Fúria
Mais recente filme do icônico ator é recheado de cenas de ação, numa trama que envolve vingança e a já saturada máfia russa
Fúria (Tokarev) é mais um daqueles filmes de ação que convoca alguma máfia ou gangue de traficantes para rechear a trama com brigas, tiroteios e mortes. Normalmente são projetos de qualidades duvidosas e com estrelas decadentes ou simplesmente atores que nunca chegaram a aspirar algum sucesso em Hollywood. Este aqui, entretanto, possui uma particularidade: sua estrela é ninguém menos que o icônico Nicolas Cage.
Cage é uma das figuras mais emblemáticas do cinema americano, sobretudo pela sua capacidade de se envolver em filmes ruins, com roteiros pífios e atuações desastrosas. Ele, no entanto, também consegue estrelar pérolas do cinema, como Despedida em Las Vegas e filmes até interessantes, como 60 Segundos, Vício Frenético, O Senhor das Armas, ou 8 Milímetros. Fúria, seu mais novo filme, infelizmente não pode ser colocado neste grupo de bons filmes, mas também não merece tanta execração
História
Na trama, Paul Maguire (Nicolas Cage), é um homem de família que conseguiu deixar para trás um passado criminoso. Casado com uma bela esposa (a realmente bela Rachel Nichols, de Star Trek) e com filha adolescente Caitlin (Aubrey Peeples), ele parece finalmente ter conquistado a paz em sua vida. Entretanto, quando sua filha é brutalmente assassinada, Paul decide trazer de volta o seu passado e decide partir em uma busca por vingança com as próprias mãos.
Sim, a história é clichê, o roteiro é preguiçoso e as atuações são questionáveis; mas estes elementos, dependendo do que o espectador espera ao entrar em uma sessão do filme, podem tranquilamente passar despercebidos. Isso porque a trama entrega boas cenas de ação (a perseguição que acontece já na segunda parte do filme é muito intensa e bem interessante) e um desfecho que busca ao menos fugir do óbvio. Escolher finalizar a história daquela forma acaba trazendo um pouco mais de dignidade, para o personagem de Cage, e para a história.
A direção de Fúria ficou com o cineasta Paco Cabezas, que não trouxe nenhum elemento novo, nem tampouco conseguiu impor alguma identidade ao filme. A questão é que sabemos que o projeto não veio ao mundo para revolucionar os filmes de ação. Ele está ai para que as pessoas que gostam de ação, tiroteios, máfias, vingança e perseguição, se sintam contempladas quando forem pegar o guia com a programação semanal de filmes.
Fúria também promove uma participação bem especial de Danny Glover, que infelizmente tem seu talento desperdiçado ao interpretar um personagem que não carrega história alguma. Dá para pensar que sua participação no filme é consequência de algum pedido amigo de um produtor.
É interessante notar que em um filme composto quase que na sua totalidade por homens, os destaques ficam por conta da ala feminina. Aubrey Peeples, no pouco tempo que ficou em cena, convenceu bem como a adolescente inteligente e simpática, aquelas que todo mundo gostaria de ser amigo. E Rachel Nichols pode até ter tido uma atuação no mesmo nível dos demais, mas a sua beleza em cena realmente é impressionante, fazendo ao menos suas aparições serem um deleite para os olhos.
Já Cage está do mesmo jeito que esteve nos seus últimos dez projetos. Seus maneirismos, suas caras e bocas e suas frases de efeito fazem de Fúria mais um típico filme razoável estrelado por ele. Poderia ter sido infinitamente melhor, já que a premissa, que mais parece uma mistura de Sobre Meninos e Lobos com Comando para Matar, possuía um bom potencial narrativo.
Fúria é mais um filme de ação que a indústria é obrigada a despejar nos cinemas, pois há um público bem fiel para este gênero. Não é dos melhores representantes, mas também não precisa ser tão crucificado. Dá para se divertir com algumas sequências de perseguição que o filme proporciona, e principalmente: é mais uma chance de matar as saudades do incansável Nicolas Cage. Aproveitem enquanto podem.