1917
1917: Bem mais do que apenas um perfume visual, plano sequência de 1917 coloca a audiência em uma imersão emocional e física dentro do terror das trincheiras da Primeira Guerra Mundial
Por João Paulo Barreto
Na proposta de um filme que tem um longo plano sequência como atrativo principal para seu desenvolvimento, há um risco de tal virtuosismo tomar na obra um lugar intelectualmente pretensioso e, em consequência disso, frágil. Isso por conta de um claro disfarçar suas falhas narrativas e do aprofundar de seus personagens devido a uma suposta qualidade (técnica e dramática) oriunda unicamente do seu modo de captação de imagens. Felizmente, esse medo que tive até pouco antes de iniciar a sessão de 1917 ficou para trás logo no primeiro ato do épico de guerra dirigido por Sam Mendes.
O cineasta por trás das duas últimas aventuras de James Bond e do jovem clássico Beleza Americana desenvolve, aqui, uma estrutura de aprofundamento de seus dois personagens centrais que deixa de lado qualquer receio do espectador diante de uma decepção vinda da possibilidade de um filme cujo citado virtuosismo visual seja apenas (e nada mais) o que a obra tem a oferecer.
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Os dois protagonistas citados são companheiros de guerra, cabo Blake (Dean-Charles Chapman, de Game of Thrones) e o cabo Schofield (George MacKay, de Capitão Fantástico). Em sua opção de desenvolver a cumplicidade entre ambos, o roteiro de Mendes e Krysty Wilson-Cairns utiliza o aspecto familiar de suas relações afetivas não como uma simples muleta dramática e motivacional, comum a diversos filmes de guerra que têm nas raízes fraternas de seus personagens uma ponte emocional para com o público, mas, sim, como uma lembrança do que está verdadeiramente em risco naquele pesadelo. Quando vemos, por exemplo, Blake tentar ajudar um inimigo em chamas, trata-se do evitar da perda de uma humanidade oriunda de sua relação familiar e fraterna, algo que se percebe como algo a ser evitado. Mesmo que, em tal ingenuidade, um erro fatal seja cometido… Continua a leitura