Segunda Chance
Direção da conceituada cineasta Susanne Bier, o filme Segunda Chance (Dinamarca) é um drama policial com suspense, com uma trama intensa e bem desenvolvida.
Por Marcia Bessa
Filme tenso, sombrio, delineado pela tristeza no foco das questões, e isto se evidencia no olhar dos participantes. Bom roteiro e fotografia, onde o mar acinzentado e o emaranhado dos galhos das árvores dão um ar nostálgico, e a trilha sonora complementa a melancolia presente no drama.
Trágico e tenso, principalmente nas cenas que envolvem os bebês, cheio de reviravoltas focadas nas questões éticas e sociais que prendem a atenção da plateia.
O policial Andreas (Nikolaj Coster-Waldan) é um homem focado na recuperação de sua esposa Anna (Maria Bonnevie) e do seu filho recém-nascido, e demonstra um amor e carinho especial por ambos. Em uma de suas batidas em brigas domésticas, encontra o traficante Tristan (Nikolaj Lie Kaas) que vive com sua mulher Sanne (Lykke May Andersen) em ambiente promíscuo. Ao encontrar um bebê todo sujo e mal cuidado, Andreas tenta de todas as formas tirar esta criança do convívio desses pais irresponsáveis e viciados em drogas.
Inconformado com esta situação e obcecado por esta ideia, a vida de Andreas vai virar de cabeça para baixo a partir de situações inesperadas e pelas atitudes que ele tomará. É justo Andreas arcar com as consequências de seus atos impulsivos mesmo quebrando a ética e os valores que moldam a sua profissão?
Os atores têm uma ótima performance neste filme, em especial o protagonista Nikolaj Coster-Waldan com um desempenho admirável. Sentimos a sua tormenta, a desilusão, angústia no olhar, a dúvida sobre os seus atos e seus reais valores.
Drama policial que fala de responsabilidade e conceitos ético-sociais, ainda mais quando essas questões envolvem lares desequilibrados e crianças neste ambiente hostil. Essas questões são focadas de forma que o público reflita sobre suas próprias reações diante de certas situações. Afinal, existe o certo e o errado ou depende do olhar e do ângulo das ações? será que certas ações podem ter um significado maior, que nos leve a dúvida se realmente a pessoa está certa ao tentar fazer justiça com suas próprias mãos, deixando a ética e a moral de lado?
Afinal, quem somos nós para julgar os atos de alguém em situação de desespero?
Marcia Amado Bessa é enfermeira e editora do ótimo blog Cine Amado