Deadpool
“É um filme cujo grande acerto é o de não se levar a sério. Mesmo que em certo momento essas piadas cansem um pouco (como quando o protagonista empurra a câmera), o resultado final da obra não chega a ser comprometido”
Por João Paulo Barreto
Desde seus créditos iniciais, percebe-se uma proposta diferenciada para Deadpool, adaptação dos quadrinhos do personagem mais anárquico da Marvel Comics. Ao invés dos nomes dos produtores, atores, roteiristas e diretor, uma descrição nonsense e chula de cada indivíduo é feita. “Uma garota gostosa”, “um vilão com sotaque britânico”, “roteiristas: estes, sim, os verdadeiros heróis aqui” e “um diretor que se acha”. Sim, desde o começo, sabemos que não vamos presenciar um filme comum, mas um exemplo louvável de como adaptar para o cinema toda a comédia encontrada nas páginas de seu material original.
Na história, o “fazedor de serviços sujos” Wade Wilson descobre que tem câncer terminal e recebe uma proposta de um grupo de cientistas para se submeter a um doloroso experimento que, supostamente, vai ativar a mutação em suas células. A cura virá, mas uma deformação como efeito colateral, juntamente a um fator de cura e superforça, também. Na busca pelo indivíduo que o curou, mas não sem antes de fazê-lo sofrer e lhe dar a esperança de que poderia lhe devolver sua aparência anterior, Deadpool tem a desculpa certa para destilar sua ironia e humor doentio em cada frame. E, claro, há a busca pelo salvamento da não tão ingênua mocinha.
Levando ao extremo a metalinguagem e a quebra da quarta parede, o roteiro de Paul Wernick e Rhett Reese, ambos com experiência nestes conceitos após o hilário Zumbilândia, é uma licença para que diversas piadas sejam feitas com o universo dos quadrinhos no cinema, desde citações de heróis que a produtora não tinha licença para usar (“rima com Pouverine”) a geniais perguntas do personagem principal, como quando é cogitada pelo x-man Colossus sua visita ao professor Xavier (“Stewart ou McAvoy? Essas novas linhas temporais me confundem”)…