Êxodo: Deuses e Reis
“O filme agrada muito mais pela atuação de Christian Bale do que pelos efeitos especiais!”
Por Elenilson Nascimento
Na última terça-feira chuvosa, 16/12, foi a pré-estreia do filme “Êxodo: Deuses e Reis”, no Orient Cinemas – UCI Orient Iguatemi, de Salvador (BA), num horário pouco atraente, por tanto, para poucos mortais, numa ação solidária organizada pelo sempre necessário jornalista Genilson Coutinho (Dois Terços), onde ingressos foram trocados por brinquedos para crianças carentes entre os convidados. E entre os amantes famosos de cinema estavam por lá a maravilhosa jornalista-gata Rita Batista, distribuindo sua delícia, digo, simpatia, toda diva e trabalhada no cachecol, ao lado do irmão tatuado André Batista e da cantora Ana Mametto, além do cantor Carlos Barros.
A entrada para a sala de exibição contou com um aparato de segurança digno dos filmes de FBI, onde celulares foram desligados e lacrados, numa fiscalização necessária(?) e intensa, tudo para evitar a divulgação de imagens antes do dia, visto que a estreia será no próximo dia 25/12. Óculos 3D foram distribuídos para que pudéssemos assistir o longa sem interferências e evitar filmagens com aparelhos eletrônicos, mas em nada isso influenciou na qualidade visual dos efeitos especiais, pois, pelo menos eu, não vi diferença alguma no uso da tecnologia. Uma coisa que me chamou muito a atenção no roll de entrada foi a quantidade de pedintes, o que me fez pegar a minha pipoca e refrigerante e dá para um garoto, mas depois eu fui lá e peguei outro pra mim. É dessa forma que a dona Dilma diz que estamos erradicando a pobreza!
“Êxodo: Deuses e Reis”, do aclamado diretor Ridley Scott (o mesmo de “Gladiador”, “Prometheus”, “Robin Hood” e “Falcão Negro em Perigo”) chega, enfim, aos cinemas do Brasil na maior expectativa entre os aficionados por filmes épicos de sagas bíblicas, onde novamente a história de Moisés é contada na esperança de bater, nas bilheterias e no gosto do público, o sucesso de “Os Dez Mandamentos” (1957), de Cecil B. DeMille, estrelado por Charlton Heston, que tantas vezes foi mostrado na Sessão da Tarde.
Só que, nessa nova versão, a história não começa desde o nascimento de Moisés, quando esse foi jogado nas águas do Nilo em um cesto e acabou sendo adotado por uma princesa egípcia, mas é uma adaptação livre de “Exodus”, segundo livro do Antigo Testamento, narrando a vida adulta de Moisés, interpretado pelo excelente Christian Bale, mais malhado do que nunca e muito melhor na pele do profeta hebreu do que como Batman.
Rita Batista e Ana Mametto – Foto de Genilson Coutinho Carlos Barros e as funcionárias do FBI – Foto de Genilson Coutinho. André e Rita Batista e Mametto – Foto de Genilson Coutinho.
O filme já começa com muita ação, numa invasão a uma tribo chefiada por Ramsés, vivido pelo olhos azuis do Joel Edgerton, um ator deslumbrante. Com cenas impressionantes de violência e poder de fogo dos egípcios, o diretor faz questão de mostrar a relação existente entre Moisés e Ramsés. Mas logo essa afetividade toda seria quebrada, pois, como já foi dito, nascido entre os hebreus na época em que o faraó-pai ordenará que todos os meninos hebreus fossem afogados, Moisés é resgatado pela irmã do faraó e criado na família real, como se fosse membro da família. Depois que se torna adulto, atuando como general do faraó, numa discussão em que Ramsés descobre a verdadeira origem de Moisés, sendo esse banido para o deserto, indo se abrigar entre os hebreus. Com o tempo Moisés, além de adquirir a confiança entre os seus novos pares, acaba casando com a filha (a cara da Penélope Cruz) do chefe da tribo.
Mas Deus tinha que mandar logo algum sinal de fumaça e Moisés acaba recebendo ordens de um Deus transfigurando na imagem de um menino (*o ator que fez o papel do filho de Leônidas do filme “300”) para ir ao Egito, na intenção de liberar os hebreus da opressão. No caminho, ele novamente enfrenta a travessia do deserto, mas o filme foge um pouco da história original e ao invés de Moisés servir como office-boy de Deus, ele faz umas estratégias de guerra para amedrontar o faraó, todas sem muito efeito, e Deus novamente corre em sua defesa. E é aí que começa realmente a bagaceira no caminho da feira, no caso, do Mar Vermelho.
