A Grande Beleza – Divulgação
O filme A Grande Beleza (Itália) do diretor Paolo Sorrentino, nos leva a uma viagem esplendorosa por Roma, com seus afrescos, sua arquitetura ímpar, a decadência da aristocracia, suas festas suntuosas, sua superficialidade, faz lembrar as grandes obras de Fellini.
Com uma belíssima fotografia e uma trilha sonora maravilhosa, que vai dos cânticos gregorianos, da música sacra, às baladas das festas mundanas, regadas a muita bebida, extravagâncias e orgia.
No meio de uma grande festa conhecemos o escritor Jep Gambardella (interpretado magistralmente pelo ator Toni Servillo), autor de um único livro “O Aparato Humano”, best-seller há 40 anos atrás, cujo sucesso lhe rendeu uma vida de fama, luxúria, festas e muitos privilégios.
Jef, cujo sonho quando jovem era tornar-se “o rei dos mundanos”, aos 65 anos de vida analisa o presente e o significado da grande beleza. “Não posso mais perder tempo com o que não quero”, reflete Jep sobre sua vida, se o que conseguiu lhe rendeu paz interior e felicidade, lembra de amores da juventude, se perdendo em seus devaneios.
Com humor ácido, irônico, diálogos intimista, o filme passeia na zona de conforto em que vive o escritor, e o faz refletir se valeu a pena o que conseguiu, ou se deveria ter arriscado, ter se lançado em um amor de juventude e mudado o foco de sua vida. Um mergulho nas lembranças, que leva Jep a repensar a vida, o que deixou para trás e o que restou. Como o protagonista diz, a beleza acaba com o tempo (ou é mera ilusão?).
Direção impecável, fotografia de beleza e significado ímpar, lembranças do tempo de Fellini e Antonioni.
“Busco a grande beleza”, diz o escritor Jep Gambardella no auge dos seus 65 anos, decepcionado no meio de uma grande festa em sua mansão. E onde encontramos a grande beleza? É preciso uma reflexão para dentro de nossas raízes, do nosso verdadeiro eu, do que realmente nos importa e nos faz felizes, para enxergarmos a resposta desta pergunta, uma busca apaziguadora. Afinal, a beleza depende do olhar, o belo ou não vai depender de quem se olha, de dentro de si ou de fora e do que se deseja enxergar.
O filme é uma crítica a decadente alta sociedade italiana, e aproveita para passear por tanta beleza e obras de arte de Roma.
“O Além está além, e não me ocupo do Além”, são as últimas palavras de Jep. Enfim, um filme grande demais para tanta beleza, tanta grandiosidade, como há muito tempo não se via em telas de cinema, vale a surpreendente reflexão.
Marcia Amado Bessa é enfermeira e escreve para o ótimo blog parceiro CineAmado