esperavam, afinal de contas no Brasil quem defende direitos humanos está mais apto a morrer que muitos outros.

Para falar deste tema, o Câmera Record desta quinta-feira, 22 de março, às 22h30, exibe entrevista exclusiva com o assassino dela. Do corredor do Centro de Recuperação do Coqueiro, em Belém, no Pará, surge o homem que ficou mundialmente conhecido em 2005 por matar a ativista norte-americana que defendia a reforma agrária e lutava contra a violência no campo.

O assassino

Algemado, Rayfran das Neves Sales, 41 anos, senta-se de frente para a repórter Ana Paula Mello. Tranquilo, diz ter respostas para perguntas que o Brasil e o mundo sempre quiseram fazer a ele. “O outro lado da história ninguém quis saber, a justiça não quis saber, então abafaram tudo isso aí“, diz.

De acordo com o juiz, que o condenou a 25 anos de prisão pelo crime, Rayfran deu um tiro na região abdominal de Dorothy. Em seguida, quando ela já estava no chão, atirou na nuca e deu mais quatro tiros nas costas. “Tava eu e o outro menino que trabalhava comigo, a gente discutindo com ela e na hora veio ali e… aconteceu”. “Aconteceu como?”, pergunta a repórter: “Foi quando no caso ela tirou a Bíblia da bolsa e disse: ‘a minha defesa é esta’. Nessa hora eu me senti ameaçado. Então, eu atirei nela“, assume.

Se sentiu ameaçado por uma bíblia, perguntamos.

Para a justiça do Pará, formou-se um ‘consórcio’ para assassinar a missionária. Rayfran foi o pistoleiro que sujou as mãos de sangue. Ao lado dele, no dia do crime, estava Clodoaldo Batista, condenado a 17 anos de cadeia. Ambos receberiam 50 mil reais pela morte de Dorothy. Esse dinheiro nunca foi pago. Segundo as autoridades, Almair Feijoli da Cunha intermediou o assassinato.

Pegou 18 anos, mas já está em liberdade. Ele era o elo entre dois pistoleiros e os dois mandantes, que, segundo a Justiça, são Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Galvão. Vitalmiro foi condenado a 29 anos. Reginaldo a 30.

Rayfran refuta a decisão da justiça e questiona o resultado do julgamento. “Não teve mandante, eu fiz tudo sozinho“, garante. Autoridades envolvidas no caso e ouvidas pelo programa afirmam que não se pode confiar em tudo que Rayfran diz. Ele já mudou várias vezes o depoimento e versões sobre o crime. O que, segundo estas autoridades, levanta a suspeita dele ter sido ameaçado na cadeia.

A equipe do programa revela, em detalhes, os interesses por trás da morte da missionária Dorothy Stang e por que o assassinato dela foi encomendado. Na entrevista, Rayfran conta também os motivos que o levaram a se envolver com outras duas execuções e tráfico de drogas. Além de abrir o jogo sobre a infância pobre e o abandono dos pais quando ainda era um menino.

Um programa imperdível.

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