Luis Miranda no Risadaria
Um bom festival, uma ótima ideia e, acima de tudo, ótimos humoristas, que certamente deixaram o fim de semana do baiano mais divertido
Texto original publicado no site Feminino e Além
Por Luis Fernando Pereira
O stand up, termo já conhecido no Brasil, tem como ideia fazer humor da forma mais básica possível: um palco, um comediante, um microfone. Surgido nos Estados Unidos, país que domina o gênero, ele chegou ao país nos anos 1990, mas se popularizou mesmo nos anos 2000. Grandes nomes surgiram a partir de então, e alguns destes estiveram em Salvador neste fim de semana para apresentar uma versão pocket do Festival Risadaria, no Teatro Castro Alves.
O festival, criado em São Paulo por Paulo Bonfá (que ficou famoso com seus programas na finada MTV Brasil), conquistou enorme sucesso em sua versão mais completa, que engloba não somente o stand up, mas também fotografia, música, artes cênicas e muitas outras perspectivas. Do cast que se apresentou na capital baiana, dois nomes se destacam: Luis Miranda e Marco Luque.
O primeiro, Luis Miranda, é baiano e ganhou não somente fama, mas principalmente admiração, ao apresentar seu ótimo espetáculo 7 Conto Brasil afora. Foram incontáveis as vezes que Luis teve que se apresentar em Salvador, tamanho o sucesso de seu modo peculiar de fazer humor, que trabalha personagens de cunho popular, criando uma identificação imediata do público com os seus textos.
Luis, que se apresentou somente no sábado, possui um acervo de personagens já marcantes, como o guardador de carros Queixada, Dona Edite, MC Dollar, Detona, e também a socialite Sheila e a Vovó Arminda. Poucos humoristas no país possuem um acervo tão rico.
Já Marco Luque vem de outra escola, com uma influência maior do stand up americano, de programas como o Saturday Night Live, que chegou a ter uma versão brasileira (horrível) comandada por Rafinha Bastos. Marco consegue ficar parado e somente com sua linha de raciocínio, deixar o público em êxtase, tamanha é a sua capacidade de produzir bons textos.
Não que ele não consiga criar personagens, muito pelo contrário, pois ele foi revelado para o mundo justamente por conta do inesquecível motoboy Jackson Five, seu maior legado no humor, podem ter certeza.
Salvador
A versão baiana do festival trouxe, além dos dois humoristas mais conhecidos, figuras como Rodrigo Fernandes, Marcos Casuo e Victor Sarro.
As apresentações aconteceram no tradicional Teatro Castro Alves, provando que este tipo de humor já deixou faz muito tempo a cena alternativa das grandes cidades e agora fazem parte do mainstream cultural. Nomes como Fábio Porchat e Danilo Gentili também já apresentaram seus espetáculos no TCA.
Um bom festival, uma ótima ideia e, acima de tudo, ótimos humoristas, que certamente deixaram o fim de semana do baiano mais divertido.
Luis Fernando Pereira é crítico cultural e editor/administrador do site