O Conto da Princesa Kaguya
Poético, envolvente. Estes adjetivos definem a animação japonesa O Conto da Princesa Kaguya, direção de Isao Takahata.
Por Marcia Bessa
Fugindo das animações computadorizadas, o que surge na tela é a força do desenho aquarela, com traços finos, tipo nanquim. O desejo é mostrar a arte de desenhar, e a aquarela ganha vida devagarzinho, dando tempo ao espectador de observar os detalhes, cenários perfeitos, delicadeza total, anexo a uma trilha sonora gostosa de escutar na língua deles, daí a legenda.
Baseado no conto popular japonês “O Corte do Bambu”, conta a lenda que um camponês encontrou um bebê dentro um tronco luminoso de bambu. Junto com a esposa passa a criar o bebê, que cresce rapidamente e passa a ser uma jovem de beleza ímpar, cobiçada por ricos nobres e até pelo próprio rei. Mas a Princesa Kaguya (este é o seu nome) se sente deslocada e aprisionada no ambiente suntuoso que seus pais a colocaram e não deseja riqueza ou casamento arranjado por interesse, ela quer a liberdade e a vida simples do campo e poder escolher o amor de sua vida. Para isso Kaguya terá que enfrentar seus próprios medos e assumir as consequências de suas escolhas.
Esta fábula com uma história mágica, de beleza visual ímpar, com momentos melancólicos, outros de leveza cativante, uma obra de arte admirável que prende a atenção dos adultos, levando à reflexão. E o final é de uma grandeza inebriante, o que pode acontecer a esta princesa que veio de outro mundo, para se adaptar a regras sociais impostas pela sociedade?
Animação mais para o público adulto que através de um desenho primoroso nos leva a refletir sobre o valor da felicidade, da família, das escolhas e consequências das ações. Do valor da liberdade individual e da injustiça e desigualdade social. No mundo atual da tecnologia e do progresso, este filme infantil tem o poder de trazer a infância ao adulto.
Marcia Bessa é enfermeira e escreve para o ótimo blog de cinema CineAmado