La Vanite
No seu roteiro, Baier cria perguntas pertinentes sobre o direito de cada uma possuir autonomia sobre sua própria vida
Por João Paulo Barreto
Em La Vanité, o diretor Lionel Baier propõe uma sutil, porém não menos tocante, reflexão acerca da efemeridade da morte e do modo como a escolha do momento dessa passagem deve recair unicamente no próprio individuo diretamente afetado por aquele fato. É um filme que, apesar de abordar um tema de tamanho peso como a eutanásia, consegue fazê-lo de forma muito delicada e dotado de um humor que se faz presente sem a necessidade de apelar para histrionismo ou piadas fora de timing. E na escolha teatral de situar seus personagens em cena, somando a isso os enquadramentos exatos dos cenários e elementos em quadro, a obra prima por uma elegância notável.
Na história, David Miller (Lapp), um senhor de 70 anos com câncer, decide procurar uma agência que oferece serviços de eutanásia. Ao se hospedar no hotel projetado por ele e pela esposa décadas antes, aguarda pela mulher que fará o serviço (Carmem Maura no papel de Esperanza, um nome muito pertinente) e pelo filho para servir de testemunha.