Crítica

Crítica: “A Gente”, o novo documentário do diretor Aly Muritiba

“A Gente”

“Ao espectador, fica a percepção de que a ideia quantitativa de pessoas atrás das grades rege todo o interesse comercial daquela forma de lucro”

Por João Paulo Barreto

Há um labirinto tanto físico, feito de paredes concretas, quanto um feito de burocracias que, apesar de imateriais, aprisionam do mesmo modo os personagens de A Gente, novo documentário do diretor Aly Muritiba. Nestes dois labirintos, co-habitam presos e agentes penitenciários, estes últimos, foco principal da lente do cineasta nesta terceira parte da trilogia do cárcere, iniciada pelos curtas A Fábrica e Pátio. Dentre estes agentes está Jefferson Walkiu, um dos coordenadores internos de um presídio em Curitiba. Observar a postura de Walkiu diante dos problemas que lhe são apresentados em sua rotina de trabalho é observar a desfragmentação contínua de um homem em cinco atos, que Muritiba insere na tela representados por códigos radiofônicos.

A câmera segue o agente Walkiu por estes corredores labirínticos. Mostra seus diálogos com os presos, focando sempre na imagem dele e dos outros profissionais. A voz dos presos é ouvida, mas o direcionamento está na relação dos funcionários diante dos desafios daquele dia a dia. Enquanto segue em sua abordagem de diálogo com os detentos, Walkiu esbarra nas limitações de um sistema carcerário que foca no lucro em detrimento de qualquer suposta função de ressocialização.

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