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Crítica “Ferrugem”: um dos filmes mais lindos de 2018 Cabine Cultural

Dirigido por Aly Muritiba. Roteirizado por: Aly Muritiba, Jessica Candal. Elenco: Giovanni de Lorenzi, Tifanny Dopke, Enrique Diaz, Clarissa Kiste, Igor Augustho, Duda Azevedo, Pedro Inoue

Aly Muritiba, o diretor brasileiro que ficou mais conhecido pelo seu longa-metragem Para Minha Amada Morta (2015), retorna às telas do cinema com a estréia de seu mais novo filme Ferrugem, o qual recentemente fora laureado com os prêmios Kikito nas categorias de melhor filme, melhor desenho de som e melhor roteiro no Festival de Gramado de 2018. Na trama, a adolescente Tati (Dopke) se vê alvo de bullying entre os colegas da escola após um vídeo íntimo seu com seu ex-namorado se tornar público, por meio do aplicativo do WhatsApp.

Atualmente, há uma grande taxa de suicídio nesta faixa etária retratada, principalmente com a divulgação dos grupos como o Baleia Azul, que se aproveitam da vulnerabilidade das pressões que os jovens sofrem na idade para serem aceitos no ambiente em que convivem. Esse inferno virtual que experimenta a protagonista, portanto, se torna o pano de fundo para o roteiro se aprofundar nas causas e consequencias dessa conduta, cada vez mais comum e presente na vida das novas gerações.

Dividida em duas partes, a primeira se dedica em focar na perspectiva da vítima, quando ela descobre que está sendo motivo de chacota em razão das imagens compartilhadas. Já Muritiba, por sua vez, nunca deixa de aproveitar os espaços para trabalhar a mise-en-scène e ressaltar esses mesmos sentimentos, como por exemplo, a redução da profundidade de campo que foca em Tati na solidão dos corredores do colégio, apenas para segundos depois se ver rodeada de centenas de colegas desfocados que aumentam a sensação de claustrofobia da personagem; ou então as grades de um ginásio e janelas com detalhes que se assemelham à prisão emocional em que ela se encontra. Da mesma forma, a direção de fotografia faz essa transição de tons em neon coloridos, exaltando o vermelho, roxo e azul para simbolizar esse mundo inocente da adolescência até que, gradativamente, a paleta assume tons mais sombrios e realistas… Continua a leitura

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