Diante de toda a dureza do coração do faraó, Deus manifestou Seu Poder de forma terrível sobre as terras do Egito e pragas atingem (uma por vez), nem a casa de faraó ficou imune às desgraças que assolaram a terra. Assim, a primeira praga foram as águas que se transformaram em sangue, com direito a briga de crocodilos gigantes devorando homens e eles mesmos (cenas maravilhosas); a segunda foram as rãs; depois vieram os piolhos; os enchames de moscas; a peste sobre os animais; a sarna que arrebentavam em úlceras nos corpos dos egípcios; a saraivada com fogo; a praga dos gafanhotos; as trevas, onde o sol não nasceu, tudo se transformou numa infinita noite e, enfim, a décima (e mais terrível) foi a morte dos primogênitos.
E isso seria a coisa pior para o arrogante faraó que perdeu o seu amado e único filho. Houve um grande pranto em todo Egito, e depois disso o faraó foi procurar Moisés e deixou os hebreus saírem de suas terras e, finalmente, o povo estava livre de sua escravidão de cerca de quatrocentos(?). Mas quando saiu de lá, liberto e cheio de esperanças, os homens de pé somavam seiscentos mil, assim podemos estimar que os que saíram do Egito eram mais de um milhão de vidas, uma imensa multidão caminhando em direção ao Mar Vermelho.
Êxodo: Deuses e Reis
Contudo, imediatamente o faraó se arrependeu de ter deixado os hebreus saírem do Egito, prejuízo imenso, afinal eles faziam todo o serviço braçal e com custo zero, já que eram escravos. Então, pensando em reaver toda aquela mão de obra 0800, juntou todo o seu exercito e saiu à caça, e caso alguém resistisse seria morto. O filme não mostra, mas, na verdade, o faraó ainda tentou barganhar a saída do povo, tentando fazer com que deixasse seus rebanhos no Egito, mas Moisés não aceitou.
Até a chegada ao Mar Vermelho foi uma longa caminhada, e mesmo tendo o cajado de Moisés substituído por uma reluzente espada, e o próprio profeta velho e cansado por um deus de academias, nada disso tirou a beleza da história. Uma aventura épica cheia de tristeza e esperanças sobre a coragem de um homem sozinho para derrubar o líder de um império. Coisa que estamos precisando nesse exato momento aqui no Brasil contra essa alienação petista.
E numa complicada situação, encurralados entre o Mar Vermelho e o poderoso exército do faraó, Moisés e todo o seu povo levantaram os olhos e viram os egípcios, ficando apavorados, parecia uma emboscada, uma tragédia, e eles seriam facilmente massacrados. Alguns ainda se revoltaram contra Moisés, perguntou até se no Egito não teria sepulturas para eles e por que Moisés os levou para a morte. O que aconteceu depois todo mundo sabe, o mar se abriu e o povo hebreu passou a pés enxutos e quando o exército do faraó entrou no mar para perseguir Israel, o mar se fechou e todos morreram afogados. Foi um estrago! O faraó ficou sem escravos e sem exército de uma só vez. Da outra margem do Mar Vermelho o povo se regozijou diante do grande livramento (acho que o nome certo é esse!) e viu os corpos dos seus inimigos boiando nas águas do mar.
Usando efeitos 3D de última geração, o direito Scott traz à vida a batalha entre Moisés, no momento em que ele ascende contra o faraó Ramsés, levando 600 mil escravos a uma jornada monumental para escapar do Egito e das pragas que o aterrorizam. Uma curiosidade: Christian Bale quase interpretou outro personagem bíblico, Noé, no péssimo filme homônimo, lançado também esse ano. Ele teve de recusar esse trabalho por conflito de agenda e Russel Crowe ficou com aquele papel. O delicioso Joel Edgerton só descobriu que tinha conseguido o papel de Ramsés após receber vários emails de fãs que haviam visto sua escalação pela internet. Os atores Oscar Isaac e Javier Bardem recusaram o papel de Ramsés. Uma pena, porque Javier Bardem ficaria muito bem no papel. Além disso, o diretor Scott causou polêmica ao dizer que a religião é “a maior fonte de mal” em uma entrevista a revista Esquire, como se todos já não soubessem. Tempos depois ele se explicou dizendo: “Todo mundo está brigando uns com os outros em nome de seu Deus pessoal. E a ironia é, por definição, provavelmente eles estão adorando o mesmo Deus”. As filmagens aconteceram na Espanha, Marrocos e Inglaterra. Em suma, um excelente filme para esse fim de ano.
Elenilson Nascimento – dentre outras coisas – é escritor, colaborador do Cabine Culturale possui o excelente blog Literatura Clandestina