Julieta
“É um filme que destrincha todo o impacto destrutivo, físico e emocional, que a ausência de um filho pode causar”
Por João Paulo Barreto
Em Julieta, Pedro Almodóvar retorna ao tema da perda dentro do universo feminino cujo conhecimento profundo o consagrou. Aqui, o cineasta destrincha a dor da personagem título, uma mãe cuja falta de informações acerca do desaparecimento voluntário de Antia, sua filha de dezoito anos, a atormenta.
É um filme que destrincha todo o impacto destrutivo, físico e emocional, que a ausência de um filho pode causar. Em seu roteiro, baseado no conto escrito por Alice Munro, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2013, o diretor espanhol traz para o espectador justamente isso, uma análise da perda e a forma impossível como uma pessoa consegue se recompor e seguir adiante de modo a deixar aquela ferida, apesar de aberta, incomodando o mínimo possível.
A Julieta do título é uma professora aposentada que, na inércia, parecia ao menos tocar a rotina doze anos após o desaparecimento da única filha. Ao reencontrar Beatriz, uma jovem que costumava ser amiga de Antia, saber que a mesma reencontrou a garota e que esta já tem três filhos e segue a vida distante e bem, os poucos vestígios de equilíbrio emocional que Julieta parecia ter caem por terra.