Em episódio marcado por palhaçadas dos técnicos, cantora se destaca por conta de uma marcante apresentação no final
Por Luis Fernando Pereira
Logo na primeira audição do segundo episódio do The Voice Brasil 3, quando a candidata Twyla cantou freneticamente a canção Chain of Fools, Carlinhos Brown estava prestes a argumentar algo, quando Lulu Santos o interrompeu, aproveitou a primeira palavra saída da boca de Brown (a palavra hoje) e emendou “… é um novo dia, de um novo tempo, que começou”. Esse tipo de sacada infantil de Lulu Santos acontece por conta de uma aparente falta de capacidade dos técnicos em entreter de forma mais digna o público. A situação estava tão bagunçada que (brincando ou não) o apresentador Tiago Leifert teve que intervir e colocar uma mínima ordem ao programa.
Ainda assim, mesmo com essas situações de vergonha alheia, o segundo episódio trouxe novamente bons candidatos e de bônus tivemos uma marcante apresentação de Claudia Leitte no final do programa da última quinta-feira.
Logo de cara vimos Twyla virar duas cadeiras por causa de um estridente grito, mostrando que os critérios utilizados por alguns técnicos por vezes soa confuso demais. Depois as outras duas cadeiras também viraram. Ela tem um potencial interessante, atitude de sobra e por isso pode ser uma grande adição ao programa, e para a equipe de Lulu Santos.
Assista ao segundo episódio da terceira temporada
Depois tivemos uma dupla sertaneja, Danilo Reis e Rafael, cantando Sinônimos, de Zé Ramalho. Os técnicos automaticamente olham para Daniel, mostrando que o único gênero musical no The Voice Brasil que faz essa associação automática do cantor com o técnico é o sertanejo. Qualquer outro ritmo que se cante pode casar bem com os técnicos igualmente. E não venham me dizer que o rock está ali representado pelo Lulu Santos, pois o diálogo que seu trabalho faz com o rock é tão frágil quanto um cristal. Voltando à dupla, novamente quatro cadeiras viraram e eles, de modo coerente, escolheram Daniel.
A terceira candidata, Isadora Moraes, cantou At Last, clássico da música americana na voz de Etta James. Com bela voz, uma boa técnica vocal e também bonita, sua apresentação careceu somente de emoção, a real emoção que um cantor possui quando acredita nas palavras que saem de sua boca. Lulu Santos foi o único que virou a cadeira e Claudia Leitte a única que argumentou do porque não virara. E a sua razão foi justamente esta já citada, provando que a cantora por muitas vezes consegue analisar de modo coerente os candidatos.
Se faltou emoção para Isadora, sobrou para a candidata Letícia Pedroza, que cantou lindamente a música Telefone, de Tim Maia. Uma apresentação com muitas sutilezas vocais e até mesmos os seus gritos foram usados de forma contida, sem muitos exageros. Carlinhos Brown foi o único que virou a cadeira para ela e acertou em cheio na escolha.
A candidata seguinte, a americana radicada na Bahia Princess La Tremenda, cantou uma das canções mais saturadas de todos os tempos, I say a little prayer, e chamou atenção de Brown. No The Voice Estados Unidos a cantora provavelmente não teria chances, já que seu timbre e sua escolha musical se encontram em todos os quatro cantos do país. Mas aqui no Brasil acabou se destacando, pela voz e pela história de vida, um tanto exótica.
Edu Camargo entrou no palco e entrou para a história do programa, sendo o primeiro candidato deficiente visual a tentar a sorte na fase de audições. Sua interpretação de Eu preciso te esquecer, de Claudia Telles, foi, apesar de um problema aqui, outro ali, bastante emocionante, sobretudo na parte final, quando surge o refrão da famosa canção. Depois de muita conversa fiada, e desnecessária, dos técnicos, o candidato escolheu Lulu Santos para trabalhar com ele.
A bela Mariana Mira cantou Karma (de Joss Stone) e demorou um pouco para decolar na apresentação, que começou com um aparente nervosismo, mas que foi melhorando pouco a pouco e já na parte final ela se encontrou mais na melodia, fazendo Lulu Santos virar a cadeira nos últimos segundos da apresentação. Já o sambista Romero Ribeiro começou a sua interpretação para Deixa Acontecer (do grupo Revelação) de modo bem arriscado, deixando o público completar a frase que abre a canção. Para a sua sorte ele conseguiu desenvolver, com bastante classe até, o trabalho de melodia e mostrou ser um interessante represente do gênero no programa.
Já mais para o final das apresentações tivemos Amarildo Fire, candidato que diretamente ou indiretamente já trabalhou com três dos quatro técnicos. Relevemos por enquanto, até porque sua interpretação de Tantinho, canção composta por Carlinhos Brow, foi bem executada e até mesmo gostosa de se ouvir. Como não podia deixar de ser, foi para a equipe de Brown. E por último a dupla Kiko e Jeane, também de Salvador (muitos candidatos da capital baiana), que cantaram Meu Universo é Você, clássico do Roupa Nova, numa apresentação que por vezes parecia saída de um desses shows do Calcinha Preta, ou algum outro representante do gênero forró pop romântico (?). E não, isso não tem conotação negativa. Brown e Daniel viraram as cadeiras e eles escolheram Daniel.
O programa acaba, mas ainda temos uma apresentação final, da baiana Claudia Leitte, que cantou It Hurt so Bad, música de Susan Tedeschi. A apresentação, que dividiu opiniões nas redes sociais, foi carregada de ousadia, tanto na perfomance quanto no trabalho vocal implementado por ela. Podem chamá-la do for, mas devemos admitir que a cantora não possui medo algum de se arriscar nas suas escolhas profissionais. Essa é uma das maiores qualidades das grandes estrelas da música, e muito provavelmente por conta disso também que ela seja tão famosa Brasil afora. Mesmo já tendo visto a cantora se arriscando em interpretações diferentes, esta da última quinta-feira talvez tenha sido a mais marcante de todas.