Crítica

Crítica Boa Noite, Mamãe: da sutileza ao espetáculo de sadismo e tortura

Boa Noite Mamãe

“Com atuações convincentes dos dois jovens atores, é uma pena que a reviravolta no roteiro já não tenha tanto impacto junto ao público”

Por João Paulo Barreto

Boa Noite, Mamãe, longa metragem austríaco de 2014 que chega agora aos cinemas brasileiros, até consegue criar um incômodo clima de tensão na história dos gêmeos Lukas e Elias, que, após receberem a mãe em casa depois da mesma sofrer um acidente de carro que a deixou com sequelas e bandagens no rosto, passam a desconfiar se aquela é mesmo a progenitora deles.

O longa, escrito e dirigido pela dupla austríaca Severin Fiala e Veronika Franz, desenvolve de modo intenso uma atmosfera de suspense, levando o espectador para nuances entre o sobrenatural e o terror meramente psicológico. Contribui bastante o uso de um cenário extremamente hermético (no caso, a casa onde os dois garotos vivem e mãe convalesce), com tons pastel e pouco acolhedor para um lar no qual duas crianças moram. Além disso, colabora para tal desconforto sensorial inserções de passeios feitos pela suposta mãe do garoto, que entra em algo semelhante a um transe durante a caminhada.

Tal opção no desenvolver do longa acerta pelo envolvimento desconfortável no qual o espectador se vê, uma vez que boa parte da trama é desenhada pela dúvida acerca de quem seria, realmente, a pessoa por trás daquelas bandagens a cobrir o rosto da mulher. E o filme consegue criar momentos de real pavor em torno deste tema, como quando a vemos remover parte dos curativos em frente ao espelho (momento testemunhado pelo menino Elias) ou quando suas caminhadas parecem, de fato, levar a um transe…

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